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Passos Coelho apresentou livro “Identidade e Família”, que ataca “a ideologia de género” e “a cultura de morte”

O antigo primeiro-ministro do PSD apresentou esta segunda-feira um livro com textos que alertam contra a “destruição da família” tradicional e a “ideologia de género”. André Ventura marcou presença no evento e sugeriu a candidatura de Pedro Passos Coelho à Presidência da República.

A Esquerda acusa Passos Coelho por apresentar um livro “machista, homofóbico e anti-liberdade”. Vários sectores consideram o livro “anti-progressista”.
 
“Identidade e Família”, publicado pela Oficina do Livro, reúne um conjunto de textos sobre os temas e “iniciativas” que têm “lesado a instituição Família” da autoria de 22 personalidades portuguesas da ala direita conservadora: Fernando Ventura, Gonçalo Portocarrero de Almada, Guilherme d’Oliveira Martins, Isabel Almeida e Brito, Isabel Galriça Neto, Jaime Nogueira Pinto, João César das Neves, João Duarte Bleck, José Carlos Seabra Pereira, José Ribeiro e Castro, Manuel Clemente, Manuel Monteiro, Manuela Ramalho Eanes, Margarida Cordo, Nuno Brás da Silva Martins, Paulo Otero, Pedro Afonso, Pedro Vaz Patto, Pureza Mello, Raquel Brízida Castro, Rui Diniz e Vasco Pinto de Magalhães. 
 
“Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade” é uma obra coordenada pelos quatro fundadores do Movimento Acção Ética – António Bagão Félix, Pedro Afonso, Paulo Otero e Victor Gil, e fala da família como “natural, universal e intemporal”, valores que não se alteram, “apesar da mudança constante da sociedade”. António Bagão Félix disse ao Observador que espera com este movimento “procurar influenciar, designadamente as políticas públicas”.
Este “manifesto anti-progressista” protesta assim contra várias “iniciativas” que têm “lesado a instituição familiar” – sendo dados, como exemplos, a legislação que “facilita o divórcio”, a eutanásia, o aborto (interrupção voluntária da gravidez), a “imposição” da ideologia de género ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.  
 
Importa saber:
  • Recorde-se que a expressão “ideologia de género” não é reconhecida por todos os académicos, que preferem utilizar antes “identidade de género”. O termo surgiu em textos doutrinários da Igreja Católica em 1997, escritos pelo então cardeal e futuro papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, de acordo com um artigo dos investigadores Richard Miskolci e Maximiliano Campana, da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, e publicado em 2017 na Revista Sociedade e Estado, editada no Brasil. Desde então, a expressão tem sido utilizado por grupos conservadores como expressão depreciativa das ideias veiculadas por certos grupos feministas ou de defesa da diversidade e sexualidade.
  • Note-se que esta obra também tem partes em que considera que a disforia de género está “associada a vários patologias psiquiátricas” – algo já refutado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
  • Na obra também se contesta a “convicção” de que as “senhoras” foram “sucessivamente oprimidas e desprezadas” – o que ignora e desvaloriza a repressão das mulheres na sociedade portuguesa.

4 Comentários

  • Monique Veronique

    Nojo absoluto. Está na hora de boicotar essa editora, “Oficina do Livro”, e o seu grupo editorial Leya.

  • Ivan

    Surreal como é que em pleno século XXI ainda existe esta mentalidade. Cada vez mais se vê o ressurgimento de ditadores que querem mandar na vida alheia. Nojo de gente, a quem a felicidade dos outros lhes faz confusão. Nem a morte da mulher o tornou mais humano, mas antes, mais besta quadrada ainda. E isto nada tem a ver com ser de direita e esquerda. Tem a ver com ser-se racional ou um imbecil.

  • Ana

    Impressionante, mas vocês não são os que cantam “viva o 25 de Abril”? Querem censurar um livro? Isso relembra-me do que aconteceu na Alemanha há alguns anos atrás. Entendam e aceitam que todos têm direito à sua opinião, ou só somos livres se concordarmos com a agenda esquerdista?