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Activismo LGBT cristão: ele existe mas precisa de visibilidade

 

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É possível ser activista LGBT e cristão? Foi esse o ponto de partida da intervenção do padre anglicano Fernando Santos, no encontro “dezanove ao vivo”, que decorreu no Centro LGBT, em Lisboa.

 

“Não há utopia nisto, há várias realidades. No caso português há timidamente situações de gays cristãos a afirmarem e a envolverem-se no activismo. Temos o caso concreto da Rumos Novos, que é uma associação de católicos homossexuais, com quem de vez em quando colaboro”, referiu Fernando Santos, pároco em vários locais na zona da Grande Lisboa e que destacou que este activismo cristão, apesar de não ser conhecido do grande público, tem um percurso de décadas. “Um ano antes da manifestação de Stonewall, nos Estados Unidos, tinha sido fundada a primeira igreja exclusivamente para homossexuais, em que houve um primeiro culto onde 11 pessoas LGBT. Podemos achar que é um trabalho ineficaz e sem sentido. Mas há vários países onde várias igrejas aprovaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo, como a igreja anglicana ou a luterana no Norte da Europa. Mas isto não caiu do ar. Houve um activismo LGBT cristão no seio dessas igrejas que foi trabalhando e está a trabalhar para que isso possa acontecer”.

No caso da igreja anglicana em Portugal, designada por Igreja Lusitana, ainda não se realizou qualquer debate sobre a questão do casamento religioso entre pessoas do mesmo sexo. Cada país onde a igreja anglicana está presente tem autonomia para decidir sobre esta matéria. “Temos um modelo democrático em que o governo da igreja é feito com o clero e o povo. Temos algo que chamaríamos, de forma mais civil, assembleia geral, mas que nós chamamos de sínodo, onde as decisões da igreja são votadas”. É este modelo que permitiu que o casamento religioso entre pessoas do mesmo sexo tenha sido aprovados nos Estados Unidos ou na Escócia ou que em Maio vá a votação no Brasil. Mesmo assim, admitiu Fernando Santos existem algumas “tensões internas” na comunhão anglicana, já que existem igrejas nacionais contra o casamento ou defesa dos direitos civis das pessoas LGBT.

Num encontro marcado por várias questões do público, Fernando Santos relatou ainda que testemunhou, tanto na vigília em memória das vítimas de Orlando como na última Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa, “uma série de cartazes que me incomodam e me agridem naquilo em que acredito. Quando vejo cartazes a ofender directamente uma entidade em que acredito e que é fundamental na minha vida, desculpem os termos, é pior que chamar prostituta à minha mãe. Alguns dqueles que não acreditam e que têm o direito em não acreditar, às vezes não têm a noção de quem quem tem fé, esta dimensão da fé é importante e até pode ser vital”, apontou, a propósito de cartazes ou slogans anti-religião presentes em manifestações LGBT.