DDD 2025 – Festival Dias da Dança: as raízes, o corpo e o género em destaque
A 9.ª edição do DDD – Festival Dias da Dança decorre entre 23 de Abril e 4 de Maio nas cidades do Porto, Matosinhos e Gaia. Durante 12 dias, o festival apresenta 27 espectáculos (19 dos quais em estreia absoluta ou nacional), num total de 49 récitas. O programa reúne artistas consagrados e emergentes, com actuações distribuídas por diferentes palcos e espaços culturais das três cidades.
Este ano, o festival partilha com o público histórias de migração, trabalho e género. Segundo Drew Klein, Director de Artes Performativas da Ágora, «apesar de não haver uma imposição de temática fixa, inevitavelmente há temas que surgem, moldados pelas visões artísticas que respondem ao aqui e agora. Algumas obras desta edição relacionam-se com as histórias do flamenco, da salsa, do tanztheater, do drag, entre outras. Mais do que homenagear essas formas, reenquadram-nas e reclamam-nas, jogando com o movimento e o contexto num espírito de colaboração».
A temática queer também volta a estar amplamente representada nesta edição. Deixamos oito sugestões de espectáculos e de festas, representativos de uma programação vasta e diversa.
Cafezinho, Gaya de Medeiros | 24 e 25 Abril
Uma reflexão multigeracional sobre o tempo, a finitude e o desejo de permanência e de viver face à desesperança e a morte. Inspirado em Café Müller, de Pina Bausch, revisita os clássicos da dança contemporânea, celebrando o corpo como resistência e reinvenção diante do tempo.
RE.SET a metaphor for my queer emancipation, Be Dias com N▲N▼, Catarina Côdea, Pietro Romani e Jo Castro | 25 e 26 Abril
Performance autobiográfica de Be Dias que celebra sua lesbianidade em constante transformação. Inspirada pelo cabaré, pela contracultura Queercore e por ícones como Grace Jones e bell hooks, a obra mistura memórias pessoais e artísticas. É um tributo à comunidade LGBTQIAPN+, ressaltando a importância da escuta e da conexão com outras vivências.
LABIA, Jo Castro com Francisca Manuel, Lui L'Abbate, Rezmorah e ROD | 26 e 27 Abril
LABIA é um projecto artístico autobiográfico que parte da identidade queer como força de desestabilização e de reinvenção. Reunindo artistas multidisciplinares, propõe um espaço de coexistência transfeminista e interseccional, onde subjectividades se entrelaçam sem hierarquias. Apresenta memórias e afectos de processos passados, abrindo-se a novas cosmologias e sentidos.
KING SIZE, Sónia Baptista | 29 e 30 Abril
Explorando a construção da masculinidade através da lente do drag king, questionam-se os papéis de género tradicionais na dança e no teatro. A performance cruza crítica social com expressão artística, revelando a teatralidade e artificialidade da masculinidade. É uma análise provocadora sobre o que significa performar o género.
VAIVÉN, Camilo Mejía Cortes | 3 e 4 Maio
VAIVÉN é uma exploração íntima de Camilo Mejía sobre a sua relação com a salsa, percorrendo e desvendando camadas de negritude, masculinidade, queerness, migração e espiritualidade. Através da dança, desafia narrativas dominantes e amplia o entendimento sobre esses temas. A performance mergulha num universo sensorial que entrelaça memórias pessoais e o imaginário latino-americano.
Magic Maids, Eisa Jocson & Venuri Perera | 3 e 4 Maio
Um ritual-dança que liga a figura da bruxa à da criada, revelando a raiz misógina comum a ambas. A partir de relatos de cuidadoras nas Filipinas, Sri Lanka e Indonésia, a peça denuncia a exploração do corpo feminino colonizado. Com magia e resistência, transforma a vassoura em símbolo de luta feminista.
SOLTE A SUA FERA [Festa-Performance], Coletivo Afrontosas | 26 Abril
Mergulham na noite como espaço de encontro, mistério e encantamento, onde todas as corporeidades podem existir. A performance evoca sons, formas e cores que se diluem na escuridão, criando um universo sensorial e mitológico. É uma celebração da existência plural, onde o tempo é espiral e a visão periférica, revelação.
Fylhas do Dragão [Festa] | 3 Maio
Fylhas do Dragão é uma festa queer que subverte o símbolo do dragão, transformando-o numa entidade de liberdade, humor e sensualidade. Criada por Onio e Fer, propõe uma pista de dança sem regras, onde estilos e estéticas se misturam como numa sopa sonora. É um espaço de celebração espontânea, onde a diversão é levada a sério.
Fotos: Leonor Tudela (Teatro Municipal do Porto)
Pedro Leitão