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O livro do capitão do exército português no Ultramar

“Ilha de Metarica, Memórias da Guerra Colonial” é o primeiro livro de João Carlos Roque, autor do conhecido blogue whynotnow e capitão miliciano do Exército Português durante a Guerra Colonial. Este é um livro de memórias – algumas divertidas, outras brutalmente chocantes – em que a questão da homossexualidade no ultramar é abordada de forma franca e corajosa.

“Tive tempo, muito tempo mesmo, enquanto estive em África, principalmente na Ilha de Metarica, durante as horas mortas no aquartelamento, ou nas operações de dias e dias pela mata, para pensar na minha vida e nos meus problemas (…). Não quis definir metas para a minha vida para quando regressasse a Portugal, mas tinha a certeza de que voltaria um “Homem” novo e em variados aspectos – humano, social, político e principalmente sexual – foi ali, em África, que cheguei finalmente à conclusão de que, apesar da minha orientação sexual não ser a mais comum, eu era um homem normal.”

João Roque nasceu na Covilhã, em 1946. Foi incorporado no Exército em 1971, tendo feito comissão de serviço na Guiné e em Moçambique durante a Guerra do Ultramar. “Ilha de Metarica: Memórias da Guerra Colonial é o primeiro livro que publica. A obra está à venda por apenas um euro (versão ebook) em várias lojas online, mas também pode ser encontrado na versão papel. A edição é da responsabilidade da INDEX ebooks, uma editora especializada em ebooks de literatura gay em língua portuguesa a preços low-cost.

4 Comentários

  • João Carlos Roque

    Olá.
    Gosto de ver aqui uma notícia sobre o meu livro, é um facto, e fico agradecido.
    Mas parece-me um pouco deslocado o vosso título. Eu não sou “o capitão homossexual do exército português no Ultramar”, mas apenas um capitão miliciano que fez a guerra colonial e falou dela abertamente, sem medo, mas em que a abordagem homossexual é apenas um capítulo, e parece-me abusivo tomar o todo pela parte.
    Não tenho qualquer problema em assumir a minha orientação sexual, mas sempre defendi em toda a minha vida que esse facto não me impede de ser uma pessoa normal. E assim ao ser apontado como “o” capitão homossexual, não me identifico como tal, pois não foi nessa qualidade que lá estive.
    É pena que se tenda sempre a fazer um gueto destas questões; sempre lutei contra esses guetos…

  • Filipe

    Conheço um senhor idoso que esteve na tropa nos tempos do Estado Novo e no Ultramar, é heterossexual mas tem uma mentalidade muito aberta e moderna e relatou-me que o seu melhor amigo no quartel tinha uma relação com outro homem, e o cozinheiro tinha também um relacionamento homossexual com um dos tropas. A relação homossexual do seu amigo acabou mais tarde e ambos casaram com mulheres mas consta que mantiveram contacto até hoje.