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ALERTA: Neonazis querem organizar marcha do “Orgulho Hetero” no Porto

Tendo em conta o anúncio recente da “1.ª Marcha do Orgulho Heterossexual”, a realizar-se no Porto por parte do grupo neonazi1143, os colectivos que organizam as Marchas do Orgulho LGBTQIA+ em Portugal, e as pessoas e colectivos queer que fazem activismo em prol da emancipação queer decidiram emitir uma carta aberta.

Até ao momento, mais de 20 colectivos já subscreveram a “Carta Aberta: Contra o ódio disfarçado de orgulho” .

CARTA ABERTA

Os colectivos que organizam as Marchas pelos direitos LGBTQIA+ de Portugal unem-se novamente para condenar a realização da “1.ª Marcha do Orgulho Heterossexual”, promovida pelo Grupo 1143, organização neonazi, homofóbica, transfóbica, misógina e racista. Esta manifestação, agendada para o dia 10 de Junho, na cidade do Porto, é uma clara provocação, um ataque à liberdade, e a escolha da data não é inocente.

Este grupo neonazi conta com um vasto historial de discursos e ações de incitamento ao ódio, de ameaças físicas e psicológicas à população Queer, a pessoas migrantes e racializadas, de perseguição e ataques a Marchas, assim como a outras iniciativas, como apresentações de livros de temática Queer, igualdade de género, inclusão e diversidade.

A Marcha do “Orgulho Heterossexual” não é um acto de liberdade de expressão, mas sim uma tentativa de ocupar o espaço público com discurso de ódio, violência e medo. É uma forma de propaganda baseada nos seus ideais de supremacia que representa um ataque direto às conquistas de décadas de luta por direitos humanos, igualdade e liberdade. A liberdade de uns não pode servir para oprimir a existência de quem vê a sua vida diariamente atacada, apagada, apenas por ser quem é.

A promoção do ódio não pode ter lugar nas ruas. Nenhuma Marcha neonazi pode ficar impune! O único orgulho que o fascismo promove é o orgulho em odiar, em oprimir e provocar medo nos outros. A reivindicação do “orgulho hétero” é uma falácia, no sentido em que não existe heterofobia: não é o orgulho de um grupo oprimido que exige existir de forma igual a todos os outros, é a supremacia de quem acha que ninguém pode ser diferente da norma imposta.

Desde 2000 que as Marchas do Orgulho Queer ocupam as ruas em Portugal, estendendo-se por quase 30 cidades de norte a sul do país e nas ilhas. Estas Marchas não se restringem apenas à defesa das pessoas LGBTQIA+, somos um movimento que inclui todas as pessoas, sem exceções. Abrange lutas e movimentos sociais de defesa dos direitos humanos, combatendo a violência de género e o sexismo, o racismo, a xenofobia e o colonialismo, não deixando de parte a justiça climática e as preocupações ambientais, lutando e dando voz aos povos oprimidos e às vítimas de violações graves, como o genocídio em curso na Palestina. A luta pelos direitos LGBTQIA+ é uma proposta de luta para toda a classe trabalhadora e não esquece as outras lutas vividas por tanta gente. O movimento de emancipação Queer não pode ceder à ameaça.

O fascismo não se combate com silêncio e neutralidade, mas sim com a união de todas as pessoas e colectivos defensores da democracia e dos direitos humanos. Normalizar manifestações deste tipo é dar palco à extrema direita que tenta ocupar o espaço público que nos foi negado durante décadas, é dizer que a supremacia pode ser celebrada, é dizer que nem todas as pessoas são iguais.

Foto: https://depositphotos.com/pt/

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