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Masculinidades Debaixo de Fogo – Homossocialidade e Homossexualidade na Guerra Colonial, de António Fernando Cascais

Depois de ter lançado “Estar além: A persona queer de António Variações no passado dia 20 de Fevereiro, António Fernando Cascais presenteia-nos com mais um dos seus trabalhos em torno dos estudos de género e teoria queer, mais precisamente, a respeito das masculinidades e da homossexualidade na guerra colonial portuguesa conhecida também como Guerra do Ultramar entre 1961 e 1974.

 

Um livro que se insere no âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 – o fim de um regime que impunha o crime e doença a orientações sexuais não normativa – Masculinidades Debaixo de Fogo — Homossocialidade e Homossexualidade na Guerra Colonial é uma obra que,  situa a homossexualidade nos contextos da crise da masculinidade, da crise do regime ditatorial e da crise do colonialismo que culmina na guerra, mas também da crise da instituição militar e da cultura castrense, com o propósito não só de rever os estereótipos que a cumulam, mas também aquilo que pensamos a respeito de cada um deles, segundo se lê na sua sinopse.

Mais, debruçando-se em textos como Os Cus de Judas (1984), de António Lobo Antunes, Nó Cego (1993), de Carlos Vale Ferraz, Os Navios Negreiros não Sobem o Cuando (2005), de Domingos Lobo, Até Hoje (Memórias de Cão) (1988), de Álamo Oliveira, as peças de teatro Um Jeep em Segunda Mão(1982), de Fernando Dacosta e Quando os Medos Ardem (2001), de Domingos Lobo, e o filme 20,13 — Purgatório (2006), realizado por Joaquim Leitão, a que se devem acrescentar as obras Lugar de Massacre (1975), de José Martins Garcia, Persona (2001), de Eduardo Pitta, A Sombra dos Dias (1981), de Guilherme de Melo, O Retorno (2012), de Dulce Maria Cardoso, analisa a impossibilidade dos homens mobilizados para as guerras coloniais delas regressarem iguais ao que eram quando para lá foram mesmo depois da pax revolucionária e democrática.

Uma obra que promete analisar as masculinidades e a guerra de uma forma diferente.

 

ISBN: 9789895681976

Editor: Documenta

Páginas: 334

 

Daniel Santos Morais é mestre em Sociologia pela Universidade de Coimbra. Feminista, LGBTQIA+, activista pelos Direitos Humanos. Partilha a sua vida entre Coimbra e Viseu. É administrador do site Leituras Queer.

 

Um Comentário

  • João Carlos Roque

    Livro que estou certo, vai suprir uma lacuna importante dos tempos da guerra colonial. Já houve abordagens ao tema – eu próprio o fiz – mas nunca se escreveu um livro sobre esse tema, apenas. E o autor, pela sua capacidade de investigação e de análise garante um livro de um interesse enorme.