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Santo António Casamenteiro ainda não é para todos

Dos 16 casais que vão participar nos Casamentos de Santo António deste ano, cinco vão realizar-se apenas no âmbito civil. Mais uma vez, a festa, que é da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, exclui os casais de pessoas do mesmo sexo.

No ano passado estalou a polémica em torno da inclusão de casamentos entre homossexuais nos casamentos de Santo António, que chegou a ser admitida pelos serviços camarários mas depois foi recusada pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa. Como justificou então António Costa, “para que não haja equívocos, não haverá qualquer alteração ao actual figurino dos Casamentos de Santo António que não seja previamente acertada com a Igreja”. Na altura referiu que não estava nos planos da Câmara “propor à Igreja qualquer alteração ao actual modelo em decorrência da entrada em vigor da legislação que permite o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo”. Apesar de a celebração incluir casamentos exclusivamente civis, António Costa justificou o recuo com o argumento de que “é necessário respeitar os sentimentos religiosos associados à figura de Santo António, um santo da Igreja Católica, Apostólica Romana”.

Os dezasseis casais seleccionados para a edição 2011 dos Casamentos de Santo António foram hoje apresentados à comunicação social no Museu do Fado.

 

3 Comentários

  • Bruno

    Sinceramente não sei porque é que isto ainda é notícia! Não sei sequer, porque é que “tentamos” fazer parte desta celebração. Ainda não “percebemos” que o “casamento” entre homossexuais é somente civil, no registo civil? Ainda não percebemos que o casamento entre homossexuais não passa nem nunca irá passar pela igreja Católica? Ainda não percebemos que esta “festa” apesar de ser organizada pela CML, é um MEGA CASAMENTO em -> IGREJA CATÓLICA??

    Ora uma dos aspectos de “luta” pelo direito à igualdade civil pela união oficial entre casais do mesmo sexo não era retirar a confusão entre casamento (entenda-se casamento-pela-igreja-católica) e casamento (entenda-se união-civil-em-termos-legais)?? ENTÃO PORQUE É QUE AGORA CONTINUA-SE A TENTAR COMPARECER E FAZER PARTE DE UM APARATO CATÓLICO??

    Não sei porque é que isto ainda é noticiado neste contexto. Perdoem-me, mas não faz sentido e torna-se ridículo.

  • David Jacaré

    Porque.. É UMA DISCRIMINAÇÃO.

    As pessoas têm o mesmo direito a casar e a experimentar as mesmas experiências que um casal heterossexual. Os casamentos de Santo António são organização da Camara, e não da Igreja Católica Apostólica Romana cediada em Roma. Até porque, caso não saibas, EXISTEM GAYS CATÓLICOS E PADRES QUE NÃO SÃO HOMOFÓBICOS E CONTRA A IGUALDADE.

    É assim tão dificl perceber a questão do “todos os cidadãos têm os mesmo direitos independentemente da sua orientação sexual” que está na nossa CONSTITUIÇÃO? Ou diz lá que têm todos os mesmos direitos menos aqueles que ofenderem a sensibilidade dos católicos conservadores e homofóbicos?

    Diferenças de acesso a igualdade como esta – que embora não seja aquilo que mais apoquenta a cabeça da comunidade activista gay portuguesa – só reforçam que a nossa sociedade (como se vê em muitíssimos outros níveis ainda está a anos luz da igualdade e do respeito).

    E já escrevias como uma pessoa com mais de 12 anos, pá. Cresce e aparece.

  • Bruno

    Ó David, é uma descriminação, tudo bem, concordo contigo. É uma iniciativa da CML em conjunto com a CML, isto porque é realizado na Sé de Lisboa (um monumento católico) com o bispo ou o padre, ou whatever, em escrituras católicas.

    Se as “noivas de Santo António” se realizassem sei lá, no Pavilhão Atlântico, e fossem oradas por um advogado e não por um padre, até faria sentido tudo o que dizes, mas não é e a igreja não vai aceitar, independentemente se há ou não padres homossexuais e não homofóbicos. A questão não é essa, a questão é que a IGREJA não aceita e o que estamos aqui a “pedir” é que a IGREJA aceite casar duas pessoas do mesmo sexo quando isso não irá acontecer. Então agora que podemos livremente casar, se calhar podia-se desta forma começar outra luta “a igualdade na igreja” e tentar mudar a cabeça do Papa (não a de Deus, que supostamente diz que todos somos iguais), mas a igreja é uma instituição e não uma sociedade (apesar da quantidade de gente que lá anda) e creio que será muito mais difícil, senão impossível mudar estas mentalidades.

    Dizes que “Diferenças de acesso a igualdade como esta – que embora não seja aquilo que mais apoquenta a cabeça da comunidade activista gay portuguesa – só reforçam que a nossa sociedade (como se vê em muitíssimos outros níveis ainda está a anos luz da igualdade e do respeito).”. Mais uma vez, sublinho, não somos nós que estamos a anos luz, neste campo, é todo o mundo que pratica a religião católica romana.

    -> Não somos especiais, somos iguais.

    E não precisas de me atacar, exprimi a minha opinião, tenho direito a ela e não creio ter ofendido ninguém.