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rede ex aequo disponível para ir ao Colégio Militar falar sobre orientação sexual

 

Num comunicado a associação rede ex aequo afirma que contactou a direcção do Colégio Militar para apresentar aos alunos da instituição o Projecto Educação LGBTI. No entanto, o Colégio recusou. Lê o comunicado e as razões apresentadas para a recusa.

«Assistimos recentemente, a um caso inédito na história recente do ensino do nosso país. Aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2010 e a adopção homoparental em Fevereiro deste ano, parecia desenhar-se em Portugal uma nova etapa na construção de uma sociedade mais justa. Eis senão quando, no início de Abril deste ano declarações presentes na reportagem A vida no Colégio Militar: “Parece um Big Brother” vêm pôr à luz do dia o que significa ser homossexual no Colégio Militar.
»A rede ex aequo, uma associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo, luta desde a sua génese contra a discriminação e o bullying nas escolas. Tendo em mente esse objectivo, criámos o Projecto Educação que anualmente desloca dezenas dos nossos jovens voluntários a centenas de escolas de norte a sul do país. Através de uma comunicação de jovens para jovens, falamos todos os anos com milhares de alunos sobre orientação sexual, identidade e expressão de género, bullying e discriminação no ambiente escolar.
»Assim, e face às recentes notícias, a rede ex aequo entrou em contacto com a directo do Colégio Militar de forma a disponibilizar o Projecto Educação também junto dos alunos desta instituição, com o objectivo de trabalhar conjuntamente para acabar com uma realidade que já não é aceitável. Como resposta, tomámos conhecimento que afinal “não existe no Colégio Militar qualquer tipo de preconceito relacionado com a orientação sexual dos nossos alunos” e que “Na realidade, vive-se nesta altura um salutar ambiente de tolerância e respeito mútuo entre alunos e entre pessoal docente e não docente no que concerne à temática em causa”. No seguimento desta justificação e por questões de “calendário”, foi recusada a ida do Projecto Educação a esta instituição.
»Uma vez que lidamos diariamente com jovens, e a sua realidade nas escolas portuguesas, sabemos que as questões de discriminação são maioritariamente invisíveis. No entanto, a discriminação com base na orientação sexual e/ou identidade e expressão de género existe numa base diária nas escolas portuguesas. Apesar de estes casos não chegarem, muitas vezes, aos ouvidos dos responsáveis pela instituição, tal não parece, de forma alguma, ter acontecido no caso do Colégio Militar.
»Por isso, mais do que inaceitável, esta situação revela-se vergonhosa quando perante um problema de discriminação gritante, uma instituição de ensino do Estado nega a sua existência e, consequentemente, a necessidade de uma solução para a resolver. Resta-nos esperar que a ilusão não seja um disfarce mal-ajeitado à última da hora para cobrir algo mais sério e profundo. Até ao choque com a realidade, a rede ex aequo e o Projecto Educação continuarão à espera e disponíveis para ir ao Colégio Militar falar, discutir e educar os alunos sobre discriminação, orientação sexual e identidade e expressão de género.
 
A direcção da rede ex aequo»

3 Comentários

  • Anónimo

    Se no Colégio Militar realmente houvesse “respeito por todas as orientações sexuais”, não teriam problemas em aceitar a presença da rede ex aequo. Nos países nórdicos, esses sim bastante avançados em direitos e mentalidades, fala-se de homofobia a toda a hora. Do mesmo modo que na Alemanha praticamente toda a gente condena o nazismo mas fala-se do mesmo nas escolas em vez de se esquecerem do que aconteceu. Pelo que o Colégio Militar não passa de uma instituição homofóbica e no mínimo o governo deveria cortar qualquer financiamento a essa instituição. Até porque a constituição portuguesa proíbe a apologia do fascismo e a discriminação com base na orientação sexual.

  • Filipe

    O Pedro Ayres Magalhães dos Madredeus disse há mais de dez anos em entrevista que as relações sexuais ocorriam com mútuo consentimento entre alunos nos tempos em que ele frequentou o colégio militar.

    É estranho que nenhum jornalista se dê ao trabalho de fazer o trabalho de investigação que se impõe sobre este tema. Conheço pessoas que passaram pela tropa e pela vida militar com relatos idênticos. Conheço um senhor, heterossexual, casado, insuspeito, mas culto e liberal, perto dos 70, que passou pela guerra colonial e que me relatou casos de sexo entre colegas com conhecimento de todos. Estas ocorrências seriam como os rituais de praxe: o que se passou, ficará escondido até os envolvidos partirem deste mundo…

    A sexualidade do bicho homem é muito fluída, sempre houve e sempre haverá tensão sexual em situações que envolvam grande proximidade entre homens, como internatos, prisões, residências, colégios, seminários, quartéis.