Cinco artistas LGBTQIA+ que não podes perder no Primavera Sound Porto
O Primavera Sound Porto é um dos maiores festivais de música do país. A edição deste ano, que regressa ao Parque da Cidade, decorre de 12 a 15 de Junho. Aos seus palcos, espalhados pelo grande pulmão verde da Invicta, subirão muitos artistas LGBTQIA+. Damos-te a conhecer cinco, da pop electrónica à música popular brasileira, que não poderás perder.
Angélica Garcia é uma cantora e compositora norte-americana de origens mexicanas, reconhecida pelo seu estilo que conjuga indie, pop e influências latinas. Identificando-se como mulher queer, tem-se tornado uma voz importante dentro da comunidade LGBTQIA+, abordando temas como identidade e pertença nas suas músicas. No seu álbum de 2020, Cha Cha Palace, Garcia explora as suas experiências como pessoa queer, destacando-se a canção "Kento". Tem falado abertamente sobre os desafios de ser artista mulher, queer e latina numa indústria maioritariamente branca e heteronormativa. Angélica Garcia também tem sido uma defensora activa da representatividade, especialmente para artistas queer e latinos, utilizando as suas redes sociais para apoiar a comunidade. Virá ao Primavera apresentar o seu álbum de 2024, Gemelo.
ANOHNI and the Johnsons é o projeto musical liderado por Anohni. Identificando-se como pessoa trans usando os pronomes Ela/Dela, tem dedicado o seu percurso musical à exploração na fronteira de temas como a identidade de género e sexualidade, política social e questões ambientais. Em 2005, com o lançamento do álbum I Am a Bird Now, Anohni ganhou reconhecimento mundial, em temas em que aborda a dor da transição e da marginalização. No seu trabalho solo e com a banda, tornou-se uma das vozes mais sonoras ao desafiar normas de género e sexualidade. O álbum Hopelessness (2016), por exemplo, trouxe uma fusão de música eletrónica com letras acutilantes sobre justiça social e crise ambiental. Além da sua carreira musical, Anohni tem uma importante intervenção no activismo pela visibilidade e pelos direitos das pessoas trans e das comunidades marginalizadas, sendo uma referência de resistência dentro e fora da indústria musical. O último álbum da banda, My Back Was a Bridge for You to Cross, tem Marsha P. Johnson, a lendária activista trans e figura central da revolta de Stonewall de 1969, como principal inspiração.
Charli XCX é uma cantora, compositora e produtora britânica identificada pelo seu estilo musical extravagante que vai da pop experimental, à electrónico e ao avant-garde. Os seus álbuns, como Charli (2019), How I’m Feeling Now (2020) e Crash (2022), são celebrados não apenas pela inovação sonora, mas também pela representação queer e pela quebra de normas no pop mainstream. Em 2024, lançou Brat, um álbum que explora temas de empoderamento e liberdade sexual, tornando-se imediatamente uma referência na cultura queer contemporânea – cunhando expressões como “brat summer”, por o álbum ter sido lançado nessa estação do ano. Charli identifica-se como bissexual e em várias entrevistas tem comentado como a sua sexualidade influencia a música que produz. Também tem usado sua projecção mediática para apoiar e dar a conhecer outras vozes LGBTQIA+, criando um espaço de visibilidade e aceitação na indústria musical. É uma das artistas mais importantes da cena pop contemporânea, especialmente entre o público queer. Este ano, é uma das cabeças de cartaz do Primavera Sound Porto.
Liniker é uma cantora e compositora brasileira que se destaca pela sua voz poderosa e pelo seu estilo musical, que funde pop, soul e MPB. Liniker é uma mulher trans e tem sido uma figura central na visibilidade e aceitação da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. O álbum Indigo Borboleta Anil (2021) marca o início da sua carreira a solo, mas foi com Caju (2024) que Liniker ganhou projecção além-fronteiras, e muito particularmente em Portugal. É com este álbum, que reflecte o seu amadurecimento artístico e pessoal, que se irá apresentar no Primavera Sound Porto, entrelaçando as sonoridades da pop, samba e música brasileira contemporânea. Nas suas composições, Liniker continua a celebrar a diversidade de identidades e a luta pela aceitação, sendo um ícone de resistência e empoderamento no panorama musical brasileiro.
Waxahatchee é o nome artístico de Katie Crutchfield, cantora e compositora norte-americana conhecida pelas suas letras introspectivas e pelo estilo indie rock, com influências do folk e do alt-country. Em 2020, Waxahatchee fez uma mudança significativa na sua carreira ao lançar o aclamado álbum Saint Cloud, que trouxe uma sonoridade mais madura. A artista é assumidamente lésbica e, em entrevistas, tem falado sobre como sua sexualidade influenciou sua música, por exemplo em canções como "Fire" e "Lilacs", em que aborda a vulnerabilidade de experiências românticas que ressoam especialmente entre muitos fãs queer. Waxahatchee tornou-se uma referência dentro da música indie contemporânea, ao cantar com uma voz autêntica para aqueles que se veem fora das normas tradicionais. O seu último álbum de estúdio é Tigers Blood (2024), de que fazem parte os singles “Right Back to It” e “Bored”.
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Pedro Leitão