“Uma lésbica não poderia hoje recusar-se a participar na votação da co-adopção”
Uma das reacções mais duras ao chumbo da co-adopção no Parlamento veio de um militante do PSD. Carlos Reis, que foi vice-presidente e director do gabinete de estudos do PSD e presidente da distrital de Lisboa do partido, apontou críticas à “hipocrisia” do CDS e à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
“O CDS mete-me nojo e causa-me escândalo moral. A hipocrisia de um Partido Político que é liderado por um homossexual mas que vota a favor da continuidade da discriminação de famílias e da orfandade forçada de crianças ultrapassa a minha capacidade de verbalização”, escreveu Carlos Reis no seu perfil de Facebook. O mesmo responsável também criticou a segunda figura do Estado Português. “Também me causa repulsa o papel ignóbil da Presidente Assunção Esteves: uma lésbica não poderia hoje recusar-se a participar naquela votação”, refere a propósito da parlamentar eleita pelas listas do PSD e agora presidente da Assembleia da República. A presidente do Parlamento pode votar, apesar raramente exercer esse direito. Assunção Esteves e o líder do CDS Paulo Portas nunca disseram em público qual a sua orientação sexual.
Carlos Reis apontou ainda o dedo às duas deputadas do PSD que alteraram o seu sentido de voto entre a votação na generalidade e nesta sexta-feira. “Mostraram serem mulheres sem coluna vertebral e sem consciência”, considera.
A co-adopção foi chumbada com 112 votos contra de deputados do PSD e do CDS.
O jurista foi o autor do artigo “Carta aberta ao presidente da JSD e seus compagnons de route”, publicado no Público, onde condenava a posição da juventude do PSD sobre a proposta da realização do referendo à adopção e à co-adopção e que teve grande repercussão dentro do partido.