a fazer

“Chá da Meia-Noite” de Sibila Lind traz-nos Jo Bernardo

Jo Bernardo é talvez, se não mesmo, a primeira activista T em Portugal. “Chá da Meia-Noite” (2014) de Sibila Lind, jornalista multimédia do jornal Público, tenta (re)descobrir esta figura ímpar do panorama queer português.

Conhecida não só pelo seu trabalho na Livraria Esquina Cor-de-Rosa, que abriu em 1999 e que acabou por fechar em 2006, focada em literatura (e não só) de e para comunidade LGBT; como também pelo seu contributo na defesa das pessoas trans (e também LGB), por ter colaborado com a Associação Abraço e a ILGA Portugal e por ter fundado a primeira associação dirigida às pessoas trans em Portugal, a extinta ªt. – associação para o estudo e defesa do direito à identidade de género.

Jo lutou, sofreu, manifestou-se em público, deixou-se rebaixar pela imprensa. Mesmo assim, a sua mensagem não passou (por completo). Foge à definição de transexualidade por não ter a necessidade de fazer a cirurgia de redesignação de género. Na casa da Murtosa, onde passa metade do ano com o companheiro Alexandre, construiu uma espécie de muralha: obras de arte a ocupar os quartos e, pela primeira vez, uma sensação de paz.

“Chá da Meia-Noite” integra a competição principal para Melhor Curta-Metragem. É exibida no Queer Lisboa 19 no dia 23, às 19h15, na Sala 3 do Cinema S. Jorge. Sibila Lind estará presente a apresentar esta curta-metragem que vale a pena ver, sobretudo para se conhecer quem é Jo Bernardo.

 

Luís Veríssimo

4 Comentários

  • Eduarda Alice Santos

    “Foge à definição de transexualidade por não ter a necessidade de fazer a cirurgia de redesignação de género.” Deduz-se então que a definição para uma pessoa transexual não passa pela identidade de género dessa pessoa mas pela(s) cirurgia(s) a que se queira submeter? É isso?

  • Eduarda Alice Santos

    Não duvido disso, mas curiosamente no pequenino trailer, a própria Jo afirma que, e cito: “a identidade de uma pessoa não pode estar confinada à decisão de um médico nem confinada a uma cirurgia estética ou reconstrutiva, não pode. A vida, a identidade, a personalidade de uma pessoa não pode estar confinada só a esses dois princípios…”. Daí a minha questão (estas linhas, no meu entender, contradizem a afirmação tanto no texto como na sinopse).