Os homossexuais e bissexuais masculinos continuam a ser discriminados nas dádivas de sangue, denunciou o Bloco de Esquerda.
Um exemplo desta discriminação ocorreu com um estudante de Medicina de 23 anos que viu a sua dádiva recusada com o argumento de que “a homossexualidade é um critério que exclui a possibilidade de dádiva de sangue”. O homem em causa questionou quanto tempo teria que estar em abstinência sexual
até poder dar sangue tendo-lhe sido respondido que “nunca mais poderia dar sangue porque é homossexual”. O caso passou-se há duas semanas no Instituto Português do Sangue e da Transplantação em Lisboa.
Recorde-se que em 2010 a Assembleia da República aprovou uma recomendação ao governo para a “a adopção de medidas que visem combater a actual discriminação dos homossexuais e bissexuais nos serviços de recolha de sangue”.
O Bloco pediu já a intervenção do Ministério da Saúde e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG).
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14 Comentários
Irina
Outra vez????? Inadmissível!! Não sei exactamente o que se passou, mas espero que tenha sido feito queixa em relação a esse funcionário. Esses estereótipos homofóbicos têm limites. O que é mais grave é que todos os anos surge exactamente este caso.
Bellini
Já me aconteceu o mesmo.
Já foi há algum tempo, mas passados uns anos, voltei a tentar e o meu numero de BI constava numa lista que informava que já me tinha sido recusado e o motivo da recusa.
Acho inaceitável!
Por descuro, não reclamei e conformei-me.
Sei que se voltar a tentar dar sangue, voltarão a barrar.
tenho pena que assim seja…
Anónimo
Sou dadora de sangue e no questionário que costumo preencher já vi por diversas a pergunta nr. 24:
“Sendo homem, alguma vez teve contacto sexual com outro homem?”
Esta pergunta nem deveria existir! Por isso reclamei a situação.
Anónimo
Quando dava sangue, omitia o facto de ser homossexual. Depois deixei-me disso. Não saí do armário para andar a mentir sobre a minha sexualidade a quem nada tem a ver com a questão.
Se é melhor não ter sangue a ter sangue “gay”, então que se amanhem sem o meu sangue. Depois queixem-se de que precisam de sangue…
É a mesma mentalidade que nega a adopção de crianças a homossexuais, como se fosse melhor para uma criança estar numa instituição impessoal que num lar a receber os cuidados e o carinho de dois pais do mesmo sexo.
Anonimo
Trabalho num serviço de sangue e desconheço tal base de dados que pesquise por nº de BI as recusas das dádivas… O Serviços não partilham essa informação. Algo não está certo aqui.
Anónimo
Existem normas definidas e orientações técnicas pelas quais os serviços que colhem sangue se regem. O Serviços de Sangue e o IPS limitam-se a cumpri-las! Não quer dizer que se concorda. E a maioria até nem concorda! Mas é facto que há muito que não vejo um homossexual ser recusado na dádiva de sangue, pelo menos os que se assumem como tal. Poderá ter sido, neste caso, um critério pessoal de quem entrevista… isso sim é grave!
António
Dou sangue desde os 18 anos e nunca passei por tal situação. Nunca escondi que sou gay, até falo abertamente sobre isso se surgir a pergunta (como ja aconteceu) mas até lá também não fiz questão de mencionar isso porque não acho que seja importante , se tiver que omitir para fazer bem a alguém, eu omito.
Nuno
Por isso é que é preferivel sempre omitir esses dados todos, é infeliz que la por sermos feitos do mesmo, pelos,pele,carne e osso, sejamos discriminados so por sermos LGBT! Estamos numa comunidade que tudo o que é mudança neste sentido é um erro humano ou uma aberração, mas o que é certo é que não somos os únicos, quase 90% da população portuguesa o é e não se assume publicamente! Conheço muita gente que durante o dia é supermachão mas a noite a partir das 22h muda e são LGBT, porque? não sei! mas ja vi muitos “pseudo-heteros” que disseram sempre que isto é uma doença mas que na realidade quando me enfrentam ate pedem para não contar nada a familia! Dos 0 aos 100 sem por nem tirar! Ser LGBT é uma opção como ser hetero é outra, somos todos iguais! SOMOS HUMANOS!
Ahhhh! a comunidade LGBT é a mais preocupada e com as DST, ja os heteros! Deviam era preocupar-se em sensibilizar os heteros e não culpabilizar os LGBT. Tenho dito
Filipe
A pergunta alvo de polémica salvo erro saiu do questionário mas continua a ser perguntada por alguns médicos. E reforço ‘alguns’ porque já dei sangue pelo menos 2 vezes depois da polémica e que me recorde apenas uma vez me fizeram essa pergunta. Daí poderei depreender que talvez não seja obrigatória…
Como não sei qual era o entendimento do profissional que estava à minha frente, ‘menti’ na pergunta se tenho relações sexuais com outros homens, tendo sido sim completamente honesto quanto ao ‘risco’ ou ‘segurança’ dos meus comportamentos sexuais.
Sei que não será correto estar a mentir (por diversas razões, até pessoais mas essas serão talvez as menos importantes neste caso) mas tendo a consciência de que pratico aquilo que se entende nos padrões internacionais de saúde pública por sexo seguro, não entendo a necessidade de me perguntarem com quem tenho relações sexuais.
Será que não são tidos igualmente todos os cuidados na análise do sangue dos homens que digam que não têm relação com outros homens??? Eu espero que sim…
Filipe
Penso que de uma forma geral a população lgbt portuguesa é cuidadosa e consciente. Mas nalguns países a taxa de incidência de HIV está a aumentar muito na população homossexual masculina, e uma das causas, especialmente nos EUA, tem sido a popularidade da prática de bareback. Criou-se a ideia de que o VIH já não mata e que é um problema crónico como a diabetes ou a hipertensão, ora as coisas não são assim, a medicação tem efeitos secundários muito graves e custa muito aos contribuintes. Por isso, em parte, segundo alguns professores meus, o controlo nas dádivas de sangue está mais apertado. Vários dados estatísticos mostram um novo aumento, em anos recentes, na taxa de incidência do VIH entre a população homossexual masculina.
Bellini
Não sei se existe ou não, mas o certo é que numa recolha voluntária no Centro Comercial das Amoreiras isso aconteceu.
A primeira vez que me foi recusado foi também no meu local de trabalho em Oeiras e quando voltei anos mais tarde para uma recolha nas Amoreiras, recusaram após ter dado o meu BI e NIF.
Foi-me dito que ja tinha sido recusado uma vez e que não valeria a pena estar a tentar em outros locais pois iriam barra-me sempre.
Se não existe base de dados, existe o quê????
Anónimo
O Programa que gere os dadores é como um ficheiro clínico do dador, onde consta toda a informação partilhada pelo dador à pessoa que faz a triagem assim como os resultados analíticos da dádiva. Esse acesso é muito restrito. Não é partilhado com outras instituições. A Entidade que foi colher ao Amoreiras era a mesma onde terias ido anteriormente e onde terias sido suspenso. Quanto ao barrarem-te noutros locais, desde que seja outro centro que faça a colheita, só saberão o que quiseres partilhar! Se fores ao teu médico de família este tem acesso a toda a tua informação clínica existente nesse centro de saúde, mas não tem acesso, por exemplo, às tuas idas a uma urgência num Hospital qualquer. É simples de entender.
António
Exacto! Sou assumidamente homossexual e conheço muito bem esta realidade! Não é o facto de se ser homossexual que impede a dádiva, mas sim a promiscuidade, seja homo ou hetero. Se se muda de parceiro com frequência, logicamente o acesso à dádiva será dificultado. Creio que há aqui mais vitimização, do que outra coisa qualquer! Acontece com todos, mas só o gays se queixam, pois associam a suspensão ao facto de serem homossexuais. Foram dadas instruções para que se removesse o critério da homossexualidade e foi cumprido. Mas o factor promiscuidade é denominador comum, seja homo ou hetero! Mentir, pesaria-me a consciência se o fizesse, e se por algum motivo, um período janela qualquer não detectado, por exemplo, o meu sangue fosse o culpado por infectar um doente! Isso sim preocupa-me! Obviamente há mecanismos de culpabilização… o questionário que assinam, a entrevista na triagem e os resultados analíticos. Mais uma vez reitero, que ser gay não impossibilita a dádiva a ninguém! São os comportamentos que o impedem…
Bellini
Que foi assim que se processou, até aí eu sei….
Não deixa de existir uma “lista” em que consto como homossexual e como tal o meu sangue não é de qualidade “aceitável” para essa instituição…
Não me faz sentido, porque se fazem as análises necessárias (não quero acreditar que utilizam o sangue sem fazer analises), qual a diferença do meu para qualquer outro???
Se tenho apenas um único parceiro há mais de 5 anos, mas homem, o que é que isso é pior do que um homem (ou mulher) que nos últimos 5 anos teve 5 ou 6 ou mais parceiras????
Não entendo, não concordo e revolta-me!
Irra!!!!