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Ordem dos Psicólogos reage ao caso Maria José Vilaça (actualizada)

As declarações da psicóloga e presidente da Associação dos Psicólogos Católicos têm estado, desde este Sábado, a incendiar as redes sociais. Maria Vilaça já reagiu publicamente. Ordem dos Psicólogos (OPP) recomenda denunciar o caso ao Conselho Jurisdicional e emite comunicado considerando as declarações “sem fundamentação científica”.

No centro da polémica estão as respostas dadas por Maria José Vilaça numa entrevista à revista Família Cristã de Novembro:

”Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer.” É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom.”

Várias personalidades, entre as quais o bloguer Pedro José – que alertou para a história -, as deputadas Isabel Moreira e Elza Pais, o actor Manuel Moreira e a jornalista Joana Latino mostraram-se incrédulos e apelaram a que a Ordem dos Psicólogos actue.

Entretanto Maria José Vilaça já reagiu publicamente no Facebook:

Maria José Vilaça Psicólogos Católicos.jpgCaros amigos, corre nas redes sociais um burburinho sobre uma entrevista que eu dei a revista Família Cristã sobre o tema Ideologia de Género. Dizem que comparei a homossexualidade à toxicodependência. Por conta disso está uma grande quantidade de pessoas animadamente a insultar-me das mais variadas formas. Partilho convosco o que tenho estado a responder aos que me enviaram mensagens privadas: “Leram o texto original? O que disse é que perante um filho que tem um comportamento com o qual os pais não concordam, devem na mesma acolhê-lo e amá-lo. A toxicodependência é apenas exemplo de comportamento que por vezes leva os pais a rejeitar o filho. Não é uma comparação sobre a homossexualidade mas sobre a atitude diante dela”. Aliás a pergunta da jornalista que me entrevistou foi mesmo “O que diria a uns pais com um filho homossexual?”

A Ordem dos Psicólogos de Portugal reagiu, entretanto, online às denúncias que está a receber:

Muito obrigado pela partilha. De facto, já tínhamos sido confrontados com estas declarações, cujo processo foi imediata e internamente reencaminhado. Se desejar, poderá fazer a denúncia seguindo estes simples passos:

https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/orgaos_sociais/conselho_jurisdicional

Poderá, se assim o entender, fazer uma denúncia anónima e pedir para não ser identificado.

Muito Obrigado, mais uma vez.

OPP ordem dos psicólogos.png

Este Domingo à tarde a Ordem dos Psicólogos (OPP) emitiu um comunicado onde recordam que “os/as psicólogos/as devem observar o princípio do rigor e da independência, abstendo-se de fazer declarações falsas ou sem fundamentação científica”. A OPP confirma ter recebido dezenas de queixas nas últimas horas e sublinha que “não se revê” nas afirmações proferidas pela Dra. Maria José Vilaça. No mesmo comunicado continua a ler-se que as declarações de “apenas contrariam a defesa dos direitos humanos, da evolução e equilíbrio social, e dificultam a afirmação dos psicólogos na sociedade que tem sido prosseguida com enorme dedicação e empenho por múltiplas/os psicólogas/os”. A  Direcção da OPP reitera a informação já avançada pelo dezanove esta manhã: Os factos em causa foram comunicados ao Conselho Jurisdicional (CJ) da OPP, um órgão estatutário, independente, isento e imparcial, sendo constituído por cinco psicólogos/as eleitos pela Assembleia de Representantes da OPP e um consultor jurídico, que tem como competência zelar pelo cumprimento da Lei, do Estatuto e dos regulamentos internos, quer por parte dos órgãos, quer por parte de todos os seus membros”. 

Recorde-se que ciclicamente as Maria José Vilaça tem estado envolvida em polémica. Em 2010, Maria José Vilaça, considerava que os profissionais desta associação “têm sido ‘vítimas de preconceito’, e alguns até ‘vilmente tratados’, porque defendem a vida e defendem posições semelhantes às do Papa Bento XVI.” Em 2014, aquando da discussão da lei da co-adopção de crianças por casais do mesmo sexo Vilaça declarou “Recusa-se a complementaridade natural entre os sexos e, por isso, sobrepõe-se a filiação intencional à biológica e pretende-se desconstruir a matriz heterosexual da sociedade”. No ano passado a organização liderada por Maria José Vilaça apoiou a vinda a Portugal do psicoterapeuta norte-americano Richard Cohen que defende a terapia de conversão para homossexuais.  

 

Notícia actualizada às 20:41 com novo título e informações sobre comunicado da OPP.

4 Comentários

  • Filipe Silva

    “Defende a terapia de conversão para homossexuais.” Há de tudo! Desde quem acredita na Virgem Maria em Fátima, aos que são assassinos ou pirómomos… mas tratar a Homossexualidade… vai lá vai!

  • João Miguel Gomes Delgado

    “Leram o texto original? O que disse é que perante um filho que tem um comportamento com o qual os pais não concordam, devem na mesma acolhê-lo e amá-lo. A toxicodependência é apenas exemplo de comportamento que por vezes leva os pais a rejeitar o filho. A toxicodependência é apenas exemplo de comportamento que por vezes leva os pais a rejeitar o filho. Não é uma comparação sobre a homossexualidade mas sobre a atitude diante dela”
    Esta resposta acaba por ser tão mau ou pior que as declarações anteriores
    Nem a a homossexualidade é um um comportamento, mas sim uma orientação sexual, nem a a toxicodependência é um comportamento, mas sim uma dependência, tal como o nome diz, de substancias químicas, sendo que esta pode ser considerada patológica e pode ser tratada…

    Já agora muito parabéns a Ordem dos Psicólogos pela forma e rapidez com que reagiu a este caso

  • Sandra M. Lopes

    Felizmente parece que a Ordem dos Psicólogos se pauta por princípios deontológicos correctos. Esperemos que a sua acção, neste caso, para além da condenação pública, possa ir mais longe…

  • Maria

    Gostaram da volta ao texto na justificação de tão douta Psi?! Eu gostei. Muito! Deus me dê a pachorra que já me falta, e de que maneira! Passadas 4 décadas nesta vida, já esperava não ouvir tantos disparates, mas vá…