O apresentador de televisão e locutor de rádio, Rui Maria Pêgo, filho da também apresentadora Júlia Pinheiro, resolveu sair do armário com uma mensagem partilhada no seu perfil de Facebook. Na sequência do massacre de Orlando, Rui Maria Pêgo faz uma reflexão sobre as vítimas. No decorrer do texto, escreve a dada altura: “Coincide gostar de homens. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa.” Já no seu programa “Filho da Mãe” no Canal Q, o apresentador tinha deixado em aberto por diversas vezes a sua sexualidade. Reproduzimos aqui, com autorização do apresentador, a mensagem que deixou no Facebook.
Há uns tempos um amigo perguntava-me: “o que é isso de ser figura pública? Já se qualificam como figuras públicas, as meninas apanhadas a fazer amor no Main?”.
Dificilmente. Por mais que já se lhes conheça alguns ângulos mortos.
Conheço pessoas que dizem ser “figura pública por profissão”. Ou seja, existem, respiram, de forma… Pública. O seu trabalho é esse: oxigenar o sangue à frente dos outros.
Tudo bem. Cada um respira como quer. Menos aqueles que acabam mortos por não respirarem como é suposto.
E não estou aqui a fazer uma graça com asmáticos. Morreram 50 pessoas em Orlando – terra da Disney – que ousaram ser quem são dentro de um local que imaginavam seguro.
No fundo, respiravam. Lá na vida deles. Ligeiramente entrincheirados numa discoteca lá “deles”.
Para sempre “meio entrincheirados”.
Porque é sempre assim, não é? Morreram “aqueles”. Aqueles sírios. Aqueles turcos. Aquelas nigerianas raptadas e violadas pelo Boko Haram. Aqueles paneleiros que quiseram abanar-se ao som de Ariana Grande.
Não digo paneleiros para chocar. Digo-o porque as palavras têm vida; memória. Digo-o porque esses paneleiros são iguais a ti que estás a ler isto.
E são completamente iguais a mim; são pessoas.
Por circunstâncias escolhidas e herdadas, sou uma figura pública – por mais que o termo me faça rir.
Contudo, não desconto no IRS com croquetes e não apareço muitas vezes nas revistas que acabam esquecidas em salas de espera. Esse não é o meu trabalho.
O meu trabalho é público. Seja na televisão, ou na rádio, mas gosto de pensar que existe para promover discussão.
É por isso que escolho ter o desplante de falar disto às quase 60 mil pessoas que seguem esta página [de Facebook].
Coincide gostar de homens. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa.
Não me parece pedir muito.
E eles não pediram muito. Quiseram só estar à vontade.
Não quero pôr um # a trendar.
Quero só que penses como, ao fomentar o ódio, vamos todos parar ao mesmo forno.
É só uma questão de tempo.
Não rezes por Orlando. Trata só os outros com o respeito que gostarias que tivessem por ti.
Dificilmente. Por mais que já se lhes conheça alguns ângulos mortos.
Conheço pessoas que dizem ser “figura pública por profissão”. Ou seja, existem, respiram, de forma… Pública. O seu trabalho é esse: oxigenar o sangue à frente dos outros.
Tudo bem. Cada um respira como quer. Menos aqueles que acabam mortos por não respirarem como é suposto.
E não estou aqui a fazer uma graça com asmáticos. Morreram 50 pessoas em Orlando – terra da Disney – que ousaram ser quem são dentro de um local que imaginavam seguro.
No fundo, respiravam. Lá na vida deles. Ligeiramente entrincheirados numa discoteca lá “deles”.
Para sempre “meio entrincheirados”.
Porque é sempre assim, não é? Morreram “aqueles”. Aqueles sírios. Aqueles turcos. Aquelas nigerianas raptadas e violadas pelo Boko Haram. Aqueles paneleiros que quiseram abanar-se ao som de Ariana Grande.
Não digo paneleiros para chocar. Digo-o porque as palavras têm vida; memória. Digo-o porque esses paneleiros são iguais a ti que estás a ler isto.
E são completamente iguais a mim; são pessoas.
Por circunstâncias escolhidas e herdadas, sou uma figura pública – por mais que o termo me faça rir.
Contudo, não desconto no IRS com croquetes e não apareço muitas vezes nas revistas que acabam esquecidas em salas de espera. Esse não é o meu trabalho.
O meu trabalho é público. Seja na televisão, ou na rádio, mas gosto de pensar que existe para promover discussão.
É por isso que escolho ter o desplante de falar disto às quase 60 mil pessoas que seguem esta página [de Facebook].
Coincide gostar de homens. Mas gosto mais de que toda a gente possa ser o que quiser, onde quiser, de que forma quiser, sem esperar um balázio na testa.
Não me parece pedir muito.
E eles não pediram muito. Quiseram só estar à vontade.
Não quero pôr um # a trendar.
Quero só que penses como, ao fomentar o ódio, vamos todos parar ao mesmo forno.
É só uma questão de tempo.
Não rezes por Orlando. Trata só os outros com o respeito que gostarias que tivessem por ti.
Rui Maria Pêgo, apresentador.
11 Comentários
Miguel R
Foi um texto muito bem conseguido, acho que expressa muito aquilo que passou pela cabeça de tantos nós. Esperemos que as pessoas não ignorem a mensagem desse texto para a reduzirem a uma saída do armário de uma figura pública.
Senhor Anónimo
De um lado temos os obscuros Lorenzo e Pedro a facturar com o activismo e do outro temos o Rui Pêgo.
gloria cabral
Artigo muito bom. Espero realmente que altere alguma coisa nestas cabecinhas tontas que não deixam os outros serem aquilo que quiserem ser … todos temos direito a uma vida melhor e com respeito portanto somos realmente todos iguais ! cada um com as suas opiniões, os seus desejos , religiões,sexualidade… somos todos iguais e diferentes também por isso amigos respeito pelo proximo .
Francisco
Obrigado, Rui Pêgo!
Anónimo
O que tenho a dizer que o autor desse texto sabe falar sabe pensar sabe ser ele propio acima de tdo spesar de ser filho de figura publica tem vida vontade e maneira propia a falar por si e pela liberdade dos que sao como ele tdos diferentes tdos iguais parabéns. Gostei…
Melya Caiado
Eu,li todo o texto é subscrevo as palavras de Rui!
Cada um,tem o direito de ser como é…viver de acordo com sua maneira de ser.
Porque se assim não é,entao não aprovem leis!
Raquel Ferreira
Aplaudo.
De pé!
Manuel Martins Torres
Como ser humano concordo plenamente com o Rui Pego,,são seres humanos como ,com liberdades iguais , diferenças gostarem de parceiros do mesmo sexo , o que não da o direito a ninguém de os criticar ou molestar ..
Cláudia
Respeito pelos outros, é somente isso que se espera. A nossa liberdade termina quando interferimos com a dos outros.
Parabéns Rui!
vitor
Parabéns és um miúdo bonito , corajoso, neste país que tem muito que evoluir.
Anónimo
Sinto-me triste ao ler este “desabafo deste menino”, nota-se muito bem que é um rapaz complexado, e usou este crime hediondo nos Estados Unidos para se declarar, da minha parte não era necessário pois sempre tive a opinião de que ele tinha algo de homosexual, porque nota-se que o é já faz tempo, (anos).
Para já não está com os pés bem assentes na terra, e tem ideias baralhadas, pelo menos a julgar pelos temas por si redigidos, vai quase de certeza ter alguns problemas a nível pessoal e familiar, já em termos profissionais até pode ser positivo, até pode abrir certas portas e ter uma carreira fantástica como tantos outros que estão na berra nas Tv´s de Portugal, já assumidos, e outros que ninguém tem duvidas.