a saber

Mya Taylor de “Tangerine” é a primeira actriz transgénero a vencer nos Spirit Awards

E fez-se história ontem, 27 de Fevereiro, à tarde em Santa Mónica, EUA: Mya Taylor tornou-se a primeira actriz transgénero a vencer um Spirit Award.

 

Os Spirit Awards são entregues desde 1984 pela Film Independent, uma organização sem fins lucrativos, aos filmes independentes americanos com um orçamento inferior a 20 milhões de dólares.

 

Tangerine” concorria aos Spirit Awards em quatro categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador (Sean Baker), Melhor Actriz Principal (Kitana Kiki Rodriguez) e Melhor Actriz Secundária (Mya Taylor).

A película, que foi filmada através das câmaras de 3 iPhone 5S, segue Sin-Dee Rella (Kitana), uma prostituta transexual que, depois de 28 dias presa, descobre, em conversa com a sua melhor amiga, Alexandra (Mya), também prostituta e também transexual, que o seu namorado e proxeneta a anda a trair com uma mulher cisgénero.

Mya Taylor, de apenas 24 anos, bateu a forte concorrência que existia na categoria de Melhor Actriz Secundária, sobretudo com Cynthia Nixon, nomeada por “James White”, e Jennifer Jason Leigh, por “Anomalisa”.

A actriz, no seu discurso de agradecimento, referiu que “existe talento transgénero, existem belíssimos talentos transgénero, portanto é bom que os vão buscar e os coloquem no vosso próximo filme.”.

 

O filme “Carol”, que era um dos favoritos, apenas levou para casa o Spirit Award para Melhor Fotografia (Edward Lachman), embora estivesse nomeado para mais cinco categorias: Melhor Filme, Melhor Realizador (Todd Haynes), Melhor Argumento (Phyllis Nagy), Melhor Actrizes (Cate Blanchett e Rooney Mara).

 

Fotografia: Getty Images

Luís Veríssimo

2 Comentários

  • Merry Alvezeras

    Bom, como já passaram 4 dias e ninguém se chega à frente, aproveito para me congratular com este prémio atribuído a Mya Taylor.
    Não deixa de ser curioso verificar a aparente indiferença para com esta situação e compará-la com as imensas manifestações de júbilo e de gratidão para com a TAP, por esta – no fim de contas – apenas se ter limitado a cumprir a lei, naquela situação do casal de lésbicas que foi insultado no Facebook por ter tido a ousadia de mostrar que existia.
    Também não deixa de ser curioso verificar a aparente indiferença para com esta situação e compará-la com as imensas manifestações de júbilo e de gratidão para com aquela equipa de futebol inglesa, muito querida e fofinha, que resolveu criar uma subcasta de adeptos LGBT dentro da casta dos adeptos de futebol, evidentemente sem intuitos comerciais, porque isso, já todos sabemos é uma patente do capitalismo selvagem e da hegemonia do imperialismo americano.
    E antes que venham dizer que estou a armar aos cucos, declaro que não tenho quaisquer pretensões a falar em nome do pessoal trans e que não sou trans (pelo menos até ver…), mas apenas me faz confusão que no meio de tanta “comemoração” com os 10 anos do assassinato de Gisberta, ninguém se tenha lembrado de festejar este pequeno passo (ou, se calhar, não tão pequeno assim) em direção à integração do pessoal trans.
    Há alturas em que me pergunto que raio está o T a fazer na sigla LGBT. E começo a perguntar-me, também, se não terão alguma razão aquelas pessoas que estão sempre a bradar contra a transfobia (que mata e desumaniza), a invisibilização e apagamento trans, etc. (embora, curiosamente, também não as veja a festejar este acontecimento…).
    Enfim, vidinhas….