Para Catarina Leitão a única razão que leva à proibição da adopção por casais do mesmo sexo em Portugal é apenas uma: o preconceito.
Catarina tem 28 anos, está a efectuar doutoramento em Psicologia Social na Universidade do Minho e é uma das centenas de pessoas que submeteu uma iniciativa de cidadania no portal de Governo de Portugal: “Parentalidade em Casais do Mesmo Sexo“. Este movimento defende a possibilidade de adopção de crianças por ambos os cônjuges, a co-adopção de filho biológico do companheiro e o acesso à procriação medicamente assistida em casais do mesmo sexo.
Em declarações ao dezanove.pt Catarina explica que acredita que “o princípio da igualdade e o direito a constituir família devem aplicar-se de forma universal, independentemente de dimensões tais como sexo, classe social, etnia, orientação sexual, etc.” Catarina relembra que “não há qualquer argumento válido ou empírico que apoie a ideia de que os casais do mesmo sexo possam estar mais ou menos aptos, comparativamente aos casais heterossexuais, para educar e cuidar de crianças” A faz questão de sublinhar que “não está estabelecida qualquer relação que comprove que ser de determinado sexo ou ter certa orientação sexual aumente ou diminua a capacidade enquanto cuidador e educador.”
No caso das co-adopções Catarina alerta para os casos em que os filhos biológicos de um dos companheiros, se um dos pais não for reconhecido, em casos de morte/doença grave do cônjuge com direitos parentais, a criança pode ser retirada do seu ambiente familiar. O alerta de Catarina vai também para as crianças institucionalizadas que, não encontrando casais disponíveis que as adoptem, podem nunca chegar a experienciar a vida familiar até à idade adulta. A doutoranda menciona ainda aqueles que acham melhor impedir as crianças de pertencer a uma família homoparental devido ao alegado bullying escolar de que seriam alvo. O combate ao bullying nesta situação far-se-ia, segundo a promotora da iniciativa através de uma “educação para a diversidade familiar, […] uma forma de combate que me parece mais eficaz e vantajosa para todos.”
A selecção dos sete movimentos mais votados decorre no Portal do Governo até 5 de Novembro. O autor do movimento mais votado terá uma audiência com o primeiro-ministro. À data da publicação desta notícia o movimento pela parentalidade de Catarina Leitão reunia 71 apoiantes. Em primeiro lugar nas preferências encontra-se um movimento com mais de 4000 votos e que pede o fim do financiamento público para as touradas em Portugal.
3 Comentários
Ana
É possível a qualquer pessoa votar? Estou à procura no site do governo. Se puderem por favor coloquem um link. Cumprimentos.
Ana
Por favor ignorem o meu comentário anterior.
Amigo
Se eu tiver União Estável com Homem que é pai biológico, eu o aceitarei como se fosse meu filho e Não como enteado que é! Me pareceu um velado preconceito em caso de viuvez, de cônjuge homem, não poder continuar criando o filho dele; se a guarda estava com o pai biológico, sem ser compartilhada com a mãe (seja pela razão que for) será justa a retirada do seio familiar que já estava inserido e voltar ao orfanato ou ser apresentado a outra familia para adoção?