A associação Opus Diversidades anunciou que não participará em nenhuma actividade do EuroPride 2025, que se está a realizar em Lisboa, alegando que o evento perdeu o seu carácter político e comunitário, transformando-se numa iniciativa comercial e afastada das lutas reais da população LGBTQIA+.
Em comunicado, a associação revela que, em 2022, aceitou apoiar a candidatura de Lisboa ao EuroPride mediante um Caderno de Encargos que garantia a manutenção da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa como única manifestação oficial, bem como a inclusão efectiva de associações e colectivos LGBTQIA+ na programação, com foco em direitos humanos, interseccionalidade e justiça social.
No entanto, segundo a Opus Diversidades, esses compromissos foram progressivamente ignorados, especialmente após a saída da ILGA Portugal, da AMPLOS e da rede ex aequo da coordenação do EuroPride. Para a Opus Diversidades, a organização actual do evento, liderada pela associação Variações, privilegiou nesta edição do EuroPride interesses comerciais e turísticos em detrimento das causas LGBTQIA+.
A associação relata que só recebeu um convite genérico para participar na “EuroPride Village” a menos de um mês do evento, sem qualquer diálogo prévio sobre conteúdo político, conferências ou participação comunitária. Além disso, critica duramente o material promocional do EuroPride 2025, que destaca dados económicos e benefícios comerciais do evento, sem referência a direitos, inclusão ou melhoria das condições de vida da população LGBTQIA+.
A Opus acusa ainda a organização de “pinkwashing” e alerta para o risco de apagamento do carácter reivindicativo da Marcha do Orgulho de Lisboa, rejeitando a proposta de criação de uma segunda marcha no mesmo ano.
“Lamentamos ter de dar razão a quem sempre alertou que o EuroPride em Lisboa não seria diferente das versões mais comerciais do evento”, afirma a associação, defendendo uma reflexão profunda por parte da EPOA (European Pride Organisers Association) sobre os valores que o EuroPride deve representar.
A Opus Diversidades reafirma o seu compromisso com políticas feministas, anti-racistas, transinclusivas e de justiça social, subscrevendo o manifesto “No Pride in Genocide” e encerrando o comunicado com duras críticas à mercantilização das lutas LGBTQIA+.
Apesar de todas as polémicas, o EuroPride já começou e decorre até dia 22 em vários espaços de Lisboa.