Centenas de pessoas saíram à rua para acompanhar, pelo sexto ano consecutivo, a Marcha Contra a Homofobia e Transfobia de Coimbra. A manifestação voltou a coincidir com o Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia e Transfobia, assinalado este Domingo.
A marcha, organizada pela Plataforma Anti Transfobia e Homofobia de Coimbra, começou nos jardins do Mosteiro de Santa Clara a Velha, atravessou a Ponte de Santa Clara e cruzou o centro da cidade, nomeadamente o Largo da Portagem, a rua Ferreira Borges, tendo terminando na Praça 8 de Maio.
O manifesto da Marcha deste ano chamou a atenção para as situações de violência que continuam presentes no quotidiano em Portugal. “Não é verdade que quem cala consente – no país da violência, quem cala fá-lo por medo. O ataque a dois jovens após as comemorações da noite de 24 de Abril de 2014, em Lisboa; o ataque a jovens lésbicas e gays à porta de uma discoteca lisboeta, no fim de Agosto; o acosso vivido por um jovem madeirense, obrigado a mudar de escola constantemente; o ataque de um taxista a uma jovem lésbica em Dezembro, no Porto – estes são apenas alguns dos casos que nos levam a exigir, novamente, segurança, reconhecimento e respeito para todas as pessoas independentemente da orientação sexual, relacional ou identidade de género”, apontaram os responsáveis.
6 Comentários
Filipe
Quando lá estudei Coimbra era uma desilusão para os homossexuais e para os bissexuais.
Não havia um único bar LGBT ou LGBT friendly. Ninguém discutia o tema homossexualidade, nem na Faculdade de Letras, o que era estranho pois houve tantos autores de qualidade que foram LGBT e que abordaram o tema nas suas obras. Na Fac. de Medicina havia professores para quem a homossexualidade era vício e doença: parece que a religião de alguns médicos se sobrepunha à ciência.
Havia uma zona de engate gay perto do rio Mondego para onde ia alguma da nata social da cidade. Havia um ou outro prostituto e alguns assaltos. O espelho da grande hipocrisia da cidade.
A praxe tinha um forte discurso homofóbico, misógino, brejeiro.
Havia um certo desfilar de aparências, vaidades e arrogância nos «coimbrinhas» que não gostei. E uma aura pesada de religiosidade, superstição e crença nas pessoas mais velhas. Recordo os cartazes a preto e branco com os nomes e fotos de defuntos espalhados pela cidade.
Espero que Coimbra tenha mudado. Como cidade de estudantes, há cerca de 15 anos foi para mim uma grande desilusão.
kuruboo
olha tudo continua na mesma .É terra que parou no tempo só se vê alguma coisa por causa da universidade o resto é gente muito intolerante e old fashion.
JP
Pois no final é que está o ponto principal. 15 anos separam a sua experiência como estudante em coimbra e os dias de hoje. Fez um retrato real de como as coisas eram, nada tem de mal, mas tem que encarar que as coisas mudam e que hoje as coisas mudam mais depressa ainda, de dia para dia, quanto mais no espaço de uma década e meia.
Não diga que há 15 anos a sua experiência como estudante foi uma grande desilusão porque não se falava de homossexualidade, porque não se engatava livremente, porque não havia um bar gay… Porque os tempos eram esses, as coisas eram assim mesmo, não havia como ser diferente. Você só sabe que as coisas são diferentes, agora, agora que há telemoveis e internet, agora que se anda sem medos na rua, agora que se pode ser gay em sociedade, agora que ha locais e produtos destinados a este publico. Pelo que presencia agora pode fazer uma comparação com o seu tempo, e sentir uma certa nostalgia “quem me dera que isto tivesse existido no meu tempo”!!!
Acho que só tem dois caminhos a seguir: ou compila as suas historias e experiências num livro, porque de facto esses tempos já lá vão e só têm interesse para a história LGBT, ou junta-se aos novos e acompanha os tempos modernos.
Faça como eu, que devo ter da sua idade: não se prenda a memórias do passado, acompanhe a evolução.
Filipe
«Não diga que há 15 anos a sua experiência como estudante foi uma grande desilusão porque não se falava de homossexualidade, porque não se engatava livremente, porque não havia um bar gay… Porque os tempos eram esses, as coisas eram assim mesmo, não havia como ser diferente.»
Sou natural dos arredores de Lisboa. Talvez por ser capital seja compreensível que haja diferenças notórias, mas há 15 anos havia outra dinâmica. Viam-se em quiosques capas de revistas porno gay, em montras voltadas para a rua, havia noite LGBT desde o fim do 25 de Abril, praias associadas à comunidade LGBT e já se viam ocasionalmente homens de mão dada, regra geral estrangeiros. Perto de mim havia pelo menos três casais do mesmo sexo, viviam juntos e os vizinhos ignoravam. Um deles era médico lá na terra. Mas sendo capital compreendo a diferença.
Nem falo da realidade do Sul de Espanha onde passei muitos Verões com a minha família. Portanto naquela época havia já outro mundo tanto em Portugal como em Espanha.
O que mais me chocou em Coimbra foi simplesmente por ser uma cidade de estudantes. Afinal, em alguns cursos deveriam contactar com o tema e falar dele abertamente. Em Letras deveriam certamente contactar com a realidade da homossexualidade na Antiguidade, em Antropologia deveriam falar dos diferentes códigos e comportamentos sexuais que proliferam em distintas tribos e povos de todos os continentes, e em Medicina deveriam aprender que a homossexualidade não era uma doença mental. Ou seja, sendo uma cidade universitária o tema não deveria ser tabu, deveria ser abordado de forma académica e sem as palas da parolice, da ordinarice e do catolicismo. E não era isso que sucedia.
Não digo que houvesse rapazes a namorar, a engatar, que houvesse bares e discotecas. Mas exigia-se que o tema fosse abordado pelo prisma do Conhecimento, e que esse mesmo conhecimento trouxe-se uma tolerância aos alunos e professores que não se vislumbrava.
JP
Acho engraçado falares na faculdade de Letras. Porque precisamente há 13 anos, tinha eu 24. Fui conhecer uma pessoa bem mais velha que eu (ele tinha 39), e que era professor de literaturas românicas na dita faculdade. Lembro-me bem que depois do envolvimento até fui com ele jantar ao refeitório da faculdade, junto de colegas dele, eu estava receoso e ele disse simplesmente para não me preocupar. Fiquei com ideia que sabiam dele ou que não se preocupava com o que pensavam. E isto foi em Coimbra há 13 anos.
pedro (Brasil)
venham para o Brasil, aqui estamos na luta em prol da nossa cidadania e fato , mas nao desista vamos transormar coimbra uma cidade para todos, vamos lutar pela nossa felicidade, venham viisitar o Brasil,