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José António Saraiva: “As ‘paradas gay’ são um perfeito disparate”

“Sempre achei que o ‘orgulho gay’, as ‘paradas gay’ são um perfeito disparate. Orgulho porquê? Se, como os próprios dizem, ser homossexual é qualquer coisa independente da vontade, não se percebe que seja motivo de orgulho. Orgulho tem-se naquilo que foi obtido com o nosso esforço e o nosso trabalho.” As frases são de José António Saraiva, director do semanário Sol, num dos seus mais recentes artigos de opinião intitulado “O Armário”. “A admitir-se a parada do ‘orgulho gay’, teria de se aceitar uma parada do ‘orgulho heterossexual’ – com machos de fartos bigodes e abundantes pêlos no peito a desfilarem pelas ruas”, considera.

Recorde-se que nas próximas semanas decorrem as marchas de defesa dos direitos LGBT em Lisboa, Braga e Porto. Além disso, a 27 de Junho o Terreiro do Paço (Lisboa) será ocupado pelo Arraial Pride.

O director do Sol estranha no mesmo artigo que “certas pessoas” venham a público dizer que são homossexuais. “O que temos nós a ver com isso? Estou-me nas tintas para saber se um político é ou não é gay. Não passa a ser melhor nem pior por isso. E não vejo qualquer vantagem em expor a sua intimidade na praça pública.” José António Saraiva acrescenta ainda: “Ainda percebo que os homossexuais gostem que outros homossexuais se assumam publicamente como tal. Porque acham que alguém assumir-se como gay, sobretudo se for uma pessoa conhecida (um actor, um apresentador de televisão, um desportista), tem um efeito multiplicador, contribuindo para o crescimento da ‘causa’ da homossexualidade”.

Os colectivos Pride Azores, Free Zone, Diversity, Rede Positivo e Opus Gay elegeram em 2012 José António Saraiva como um dos portugueses mais homofóbicos, depois de ter escrito que a homossexualidade tinha como origem a “propaganda” e a “revolta”. O director do Sol tinha-se também antes manifestado contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O casamento, na sua opinião “é entre um homem e uma mulher”.

27 Comentários

  • Nuno Fernandes

    Tenho a impressão que essa criatura ainda tem muita coisa mal resolvida desde a situação do rapaz no elevador do Chiado, ou talvez ainda muito antes disso. Que se resolva de uma vez por todas e não utilize o “seu jornal” para dizer disparates!

  • Mars

    Parece que todos os anos é preciso explicar que o “orgulho gay” surgiu como oposição à vergonha, à humilhação, ao machismo bafiento que destruíram tantas vidas. Orgulho gay está para orgulho heterossexual como black pride para o white pride ou feminismo para o machismo. Quem ainda não percebeu isto, é porque não quer ou é estúpido. Este indivíduo faz-se de parvo, se noutros tempos apelaria alto e bom som à morte da paneleiragem agora restam-lhe artigos a tresandar a homofobia envergonhada e condescendência, em que muito educadamente pede à população LGBT para serem razoáveis e voltarem para o armário.
    Pior, é que muitos homossexuais enrustidos também querem o fim das marchas – “aquilo são só bichas!”. Fim à homofobia? Sim, claro! Liberdade? Absolutamente! Mas só até ao ponto em que afecta o próprio; gays efeminados, fora com eles, isso já não é homofobia nem machismo, é só bom senso.

    “machos de fartos bigodes e abundantes pêlos no peito a desfilarem pelas ruas”
    Será que este senhor já ouviu falar da cultura bear?

  • miguel

    este gajo é um anormal, um imbecil. não sei é porque é que ainda lhe passam cartão.

  • Alvaro Leite

    Eu acho que esse Senhor ainda tem muito a aprender sobre o significado da Marcha… Além disso, uma vez que ele é o diretor desse Seminário, ele deveria sabê-lo.

  • Concordo absolutamente!

    Concordo absolutamente!
    E tenho vergonha das cenas tristes que fazem nas marchas. A esmagadora maioria dos homossexuais não são bichonas nem travecas.
    Há uma maioria silenciosa de homossexuais que não frequenta a noite gay nem passa a vida a ver os mesmos shows de travestis semana após semana.

  • Joel Pinto

    Concordo em absoluto com o que diz e condeno também as marchas nesse sentido. Pode-se lutar pelos nossos direitos sem se cair no ridículo e na bichice…

  • Joel sem pinto

    Cada um/a cai onde quer. A liberdade é de todos e não do que uns decidiram que era o normal.

  • Carlos

    Ui, “maioria silenciosa”??? Estamos a dar uma de Nixon? Ou ficamos só pelo Spínola? Eu tenho é vergonha de bichas recalcadas, daquelas com pavor da visibilidade e diversidade, papagaios à exaustão de um sistema de valores discriminatório. Deves ser daqueles que escreve no perfil “masculino para masculino” e afins.

  • Anónimo

    Fui uma vez à de Lisboa e em minutos desisti.
    Não me identifico com o que vi e com as pessoas que vi.

    O que vi:

    – transformistas e crossdressers
    – travestis e trans prostitutos
    – bichas em cuecas ou vestimentas aberrantes
    – atitudes provocatórias dirigidas a quem passava

    Não me parece que isto possa mudar a opinião que as pessoas têm e muito menos apagar a ideia de que todos os homossexuais querem ser mulher e são efeminados.

    Efectivamente, o termo “maioria silenciosa” aplica-se na perfeição a quem não se identifica com isto e não tenho duvida que é mesmo a maioria.

  • Filipe

    Uma marcha de homens com bigode e peitos peludos? Isso soa-me a marcha de bears e muscle bears…

  • Gonçalo Diniz

    É lamentável que JAS se prenuncie sobre coisas que não entende e apenas demonstra a sua falta de conhecimento e sensibilidade com a divulgação destas opiniões. Se não entende eu passo a explicar: o orgulho é um contraponto a vergonha. Vergonha que resultam de códigos sociais retrógados e ultrapassados que levaram (e certamente continuam a levar) muitos jovens a serem emocionalmente disfuncionais, socialmente marginalizados, e – ao extremo – ao suicídio. Vergonha resultado de séculos de perseguição, extermínio e tabu (think Nazi, Uganda, Russia, Irão… a lista continua). Se o JAS não gosta dos desfiles, não vá. Ninguém o obriga a ir, ou assistir na TV. Basta desligá-la. Agora, por favor não venha pregar os seus moralismos sobre um assunto do qual não tem autoridade. Este tipo de intervenção apenas confirma que o nosso trabalho nunca está feito. Live and let live.

  • Carlos

    Não foste à mesma marcha que eu, por certo. Eu há 3 anos que vou e pessoas em trajes menores contas com os dedos das mãos. Travestis, crossdressers e transformistas idem aspas ou ainda menos. Se lá foste à partida com um olhar preconceituoso viste o que quiseste, não viste a realidade.
    E qual o problema de ter travestis e afins e homens “efeminados”? Consideramos o género feminino tão inferior ao masculino, para termos repugnância ao observar um homem com comportamentos ditos “femininos”? Temos que todos ter um ar “normal” para sermos aceites socialmente? Isso é uma luta que está à partida perdida. Por mais “macho” que sejamos nunca vamos ser heteros ou ser vistos exactamente como heteros. E a marcha serve para afirmar a nossa diferença em toda a sua plenitude e exigir o respeito e direitos devidos. Sejamos gays, bis, lésbicas, transsexuais, travestis, poliamorosos, cis, não-cis, queer, etc etc.

  • Paulo Sabino

    Totalmente a favor de não se fazerem figuras por exemplo como esta: https://www.facebook.com/dezanove/photos/a.591406110881655.1073741832.112645212091083/591863100835956/?type=3&permPage=1
    Não sei como é que isto nos pode ajudar a sermos vistos de outra forma pela sociedade. Se os provocarmos com atitudes e posturas como esta a sociedade responde com repulsa e fobias.
    A imagem que devemos passar às pessoas é que somos pessoas normais e não um bando de tipos afeminados que se vestem de mulher e se pintam.

  • David

    Não tenho vergonha por quem marca presença nas marchas e as figuras que podem fazer, pois vai quem se sente incluído na comunidade lgbt e nesse sentido todos nós somos livres de marcar presença. No entanto tenho uma opinião: orientação sexual e traços de personalidade são coisas independentes. Um gay não tem de ser feminino como um heterossexual não tem que ser viril (muitos são muito emotivos, etc). É nesse sentido que se fala que os gays não gostam muito dos gays que são femininos, pois a ignorância das pessoas leva-as a pensar que todos os gays são femininos, quando uma coisa não implica a outra. Por ser algo no qual muitos de nós não gostam de se rever, que se pense que temos expressões a vários níveis como as mulheres – o falar, o agir, o vestir – surge o tal preconceito dentro da comunidade lgbt. É uma coisa contraditória e em último caso hipócrita, dado que os gays defendem o fim da homofobia, mas ao mesmo tempo condenam quem é feminino; ambos são preconceitos. Por outro lado entende-se pois vêem a sociedade atribuir-lhes valores que não correspondem àquilo que são, devido à forma como os gays femininos se comportam em eventos como estas marchas por exemplo.

  • eu

    Eu concordo com este senhor… Alguém me pode explicar porque é que está errado? Não quero entrar em conflito, só gostava mesmo que me explicassem. Eu acho que este homem está a dizer uma grande verdade quando se fala de igualdade. Os homossexuais não são mais que os heterossexuais.

  • Ben Nevins

    O Terceiro Sexo está mais que na altura de ser aceite . . . Deixem-se de Preconceitos . . Cada um é como cada qual . . O Ser não se mede pela dualidade Masculino ou Feminino . . . Parece que se acabou de aterrar no século XIX . . .

  • Ben Nevins

    O Terceiro Sexo está mais que na altura de ser aceite . . . Deixem-se de Preconceitos . . Cada um é como cada qual . . O Ser não se mede pela dualidade Masculino ou Feminino . . . Parece que se acabou de aterrar no século XIX . . .

  • Ben Nevins

    O Terceiro Sexo está mais que na altura de ser aceite . . . Deixem-se de Preconceitos . . Cada um é como cada qual . . O Ser não se mede pela dualidade Masculino ou Feminino . . . Parece que se acabou de aterrar no século XIX . . .

  • jdpr

    Este senhor revela uma falta de conhecimento no tema que aborda! Não é digno de um jornalista! Pois este deve manter se informado antes de poder falar sobre qualquer assunto!!!!
    Como deve calcular os Homossexuais passam por um processo psíquico/social muito doloroso! O processo de aceitar se como “ser diferente” leva o seu tempo e é influenciado pelo seu meio social/ religioso/ politico! O Orgulho Gay não é só o Ser Gay! É também todo o processo que é passado até o aceitar-se!! Orgulho por olhar para si e gostar daquilo que é! Não sentir vergonha pela sua situação sexual!

  • NUNO

    Este Sr tão inadequado, tem o tipo de discurso próprio duma pessoa ignorante, o que nada abona aos seus textos,
    Para além do mais tem dever fornecer informação rigorosa e com algum fundamento cientifico tendo em conta que dirige um Semanário.
    Parece um caso claro de homofobia internalizada.

  • Bruninho

    E não é que eu concordo com o homem? Mesmo sendo gay, não vejo qual a ‘cena’ de desfilar e de se expôr. Mas claro, isso vai da opinião de cada um, mas certo é que um político gay, tal como ele diz, não é melhor nem pior político por isso mesmo: ser gay.
    Tal como um músico, um cantor, seja quem for. Se não estiver no seu íntimo ser boa pessoa, não o será. Se não tiver aptidões ara ser um bom político, um bom cantor… enfim, se não tiver aptidões para ser um bom profissional, não é sendo gay que o tornará profissional.

    Em relação a tudo isto (incluíndo no que diz respeito ao José Rodrigues dos Santos), parem lá com as manias da perseguição e foquem-se no que represente realmente uma ameaça. Até porque expressões como: “estamos no século XXI” são ambíguas e servem exactamente neste contexto: manias da perseguição e da discriminação em tudo quanto é esquina.

    (Já referi que sou gay, certo?)

  • Bruninho

    Sem querer alimentar discussões que de nada valem, mas se pedem igualdade de direitos, porque querem a aceitação das diferenças? Não deveria ser antesum pedido pela igualdade de direitos, plena a todoe qualquer ser humano, independentemente de credo, raça, orientação sexual?!…

    Mantenham a coeręncia de discursos, sff

  • Anónimo

    “porque querem a aceitação das diferenças?”
    Exacto, porque é que não nos tornamos todos cishet por magia? Querer a aceitação das diferenças, que horror!

  • Anónimo

    “(Já referi que sou gay, certo?)”
    Sim, é um gay cobarde, privilegiado, discreto e armariado que luta contra os seus próprios direitos. Espero que todos os homens que conhecer no Grindr leiam o que você escreveu para que se recusem a ir para a cama consigo.