A vida sexual dos concorrentes da Casa dos Segredos 2, dentro e fora do reality show, continua a dar que falar. Agora são as revelações do ex-concorrente Carlos, conhecido por “salta-caminhas”, de que manteve um relacionamento com uma transexual.
“Houve um caso, mas eu não sabia que ele era transexual. Já tinha feito a operação para mudar de sexo e era tudo normal. Depois, quando soube, até se criou ali uma ligação, perguntei como é que as coisas tinham acontecido”, contou o cabeleireiro do Porto à revista TV Mais. “Não foi nenhuma relação, foi só mesmo uma experiência de um dia ou dois. Depois houve uma conversa normal, mas nunca mais soube dessa pessoa… Já foi há muitos anos”, relembrou. Carlos foi expulso na oitava gala da Casa dos Segredos. Estava nomeado com João J. e Marco.
15 Comentários
Lara Crespo
É impressionante como neste país pequenino, as mentalidades são pequeninas como o cérebro de pessoas como este tal Carlos, concorrente da casa dos degredos (realmente bem apropriado), que “assume” umas supostas quecas com uma mulher transexual.
A ignorância total e completa do que é, neste caso, uma mulher transexual (não um, mas uma, pois que eu saiba mulher ainda é um substantivo feminino), leva pessoas como este australopiteco dos nossos dias, a tratar a suposta pessoa como “ele”. E ainda se vem gabar publicamente do tão habitual estreótipo de que as mulheres transexuais “é para umas quecas”, “uma ou duas vezes”.
Pergunto-me eu, como mulher transexual que sou, se é a genitália que define a transexualidade da pessoa ou a sua identidade de género. Obviamente que será sempre a sua identidade de género. Não é por ter feito ou não a cirurgia de correcção de sexo que uma mulher transexual é mais ou menos “mulher”.
Metem-me nojo homenzinhos como este que acham que só lhes engrandece o ego e a (boa) fama virem gabar-se de comer esta e aquela. E de tão burro e ignorante, ao contrário do que diz ser, nem percebeu que não se trata uma mulher transexual como “ele”.
Graças a esta mentalidade preconceituosa é que continua a haver o suposto “macho latino” de que esta criatura se gaba, coitado, e a transfobia continua tanto nas suas palavras como nas suas acções.
Sim, porque se esta era uma tentativa de mostrar que “tem uma mente aberta” e que “não tem preconceitos”, saiu-lhe o tiro pela culatra. Pior, declarações destas só vêm alimentar ainda mais a transfobia e ignorância existentes.
Triste, muito triste esta amostra de homem.
Gonçalo Santos
À parte este Carlos tratar as pessoas por “ele ou ela” e quer Lara não queira ou não ache, um homem com TIG-Transtorno da Identidade de Género é UM transexual e uma mulher é UMA, apesar de, no todo, só concordar com o termo transexual quando há Cirurgia de Redesignação Sexual.
Não vejo é qualquer problema em tratar PESSOAS com TIG, pelo pronome com que se identificam.
De resto, os Brasileiros são quem mais bem define os estados. Pre-op é travesti e Post-op é transexual.
Claro que o activismo inconsciente e nervoso que existe em Portugal, como é o caso de Lara, vem dar uma visibilidade negativa a este artigo do Dezanove.
Com o seu comentário, cara Lara, este artigo deixou de poder ter uma influência positiva no combate à Transfobia.
Anónimo
É por causa das LARAS que não me revejo na sigla GLBT. É um erro colossal incluir esta gente na comunidade. Sou gay e sou e gosto de ser homem e estou bem com a minha sexualidade. O transexual masculino é uma coisa diferente. Entende-se como mulher, gosta de homens e não admite nem entende que os outros o continuem a ver como o homem que nunca vai deixar de ser. Eu sei que podem achar cruel entender as coisas assim, mas eles de homem não passam e a mulher nunca chegam. Não sou transfóbico e estou-me nas tintas para a sexualidade dos outros, desde que não interfira nem ponha em causa a minha. Se me recuso a tratar um ele por ela, estou no meu direito e não estou a faltar à verdade.
Eduarda Santos
Realmente no Brasil, incompreensivelmente, usam uma terminologia contraditória. Se por um lado admitem a existência da identidade de género e admitem que é a ig que determina o nosso género, por outro usam uma terminologia que tem o foco na genitália. Enfim, pode ser que algum dia abram os olhos e vejam a realidade. Porque a realidade é que, e ao contrário do que se afirma nestes dois comentários, uma mulher transexual é UMA MULHER que nasceu com a genitália errada (e vice versa). E porquê? Porque é a IG que determina o género e não a genitália. Opiniões como as descritas aqui eram comuns há uns 40 anos atrás. Só que a ciência evoluiu em 40 anos. Nessa época também julgavam que a homossexualidade era uma doença e uma aberração. Agora já se pensa de outra forma. Hoje em dia o negar-se a IG de uma pessoa transexual tratando-a como uma pessoa do género que lhe foi atribuído à nascença,
é uma atitude transfóbica e ofensiva da dignidade dessa pessoa. Artigos com frases como a descrita em que tratam uma mulher transexual como homem devem ser denunciados como o que na realidade são: transfóbicos, bem como os seus apoiantes que nada mais fazem do que perpetuar estereótipos preconceituosos que em nada contribuem, bem pelo contrário, para a dignidade e aceitação das pessoas transexuais.
Não deixa de ser cómico ler-se aqui que uma pessoa “não transfóbica” advogar a exclusão T. Só posso agradecer que essa pessoa não seja transexual, era uma vergonha ter de assumir essa pessoa como trans pois era um descrédito para a comunidade T, como evidentemente o é para a comunidade homo.
JM
Errado! No Brasil não entendem “que é a ig que determina o nosso género”. Essa conclusão é sua.
UMA mulher – erradamente chamada transexual – é uma MULHER que entende ter nascido com o sexo errado e se vê como um homem. Só é transexual no pós operatório.
UM homem – erradamente chamado transexual – é um HOMEM que entende ter nascido com o sexo errado e se vê como uma mulher. Também só é transexual no pós operatório.
Nos dois casos, são pessoas com disfuncionalidade de género e só são consideradas transexuais depois da SRS.
O que determina o sexo são os orgãos sexuais, desde que internamente tenham correspondência no aparelho reprodutivo.
Até à SRS, mesmo que exista implante ou retirada mamal, não são consideradas transexuais.
Se as pessoas devem ser tratadas de acordo com o género com que se identificam é outra história e nada tem a ver com este assunto nem com a matéria que foi postada.
Se a expressão “mas eu não sabia que ele era transexual” está correcta?
Está.
É um homem.
Já agora, um homem engravida? hI_z3VfAI/AAAAAAAAACs/zmKAob5zWyA/s1600-h/6 92183.transexual_anuncia_gravidez_nos_eu a_224_299.jpg
Não!
Só se for uma MULHER, mesmo que lhe chamem transexual: http://3.bp.blogspot.com/_KmDHFCGBRXA/SC
sérgio vitorino
Caro anónimo, reveja a sua posição claramente transfóbica – o género não tem nada que ver com sexo ou com genitália, e os termos médicos são os mais desinformados (CIG, transtorno…), não devem ser puxados para um debate que só pode ser activista. A única coisa que importa saber é como a pessoa se define relativamente ao género, não se modificou o seu corpo – a identidade, essa, está lá sempre, mais pénis ou menos pénis, mais vagina ou menos vagina. Sempre que ouço gays (invariavelmente) a defenderem que as pessoas T não deviam estar incluídas no movimento, para lá do óbvio facto de orientação sexual e identidade de género serem coisas diferentes, pergunto-me onde é que os gays perderam a noção de que também a homofobia e a perseguição de que foram vítimas durante 2000 anos também tinha – e tem – tudo a ver com os papéis de género e o seu maior ou menor cumprimento relativamente à expectativa social. Mais clareza? Não é possível combater a homofobia sem combater as discriminações de género, é como combater o fumo sem ver a chama. Entristece-me que pessoas da comunidade gay sejam as primeiras a recorrer à terminologia médica – que indevidamente considera a transexualidade como uma doença mental, assim como era considerada a homossexualidade há apenas 3 décadas – e a negar aos outros o seu direito à auto-definição da sua identidade de género. Entristece-me que quem sabe tão pouco de um tema tenha tão pouco pudor em vir ofender e negar ao outro a sua liberdade. Mas entristece-me sobretudo que existam gays que dão tamanhos tiros no pé na história da sua própria luta por direitos. Anónimo, remember Stonewall, aquele momento fundador do movimento gay moderno? Se não sabes ficas a saber – eram maioritariamente transexuais as pessoas que então lutaram por todos e todas nós. A luta não é de gays, ou de transexuais, ou destes ou daqueles, é contra o peso do machismo e da heternormatividade e contra as cartilhas da heterossexualidade dominante – e essa, felizmente, é de quem a queira fazer. Consigo, claramente, não contamos para ela.
Filipe Gomes
Concordo em pleno convosco, Lara e Eduarda.
A minha comunidade é a daquelxs que combatem a regulação da vida de cada um segundo normazinhas parvas de sexo, género, origem étnica e o que mais seja.
A minha comunidade não é a da orientação sexual comum – é a da empatia e defesa dos direitos de todxs .
Jorge S.
Este artigo do 19 é como muitos outros que se lêem por aqui. Sensacionalista com o objectivo de provocar celeuma e ter mais gente a visitar o site e a comentar. Não vejo como é que isso é uma influência positiva no combate à transfobia.
Jorge S.
O que é que ser gay tem a ver com ser transexual? O Anónimo sabe a diferença entre orientação sexual e identidade de género por acaso??
Eduarda Santos
Curioso, mas quem está errado não sou eu, meu caro JM, é essa sua visão redutora da IG. É que a conclusão não é só minha, mas da comunidade científica que se encontra no processo de alterar essas antigas e ultrapassadas opiniões. Informe-se antes de falar.
Ahh, já agora, qualquer pessoa transexual TEM DE SER aceite como transexual ANTES de proceder a qualquer cirurgia ou mesmo antes de iniciar o tratamento hormonal. De outro modo não pode aceder às cirurgias nem ao tratamento hormonal.
Outra coisa, aqui não se trata de sexo genitália mas sim de género, que não sei se reparou são coisas diferentes.
E a expressão não está correcta, mesmo que vc queira que esteja, não se trata de homem nenhum, mas sim de UMA mulher transexual. Sei que é chato mas deixe-me dizer-lhe uma coisa, melhor que qualquer pessoa, seja ela psiquiatra, psicólogo, médico, filósofo, jurista, apoiante ou não, quem sabe melhor do que se fala são as pessoas transexuais que o sentem na pele e não sabem só de ler artigos em livros e jornais. Devia ter mais em atenção o que essas pessoas dizem em vez de repetir chavões desactualizados e ofensivos.
Já agora pela sua opinião, uma mulher cisexual estéril é o quê?
Ana Pedroso de Lima Martins
“Não sou transfóbico (…). Se me recuso a tratar um ele por ela, estou no meu direito e não estou a faltar à verdade.”
Ou não é transfóbico ou se recusa a tratar “um ele” por ela, agora não consegue é fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Decida-se.
Anónimo
Então e como é que um trans encaixa na sigla GLB?
Qual é o drama se não são gays nem lésbicas?
Para mim incluir o T não faz sentido…
Jorge S.
Qual sigla GLB? Em Portugal usamos a sigla LGBT, felizmente.
Anónimo
Só para ti, que és um tipo inteligente, vou colocar a pergunta de outra maneira, embora toda à gente tenha entendido:
Então e como é que um trans encaixa na sigla LGB?
Qual é o drama se não são gays nem lésbicas?
Para mim incluir o T não faz sentido…
As 2 siglas estão correctas. Parece-me é que o Jorge está a confundir com GLS, que é usado para identificar locais.
Eduarda Santos
Caro anónimo
apesar de já lhe terem dito que a sigla NÃO É nem GLB nem LGB, mas sim LGBT, deve estar a competir para algum concurso de casmurrice para continuar a insistir na mesma tecla. E com casmurros, bêbados e alguns malucos pura e simplesmente não vale a pena argumentar pois como diz o ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”.
Mas como até sou boa pessoa e paciente, aqui vai: uma pessoa trans NÃO TEM de estar incluída em qualquer dessas três siglas que menciona (embora possa estar) pois encontra-se incluída na quarta sigla que você parece ter dificuldade em ver, o T de LGBT.
Se a invisibilidade da sigla T continuar a manifestar-se, aconselho umas visitas a um psiquiatra ou psicólogo, pois pode estar a ter sintomas de algum tipo de “transtorno T”.