O casal italiano mais famoso do mundo da moda pronunciou-se em relação à adopção por casais do mesmo sexo, declarando que “nós, como gays, dizemos não à adopção gay”.
Em entrevista à revista italiana Panorama, Stefano Gabbana afirmou que “a única família possível é a tradicional. Nada de crianças sintéticas e úteros alugados: a vida tem o seu percurso natural e não há que mudar isso”. O ex-companheiro, também homossexual, Domenico Dolce partilha da mesma opinião e reforça que “nascemos com um pai e uma mãe. Ou pelo menos assim devia ser. A mim não me convencem com aquilo a que chamo de bebés químicos, sintéticos. Úteros de aluguer e sémen escolhido de um catálogo”.
As declarações polémicas de Dolce & Gabbana não são novidade, uma vez que a dupla já se tinham manifestado contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, desta vez as suas declarações de ataque às famílias mono e homoparentais estão a causar um movimento contra a marca italiana.
Várias celebridades já aderiram ao apelo lançado pelas associações LGBT italianas de promover um boicote à marca, através da utilização do hashtag #BoycottDolceGabbana. Elton John, Courtney Love e Ricky Martin são algumas das figuras públicas que já aderiram e se manifestaram contra as declarações dos estilistas. O cantor Elton John dirigiu-se directamente a Dolce & Gabbana escrevendo no seu Instagram: “Como é que vocês se atrevem a referir aos meus lindos filhos como ‘sintéticos’? (…) A vossa forma arcaica de pensar não está em sintonia com os tempos que correm, tal como a vossa moda”.
Gabanna respondeu no Instagram que o boicote era uma “loucura”, “é uma intolerância perante opiniões diferentes”. E chamou, em entrevista ao Corriere della Serra, Elton John de “fascista” por ver “as coisas de um modo autoritário”.
A dupla Dolce & Gabbana, que lançou as suas duas últimas colecções de moda baseada no conceito de família tradicional, já veio responder às acusações, declarando que apenas partilharam as suas opiniões pessoais e que “nunca foi a nossa intenção julgar as escolhas das outras pessoas. Acreditamos na liberdade e no amor”.
André Faria
7 Comentários
Sombra
Mas vocês, Dezanove, não acham que é apenas algo para marketing e publicidade? Quanto mais se fala de determinada pessoa, marca etc, mais isso vende! E as pessoas quanto mais tem dinheiro, mais querem. Seja má ou boa publicidade, tudo o que fala sobre isso vende! E muito!
Acabam por ser gays e terem apoio LGTB; Agora lançam roupas para famílias convencionais e lucram e tem o apoio delas; Sem deixarem de ter de lgtb’s… Incrível!
Já agora, o Manuel Luís Goucha tb não já disse ser contra adopção e coadopção por casais homossexuais?
HheAh
Opiniões diferentes sobre determinado assunto não devem servir de boicote a coisas que nada têm a ver com o que se discute. Boicotar o que seja só porque se foi contrariado é lamentável. Pior é quem embarca nessa. Ora, o que a moda dos dois tem a ver, agora (e só agora) com o que eles pensam sobre isso ou sobre aquilo? É cada uma, hum!
Renato
Esses senhores expressaram e bem – a meu ver – a sua opinião. Agora… A LGBT está a querer impôr uma determinada visão quando depois vêm dizer que somos livres de opinião – que somos. Não percebo a ambiguidade de coisas que mandam cá para fora.
João Delgado
Ninguém esta a impor nada a ninguém.
Tal como os senhores Dolce & Gabanna tiveram a liberdade de expressar a sua opinião publicamente, as outras pessoas que não concordam com as declarações deste, atis como Elton John, Courtney Love e Ricky Martin tem toda a liberdade para desmontar o seu desacordo e de desmontar livremente aquilo que acharam sobre essas mesma declarações, o boicote é uma forma entre tanta outras de desmontar esse desacordo.
Tão simple quanto isso
themanwholeftthemoon
A liberdade de expressão é isso mesmo. Podes exprimir a tua opinião e os outros podem exprimir o que sentem sobre a tua opinião.
O que estes senhores disseram foi bastante homofóbico e uma falta de respeito para com as famílias “não tradicionais”. E as famílias não tradicionais não são apenas as homoparentais. Há vários casais heterossexuais que têm que recorrer a fertilização in vitro. Foram declarações muito tristes.
Filipe
Concordo plenamente com estes senhores.
União civil entre duas pessoas do mesmo sexo é uma coisa.
Adopção é outra. As crianças precisam de um pai e uma mãe, de uma referência masculina e outra feminina. Nem sempre tal acontece na «vida real». Mas deve ser esse o modelo.
David S
Antes de se falar de algum assunto deve saber do que este trata. E claramente a definição de ‘adoção’ não está totalmente clara para estes dois indivíduos.
Uma coisa é barriga de aluguer ou iniciativas análogas com o intuito de se ter filhos, outra coisa é salvar os filhos de casais heterossexuais deixados nas instituições. E adoção refere-se ao segundo caso, em que me parece legítimo qualquer casal oferecer-se para cuidar de uma dessas crianças como de um filho se tratasse. Pese embora as dificuldades resultantes de comportamentos sociais, penso que é preferível para a própria criança do que permanecer nos centros de adoção até à maioridade. O argumento de que uma criança deve ter como pais um homem e uma mulher é porventura válido, mas cada vez mais hoje em dia se tem conhecimento de divórcios e outras situações que levam a que um homem (pai) ou uma mulher (mãe) cuidem sozinhos dos filhos. Algo bastante recorrente e que não aparenta ser alvo de crítica, dado que é possível por outro lado a um homem ou a uma mulher (solteiros/divorciados) adotarem. Logo consideram esta uma situação preferível àquela em que a criança vive com dois homens ou duas mulheres. Apenas me parece lógico pensando-se no papel que a sociedade terá no desenvolvimento da criança. E portanto a crítica recai sobre o preconceito na sociedade e não na adoção homossexual em si.