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1ª Marcha de Visibilidade Trans do Porto: o manifesto, as reivindicações e as fotos 

visibilidade trans

Foi sob o lema «Não é ideologia, não é patologia, fim à transfobia, DIREITOS TRANS JÁ» que mais de 500 pessoas percorreram ontem pelas ruas do Porto. Dezassete anos depois do assassinato de Gisberta, realizou-se ontem a edição inaugural de uma marcha pela visibilidade, pela voz e pelo «lugar na cidade e na sociedade» das pessoas trans. 

 

A concentração foi marcada para as 18h de sexta-feira na praça dos Poveiros, no centro do Porto. Cerca de uma hora depois, a placa central da praça estava repleta de gente em torno das faixas que foram envergadas na 1ª Marcha de Visibilidade Trans da cidade. Na organização do evento estiveram A Traça, rede ex aequo, Blergh, União Libertária, TRANSformarPortugal, e Associação Anémona

A marcha seguiu pelas ruas Passos Manuel, Santa Catarina e Sá da Bandeira, terminando na praça D. João I. Os participantes percorreram a baixa portuense na hora de maior movimento de trânsito e de gente. As bandeiras e os cartazes interpelavam quem assistia nos passeios, nas lojas ou nas janelas. Com a ajuda dos megafones, as palavras de ordem irromperam por portas e atravessaram paredes: A nossa luta… É todo o dia! Contra o fascismo, racismo e transfobia; O corpo não-binário é revolucionário; Este cis-tema não é o nosso lema; LGBT+ sem o T, não tem jeito, nem porquê!; A gente vê a gente sente, o corpo trans está presente!, entre outras.

Se a estimativa avançada pelo Jornal de Notícias aponta para o meio milhar de participantes, diremos antes que nos pareceu bem mais gente, pelo menos o dobro desse número. Nas escadas da praça D. João I, os representantes de cada grupo tomaram o microfone para lerem os manifestos e reivindicações. Aqui ficam o texto distribuído no início da marcha:

 

MANIFESTO

Foi em 2006 que o assassinato de Gisberta catalisou a organização e mobilização das comunidades LGBTI+ na cidade do Porto. No entanto, 17 anos depois, os episódios de violência transfóbica continuam a existir, as ruas da cidade ainda não são seguras. Por isso, a população trans e aliades sai hoje à rua, pela primeira vez, para marchas nas ruas no Porto. Marchamos para reivindicar o nosso lugar na cidade e na sociedade, para mostrar que estamos aqui, existimos, temos voz, e queremos fazê-la ouvir! 

Marchamos para reivindicar os direitos que ainda nos são negados e condicionados.

Marchamos porque somos riques em diversidade, porque vimos de diferentes contextos culturais e sociais. Exigimos respeito por todas as identidades e vivências de género, independentemente do quão se alinham com conceções de género ditas “tradicionais”, baseadas na imposição de uma mentalidade colonialista e centrada em ideias católicas, racistas, capitalistas, ciscêntricas e heterocêntricas. Exigimos respeito para as Travesti, para as mulheres masculinas, para os homens femininos, para pessoas que quebram com as conceções tradicionais de género, para as pessoas que se recusam a encaixar em ideias binárias, para as pessoas que escolhem não se encaixar. Exigimos o direito à diversidade, à complexidade, à ambiguidade.

Exigimos o direito de sermos quem somos, livres de imposições externas

 

REIVINDICAÇÕES

  • Reconhecimento legal das identidades não-binárias
  • Publicação das normas técnicas e clínicas pela DGS para o acompanhamento de utentes trans
  • Serviços de saúde trans menos saturados, com menos listas de espera e com mais respostas
  • Acesso a cuidados de saúde trans, independentemente da idade
  • Criminalização das “terapias” de conversão
  • Reforço das respostas de apoio à vítima, atendendo à especificidade da realidade trans
  • Linguagem mais inclusiva na redação das leis de forma a incluir toda a diversidade dos corpos trans
  • Educação sexual mais inclusiva lecionada por um corpo docente informado

 

Não é ideologia, não é patologia, fim à transfobia, DIREITOS TRANS JÁ!

 

 

 

Pedro Leitão