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A campanha que está a dar que falar na Universidade de Coimbra

A Lista R que concorreu à Associação Académica de Coimbra (AAC) ficou em terceiro lugar nas eleições que decorreram no final do ano passado, mas a sua mais recente campanha está a dar que falar, tanto em Portugal como no Brasil.

O grupo de estudantes portugueses e brasileiros que compunham a lista pretende, mesmo não tendo ganho as eleições, lutar contra todas as formas de discriminação na Universidade de Coimbra (xenofobia, machismo, homofobia e racismo). Para isso foram criados um conjunto de cartazes, divulgados através do Facebook, com mensagens de denúncia baseados em relatos ou testemunhos reais. Nos últimos dias, a campanha foi até notícia no jornal O Globo no Brasil, para além de outras publicações online do outro lado do Atlântico.

Nesses cartazes podem ler-se mensagens como “Os brasileiros e os pretos deviam todos morrer” (originalmente escrita numa carteira da Faculdade de Letras), “Mas você é brasileira” (ouvido por uma estudante quando recusou uma investida sexual) ou “Fui ‘convidado’ a me retirar do Rock Planet por beijar outro homem”. A Reitoria da Universidade de Coimbra já afirmou que a iniciativa não se justifica e alega que alguns dos cartazes contêm denúncias falsas.

 

 

4 Comentários

  • Anonimo

    Já agora, é que iniciativas tem feito a UC relativamente ao combate à xenofobia e à orientação sexual? Não é só receber prémios da UNESCO, é preciso ser consequente e tornar a universidade mais aberta e plural.

  • Fábio Soares

    Porquê que a afirmação da Reitoria da Universidade de Coimbra não me espanta?! Claro que iniciativas como esta têm todo o mérito e deviam estender-se a mais universidades, mas o problema é sempre o mesmo: a não aceitação. Enfim!

  • Filipe

    Em França pelo menos nos anos 60 já havia activismo LGBT nas universidades mas e por cá? Nunca houve e só agora em anos recentes começou a haver alguma coisa, muito, muito residual.

    Estudei em Coimbra há doze anos e devo dizer que a cidade para um gay ou bissexual era péssima. Achei Coimbra muito provinciana e «rural», em comparação com outras cidades universitárias de igual dimensão que já visitei.

    Não havia qualquer espaço de encontro para LGBTs, mas havia sim uma bisbilhotice doentia que levava algumas pessoas a sítios ditos friendly para se mostrarem e ver quem está e quem não está, para depois «comentarem» e especularem uns sobre os outros. Olho para trás e acho isto ridículo e infantil.

    A praxe era extremamente homofóbica e entoavam-se palavras e cânticos que incentivavam o ódio contra os LGBTs. Em certos cursos de «elite» assumir-se era sinónimo de ser posto de parte por toda a gente e eu passei por isso. Tiraram-me do armário porque descobriram no meu quarto o que não deviam, a novidade correu e tive de mudar de Universidade pois não suportava as piadinhas, os risinhos, os silêncios e o isolamento.

    Uma das pessoas que praticou praxe homofóbica contra mim anda agora em bares de bears em Lisboa pois já o vi em fotos na net. Tenho nojo desse rapaz (agora homem feito) pois tratou-me muito mal quando era caloiro e afinal é homossexual.

    A cidade é de uma hipocrisia brutal pois os pais de família à noite vão engatar homens para uma estrada junto ao rio Mondego que é provavelmente o maior poiso de car cruising de Portugal.

    Espero que a cidade tenha mudado. Mas há uma década em termos sociais devia ser das cidades universitárias mais atrasadas da Europa, estando muito longe do que se passa em Espanha.

  • Manuel

    Gostaria apenas de reforçar que esses cartazes contêm mesmo denúncias falsas. Nenhum professor diria tal coisa em frente a pelo menos 30 alunos. Isso é colocar a sua profissão em risco.
    Pelo contrário, sou aluno da fluc e já ouvi um professor dizer que nós os portugueses devemos estar calados sem nos defendermos pois são os alunos brasileiros que pagam a nossa universidade.
    Inclusive, já observei uma troca de beijos entre um professor e uma aluna brasileira numa apresentação de um livro e nunca nenhum português usou isso contra os brasileiros. Existem mesmo professores que impedem os alunos portugueses de escolherem o seu tipo de avaliação porque os brasileiros têm prioridade. Tal já não acontece com os restantes alunos estrangeiros e esses sim não se queixam.
    Os brasileiros quando saem à noite vão para sítios onde apenas se ouve música brasileira com brasileiros. E afinal quem é nacionalista?
    Não entendo o porquê de os alunos brasileiros fazerem esta campanha e em Coimbra ninguém se preocupa com isso porque as alegações são falsas.
    Isto apenas envolve uma pequena parte de alunos brasileiros, pois os outros estão completamente felizes na nossa universidade.
    Sempre que um aluno brasileiro se lembra vai fazer queixa ao director da faculdade para chamar um aluno português a depor sobre algo que nunca aconteceu. No Brasil sim é que existe xenofobia e homofobia. Lá nenhum brasileiro se poderia afirmar como em Portugal. Por isso vamos ter lá calma com essas acusações e lá por na Europa não existirem assim tantos homossexuais como pensaram não vos dá o direito de se revoltarem.
    Enfim…mas que perda de tempo. E que tal em vez de irem para as redes sociais publicar mentiras fossem ler um livro ou passear? Assim ninguém se chateava.
    Ah e os alunos brasileiros que não se esqueçam que não são obrigados a virem para um país contrariados. Afinal de contas o que vocês querem é entrar na comunidade europeia. Mas claro que se fossem para outro país europeu aí sim é que se iam queixar.
    Afinal nós os portugueses sempre fomos moles.