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Os prémios LGBT mais completos do país estão de volta. Temos distinções para todos, até para os piores. Aqui fica o resumo do ano que agora termina, em mais uma edição dos Prémios dezanove. São estes os vencedores:

Acontecimento Nacional do Ano - Caso Colégio Mili

O caso Colégio Militar foi uma autêntica novela. Tudo começou com a reportagem “A vida no Colégio Militar: 'Parece um Big Brother'”, da autoria de Catarina Marques Rodrigues, publicada no Observador a 1 de Abril. A dado momento, o tenente coronel António Grilo (à data sub-director da instituição) reconhecia práticas discriminatórias a alunos homossexuais no Colégio. José Azeredo Lopes, ministro da Defesa, que tutela a escola, pediu esclarecimentos sobre assunto, o que levou alguns sectores militares a exigirem a sua demissão. No entanto, quem acabou por sair foi o Chefe do Estado-Maior do Exército. Em Setembro foi aprovado e homologado o novo regulamento do Colégio Militar que deixa claro que os alunos não podem ser discriminados em razão da orientação sexual, saúde e identidade de género.

Acontecimento Internacional do Ano - Massacre de O

Na madrugada de 12 de Junho, pelas 2h02 (hora local), Omar Mateen, 29 anos, entrou na discoteca Pulse, em Orlando (EUA), e disparou sobre a multidão que se divertia. Morreram 50 pessoas, incluindo o assassino, e ficaram feridas outras 53. É o tiroteio mais mortífero da história dos EUA e um acto terrorista que tinha a comunidade LGBTI como alvo.

Personalidade Nacional - Frederico Lourenço copy.

O escritor, tradutor e professor universitário Frederico Lourenço foi o vencedor do Prémio Pessoa 2016, que distingue personalidades de nacionalidade portuguesa das áreas cultural, literária, científica, artística ou jurídica. Casado e assumidamente homossexual Frederico Lourenço publicou uma nova tradução dos quatro evangelhos do Novo Testamento, a partir do original em grego. Seguir-se-ão mais cinco livros com as restantes escrituras do Novo e Velho Testamento. A tradução serviu para relançar na sociedade portuguesa o debate sobre as Sagradas Escrituras, dinamizado por uma pessoa que, nas várias intervenções públicas, não tem qualquer problema em referir a sua identidade sexual.

Personalidade Internacional do Ano - Justin Trudea

Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, fez história ao participar na marcha do Orgulho LGBT de Toronto, que decorreu a 3 de Julho. Foi o primeiro chefe de governo a marcar presença numa marcha no Canadá e fez-se acompanhar por Kathleen Wynne, governadora de Ontário, que em 2013 se tornou na primeira mulher e na primeira política assumidamente lésbica a ser eleita para esse cargo. Pela primeira vez na história daquele país içou a bandeira do Orgulho LGBT na colina do parlamento canadiano, na presença de deputados de todos os partidos e com uma audiência de milhares de pessoas, que acompanhavam o momento em directo pelas redes sociais. Apresentou um projecto de lei para proteger os direitos das pessoas transgénero e posou para uma foto junto de uma família gay com duas bebés recém-nascidas. A diplomacia canadiana está também a usar as questões LGBT para promover a diversidade do país, como foi o caso da vinda do atleta olímpico gay John Fennel a Portugal

Político do Ano - Ministro da Defesa Azeredo Lope

O ministro Azeredo Lopes destacou-se pela exemplaridade com que lidou com a questão do Colégio Militar, que implicou afrontar as hierarquias militares e a homofobia institucionalizada nas forças armadas. Uma simples frase emitida em comunicado teve consequências: "O Ministério da Defesa Nacional considera absolutamente inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei" A tentativa de ocultação de práticas discriminatórias continuadas naquela instituição custou o lugar a um Chefe do Estado-Maior do Exército e demonstrou que há cada vez menos lugar para a homofobia nas forças armadas.  

Casal Nacional do Ano - Mariana de Carvalho (MCDJ)

A visibilidade lésbica ainda parece uma miragem em Portugal, mas Mariana de Carvalho e Luma Amorim dão a cara. O casal participou na série “Já Melhorou”, protagonizou o primeiro beijo entre duas mulheres num genérico de uma telenovela portuguesa, além se terem sido convidadas para festas nacionais e internacionais enquanto Sindykatz e +para participar em artigos de revistas de tiragem nacional. 

Casal Internacional do Ano - Ricky Martin e Jwan Y

Apesar da visibilidade LGBT ser cada vez maior no seio da sociedade e aparecerem diariamente histórias de amor entre indivíduos do mesmo sexo, ainda são poucas as figuras públicas que dão a cara pela visibilidade do seu amor. No entanto, Enrique Martín Morales, mais conhecido como Ricky Martin, um já bem conhecido por todos nós como cantor, actor e compositor porto-riquenho, assumiu o seu namoro com Jwan Yosef, um artista plástico sueco nascido na Síria. Apareceram de mãos dadas na gala da amfAR, The Foundation for AIDS Research, em São Paulo, Brasil. Esta organização sem fins lucrativos realiza eventos para angariação de fundos para o combate ao VIH. O noivado foi anunciado por ambos a 16 de Novembro no programa norte-americano "The Ellen Show".

Instituição do Ano - Embaixada dos EUA em Lisboa

A diplomacia norte-americana é um exemplo de como os direitos LGBTI devem ser promovidos no estrangeiro. Em Portugal, a Embaixada já promovia o hastear da bandeira do arco-íris, em Junho, a propósito do Orgulho LGBT. Este ano, por causa do massacre de Orlando, o embaixador Robert A. Sherman, desdobrou-se pelos vários momentos de homenagem às vítimas, como a Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa, acompanhado por outros diplomatas, na sessão de abertura do festival Queer Lisboa ou até num artigo de opinião publicado no dezanove.pt.

Frase do Ano - Maria José Vilaça copy.jpg

A infeliz frase serviu para que o país e a Ordem dos Psicólogos percebessem as verdadeiras intenções da Associação dos Psicólogos Católicos, dirigida por Maria José Vilaça. Passada a espuma da polémica, alguma coisa mudou?

Coming Out do Ano - Rui Maria Pêgo copy.jpg

Não foi um simples coming out. Rui Maria Pêgo chamou a atenção de parte de uma sociedade meia amorfa perante o caso de Orlando e respondeu a outra parte da sociedade que tinha mostrado a pior homofobia que estava nas suas entranhas/sarjetas/caixas de comentários online. Rui Maria Pêgo escolheu um meio simples para, através do seu coming out, dar força e alento às pessoas LGBTI: um post no Facebook.

Actisvistas do Ano - Mulheres do Colectivo Zanele

São uma verdadeira força da natureza e activistas de viva voz que sentem na pele o que falam e pelo que lutam. Arrebataram a multidão no dia da Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa com o seu discurso poderosíssimo. O Colectivo Zanele Muholi reivindica mais igualdade para as mulheres negras lésbicas e bissexuais de Lisboa. Força!  

Associação do Ano - Associação Plano i copy.jp

Parece ser promissor o futuro da mais recente associação de defesa das pessoas LGBTI em Portugal, que nasceu na região do Porto. A Plano i conseguiu num ano ser uma das três beneficiadas pela subvenção estatal no valor de 37 mil euros para levar a cabo apoio a pessoas LGBTI através do Centro Gis. Lançou também um concurso de brinquedos de Natal sem discriminação

Inciativa do Ano - Bandeira do arco-íris na Câma

Em Espanha, por exemplo, o gesto é comum até nas autarquias de pequena dimensão. Mas em Portugal, pela primeira vez, foi hasteada uma bandeira do arco-íris num edifício público, a propósito do Dia Nacional Contra a Homofobia e Transfobia. Aconteceu na Câmara Municipal de Lisboa, na Praça do Município. A iniciativa foi de Paula Marques e João Afonso, vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa. A bandeira desapareceu depois da Praça do Município e voltou a ser hasteada no edifício municipal do Campo Grande.

Evento do Ano - Vigílias pelas vítimas de Orland

A convocatória nasceu nas redes sociais e foi alastrada a várias cidades portuguesas. Desta vez, não houve as tradicionais associações LGBTI por detrás da organização. Em Lisboa, juntaram-se centenas de pessoas na vigília pelas vítimas do massacre de Orlando, a 15 de Junho, na praça da Figueira. Foi uma verdadeira homenagem, onde se viam mensagens como "Não nos calarão", "Somos Orlando", "Liberdade para todas as bichezas", "Love will never die". Na capital, a vigília foi organizada por Patrícia Vassalo e Silva e Lorena Oliveira. A fechar o evento, houve uma actuação do coro  CoLeGaS.

Espectáculo do Ano - Zululuzu  copy.jpg

Sob a máxima “Deus queer, a bicha sonha, o show nasce" estreou em 2016 o mais kitsch e hiper-referencial espectáculo do colectivo lisboeta Teatro Praga. Como André Teodósio (co-autor do espectáculo, com Pedro Penim e José Maria Vieira Mendes) explicou ao Observador, Zululuzu "começou com a ideia da vida e obra do Pessoa na África do Sul, mas não é nem sobre isso, nem a confirmação disso. Utilizámos recursos de pensamento do Pessoa para falar de identidade, espaço, género, história e sobre o próprio teatro enquanto disciplina.” Filosofia e transformismo (Jenny Larrue era uma das performers), excessos cenográficos em modo rizoma (o trabalho dos artistas João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira) e uma enorme diatribe contra a caixa negra, o dispositivo teatral que enclausura, expõe e enquadra mas também silencia e invisibiliza. Num ano profícuo em encenações com inspiração queer -- A Noite da Dona Luciana, de Copi, pelo Teatro do Eléctrico / Ricardo Neves-Neves, Variações, de António, de Vicente Alves do Ó ou a instalação & danceteria de André Murraças A Propósito de Variações -- o exercício crítico incessante do Teatro Praga sobre as convenções, as catalogações, a marginalidade das definições fechadas em lógicas de privilégio ou de exclusão constituiu, em si mesmo, uma celebração da alteridade e das infinitas possibilidade de ser e devir.

Noite do Ano - 50 Orlando Ouve copy.jpg

 

“50. Orlando, Ouve” foi um verdadeiro murro no estômago. A ideia era simples, mas teve uma execução extraordinária. 50 pessoas, 50 vidas, 50 histórias associadas ao massacre de Orlando, num palco imenso onde a dor se abateu sobre as 830 pessoas que enchiam a sala principal do Cinema S. Jorge. Uma a uma, 50 pessoas em palco relataram a história de cada uma das vítimas, dos seus familiares e amigos, e do próprio autor do massacre. O espectáculo mereceu uns 10 minutos de ovação, a par de muitas lágrimas de emoção. Recordar a morte e a tragédia é também viver e sobretudo, sobreviver. O mérito é de André Murraças e da equipa do Queer, que soube ceder o espaço privilegiado da noite de abertura do festival para esta apresentação.

Filme do Ano - O Ornitólogo de João Pedro Rodrig

O filme de João Pedro Rodrigues "O Ornitólogo", escrito pelo realizador e por João Rui Guerra da Mata, não é fácil de ver, de entender, perceber e, sobretudo, de gostar. Vencedor do prémio de Melhor Realização em Locarno, onde foi um forte candidato a ganhar o Leopardo de Ouro, foi um dos filmes portugueses mais aguardados do ano. É uma adaptação muito (mesmo muito) pessoal da história de Santo António num registo autográfico. Esta estranha e alegórica ode é, sem sombra de dúvida, o filme português LGBTI do ano.

Livro do Ano - O sexo inútil de Ana Zanatti copy.

Ana Zanatti conseguiu sensibilizar, mais uma vez, a sociedade portuguesa para o tema da orientação sexual nos jovens em dezenas de órgãos de comunicação social nacionais e nas apresentações que fez pelo país. “O Sexo Inútil” (edição Sextante) narra a história vivida por Joana intercalada com dezenas de testemunhos, de pais e filhos portugueses. “Trata-se de uma obra pioneira por dar a conhecer o interdito: a violência exercida no seio da família sobre rapazes e raparigas que têm a coragem de assumir a sua identidade homossexual, em meios urbanos e classes letradas, no coração da alta classe média de Lisboa e Cascais”, considerou Eduardo Pitta. "Este é um livro sobre o que de mais profundo vive no coração da condição humana”, referiu Viriato Soromenho-Marques.

Musica do Ano - Blood Drinking Bitch de Edie Läpo

Num ano vimos Edie Läpore crescer. Em Blood Drinking Bitch Edie interpretou uma “vampira sexy, obscura e predadora” numa batida que mostra que está no bom caminho para se tornar num ícone para a comunidade LGBTI portuguesa.  

Programa de TV do Ano - E se fosse consigo copy.jp

Ao longo de oito semanas, a jornalista Conceição Lino, apresentou o programa "E Se Fosse Consigo?" (SIC). Nele foram dados a conhecer temas fracturantes como o racismo, a obesidade, a violência doméstica, o bullying, a homofobia, entre outros. A 9 de Maio, o tema da homofobia mostrou um casal de rapazes a ser desrespeitado e humilhado em público por uma mulher que não aceitava que eles estivessem de mãos dadas e abraçados. "Até que ponto alguém está disposto a parar com as palavras agressivas e com a humilhação destes jovens?" Foi esta a experiência, encenada por actores, que questionou a reacção dos portugueses perante comportamentos homofóbicos. O programa mostrou ainda testemunhos de jovens LGB de vários pontos do país e uma reunião de pais da associação Amplos, que mostra como lidam com a orientação sexual dos filhos.

Vídeo do Ano - Isto é o que parece Isto é amor

Os pais e as mães, por vezes, não reagem da melhor forma quando se descobrem a orientação sexual ou identidade de género dos filhos. Foi neste contexto que nasceu a AMPLOS. A Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género decidiu lançar um vídeo que apresenta duas mulheres em manifestações claras de afecto. As duas mulheres são, na verdade, Susana e Marta, mãe e filha. Susana, a mãe, é heterossexual, Marta, a filha, é lésbica. As imagens não revelam o grau de parentesco, apenas mostram ambas a trocarem carinhos, beijos e abraços. A explicação chega através da voz off: "O amor entre mãe e filha não depende da orientação sexual ou identidade de género. É incondicional." O filme foi criado pela Winicio e produzido pela Garage, com realização de Enrique Escamilha e som do estúdio Índigo.

Média do Ano - Blog Persona Grata copy.jpg

Bruno Horta continua a desenvolver um trabalho jornalístico de referência na área LGBTI. O seu blogue Persona Grata é um veículo importante para acompanhar os temas pertinentes ligados aos direitos e cultura LGBTI em Portugal. A par de textos publicados em alguns dos principais média nacionais, Bruno Horta assina ainda outros artigos que, por vezes, causam desconforto no “establishment” queer nacional.

 

Marca do Ano - TAP copy.jpg

 

A propósito do Dia dos Namorados, a TAP criou um passatempo em que os primeiros quatro casais a dirigirem-se ao aeroporto de Lisboa e do Porto, com vestido de noiva ou fraque e com mala de viagem, embarcavam imediatamente para destinos como Paris, Londres, Amesterdão ou Madrid. No Porto, um dos casais vencedores era constituído por duas mulheres, o que fez com que a página de Facebook da marca fosse inundada por comentários homofóbicos. A TAP reagiu e eliminou os comentários homofóbicos. “A TAP cumpre a Constituição e a Lei portuguesa e não faz discriminação em função da orientação sexual”, declarou a empresa em comunicado publicado no Facebook. 

Espaço LGBT do Ano - Finalmente Club copy.jpg

 

A icónica casa nocturna de Lisboa celebrou 40 anos. Como se não bastasse ser a única discoteca LGBT aberta todos os dias da semana, apresenta diariamente um show de transformismo dirigido por Fernando Santos, sendo uma referência no meio do espectáculo. Este ano o Finalmente Club decidiu homenagear a arte do transformismo, instituindo o Troféu Finalmente - Prémio Internacional de Transformismo e Artes Cénicas. Esta primeira honra em dignificar e fazer respeitar os valores da liberdade sexual, de identidade e género coube, e bem, a Herman José

Revelação do Ano - Sarah Inês Moreira copy.jpg

 

Foi a primeira vez que Portugal esteve representado num concurso internacional de misses transexuais. Sarah Inês Moreira deu a primeira entrevista ao dezanove e, depois disso, desdobrou-se em múltiplas entrevistas para a restante imprensa nacional e programas televisivos. Foi notícia até no Euronews. Ao concorrer a Miss Trans Star Internacional, disse que queria mudar mentalidades. “Que isto seja pedagógico, é essa a minha razão para, no fundo, participar”. Sarah não ficou com o primeiro lugar, mas destacou-se por dar a cara pela luta da identidade e dignidade. 

Desilusão do Ano - Associação dos Psicólogos C

As polémicas envolvendo a Associação dos Psicólogos Católicos são cíclicas. Vários dos seus membros defendem que a homossexualidade é algo negativo e que pode até ser corrigido. Muitos católicos vêm a público demarcar-se desta organização, mas a hierarquia não se pronuncia, deixando a ideia de que a associação é um instrumento para veicular as ideias do clero católico mais reaccionário. A Ordem dos Psicólogos tarda em agir perante as várias iniciativas e declarações que põem em causa dos manuais e a credibilidade da disciplina.

 

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