Paulo Rangel foi o convidado de Daniel Oliveira no programa “Alta Definição” deste Sábado na SIC. Uma entrevista para acabar com todas as especulações.
No programa o eurodeputado do PSD decidiu revelar a sua orientação sexual: “Não é nenhum problema. Foi uma coisa que nunca escondi, não é nenhum segredo “, disse Rangel.
“A orientação sexual do Paulo Rangel não é nenhum segredo. Sempre assumi. Mas não é algo para pôr nos jornais. Nós temos de proteger a nossa família. Essas pessoas não têm de ser objecto de escrutínio. Não teria esta conversa se [os meus pais] fossem vivos, disse o eurodeputado.
“É um processo. O direito à diferença tem de passar pelo direito à indiferença” e rematou: “Gosto de ser como sou”.
O eurodeputado e provável candidato a líder do PSD revela que nunca teve uma conversa sobre homossexualidade com a família.
Deus gosta de nós como nós somos. Deus não está assim tão interessado naquilo que se passa dentro do quarto de cada um”.
A propósito de um vídeo que circulou há uns meses em que se via Paulo Rangel a cambalear aparentemente alcoolizado nas ruas de Bruxelas e de uma capa do jornal Tal & Qual com o título: “Eles querem ver Paulo Rangel a sair do armário” comentou:
“Tenho sido alvo de uma campanha difamatória”.
Na altura Rangel reagiu com uma nota pública: “Um vídeo depois de um excesso num jantar com amigos, há anos em Bruxelas, tornou-se viral. Não sei quem filmou, guardou e só agora divulgou. Deploro que o tenha feito, violando os limites da vida privada. Vida, em que como canta o Sérgio, todos temos glórias, terrores e aventuras”, escreveu.
Paulo Rangel diz que foi vivendo a descoberta da sua sexualidade como um “processo natural” e “gradual” que incluiu “descoberta, recusa e ignorância”.
Aos 32/33 anos, “as coisas pacificaram-se”. Rangel é católico e considera que “Evidentemente, Deus gosta de nós como nós somos” e “não está assim tão interessado no que se passa no quarto”.
Em 2010 Rangel concorreu à liderança do partido, perdendo para Pedro Passos Coelho. O eurodeputado não afasta uma nova candidatura.
Reacções:
Recorde-se que em 2010 Rangel era deputado da Assembleia da República tendo votado contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Miguel Vale de Almeida, na altura igualmente deputado, pelo PS, comentou no Facebook: [achei melhor não falar para uma TV sobre o suposto coming out dum dirigente do psd porque precisaria de muito tempo para falar das várias camadas de confusão e contradição no caso (confusões entre identidade e sexo, público e privado, respeito e submissão, etc.) e corria o risco de se confundir o meu geral elogio dos coming out de figuras públicas com um elogio a um protagonista político que se posicionou contra a igualdade justamente no campo da orientação sexual].
Também Paulo Côrte-Real, na altura dirigente da ILGA Portugal considerou:
“Não, Paulo Rangel:
1. não há nada de ‘discreto’ em viver *escondido*, isso chama-se armário;
2. certamente ninguém vive escondido por respeito, vive-se escondido por falta de respeito (próprio e, sobretudo para quem tem presença no espaço público, perante pares que precisam de quem @s respeite);
3. o que é vida privada é uma desculpa em relação a uma mãe, não é a orientação sexual; o resto é apenas a ideologia do armário a ser promovida num coming out que parece quase forçado;
4. e pessoas que supostamente gostam de nós expressarem repúdio pela nossa identidade por causa do preconceito é violento; o ato de amor é ajudarmo-las a perceberem isso mesmo.
5. E não, não foi nada discreto, nem foi um ato de amor, nem foi respeito, nem foi vida privada a falta de apoio sistemático – e o silêncio, uma vez mais – de Paulo Rangel nas questões fundamentais para pessoas LGBT em que o PSD foi entrave.
Venham mais coming outs – e mais saudáveis, por favor.” considerou o ex-presidente da ILGA Portugal.
Podes assistir ao programa Alta Definição aqui.
4 Comentários
Amigo
Quando se trata de “pessoa pública” ainda mais que, sabidamente, a essência da verdadeira política é ser representação social, comentar sobre sexualidade é essencial! Aqui no Brasil, teremos eleição para Presidente e, o governador do estado gaúcho “saiu do armário” divulgando namoro com médico: de outro estado/região, que me pareceu “palanque politico” e se de fato ele tenha tal namorado, porque como médico de serviço público seria possível cogitar permuta, com colega do estado gaúcho, ainda mais sob alegação de vínculo afetivo!
Anónimo
Caro presidente da ILGA, coming out é o quê? É dizer ao mundo? Eu não entendo a necessidade que as pessoas têm de obrigar os outros a fazer o que não querem! Os heterossexuais também têm coming out? O problema do mundo é este. Parem de olhar para vós e pensem no que os outros podem estar a atravessar. Somos todos diferentes. Repeitemo-nos!
johnny
Já viu algum heterossexual ser chantageado pela sua sexualidade? Mas olhe que com os homossexuais acontece muito. Talvez devesse começar por aqui a procurar diferenças do que lhe parece ser igual.
Anónimo
Os seres humanos só são chantageados apenas se o permitirem. É uma questão de respeito e amor próprio. A única diferença é que eu vejo humanos e não seres exclusivamente sexuais.