O Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker apontou o alemão Günther Oettinger como o novo comissário europeu pela responsável pelo Orçamento e pelos Recursos Humanos. Oettinger sucede a Kristalina Georgieva que abdicou do cargo para concorrer a Secretária-Geral da ONU.
Várias associações de defesa dos direitos humanos e pela transparência, incluindo a ILGA Europe, a Oxfam International, a Rede Europeia Anti-Racismo e a Transparência Internacional, já vieram condenar a nomeação de Günther Oettinger através de um comunicado:
“Não pensamos que o comissário Oettinger seja a pessoa adequada para supervisionar os Recursos Humanos na Comissão Europeia. O comissário Oettinger fez observações racistas, sexistas e homofóbicas em várias ocasiões no passado e mais recentemente num discurso de uma reunião oficial em Hamburgo, a 26 de Outubro. Neste momento crucial para a UE, é mais importante do que nunca ter um compromisso forte e credível da Comissão Europeia para combater a discriminação e agir em prol da igualdade para todos. O comissário responsável pelos recursos humanos deve dar o exemplo. Ele ou ela deve ter planos claros de acção para tornar a igualdade para todos uma realidade e falar contra o racismo, sexismo, xenofobia, homofobia e transfobia. De que outra forma eles poderiam inspirar os outros a fazerem o mesmo? Na nossa opinião, o comissário Oettinger não é a pessoa certa para esta tarefa”.
No passado mês de Outubro, Oettinger, actualmente comissário pelos assuntos digitais, usou da palavra durante um discurso oficial para tecer comentários racistas e homofóbicos. Oettinger, que já é conhecido pelas suas gaffes, descreveu uma delegação de empresários chineses que foram numa missão a Bruxelas como “nove homens, um partido e nenhuma democracia”, em que todos estavam “penteados com o cabelo da esquerda para a direita e sapatos pretos” posteriormente referiu-se aos mesmos como empresários “de olhos em bico”. Na mesma ocasião Oettinger criticou ainda a Alemanha por ser excessivamente generosa dizendo que não ficaria surpreso se Angela Merkel introduzisse o “casamento homossexual obrigatório”.
Oettinger é ainda criticado por falta de transparência: “90 por cento das suas reuniões são com lobistas” incluindo reuniões a bordo de aviões privados, refere o mesmo comunicado subscrito por 10 ONG que apelam ao Parlamento Europeu para que se oponha à nomeação de Oettinger para o cargo.
Oettinger saltou para as primeiras páginas dos jornais quando, em 2011, numa entrevista ao Bild sugeriu que os países com deficit excessivo vissem as bandeiras nacionais serem colocadas a meia-haste nos edifícios das instituições europeias. Na altura, ainda com Durão Barroso como presidente da Comissão, Oettinger retratou-se das suas declarações: ”A ideia de penalizar estas nações “seria apenas simbólica, mas ainda assim teria uma grande força dissuasora”.
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Um Comentário
MaxB
Em altura de eleições alemãs (das únicas que ainda importam visto todas as outras serem mera fantochada), quanto mais se apelas ao voto nacionalista melhor para esses senhores. Valida, esperam eles, ao olhos dos alemães a existência de Comissão.