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Bee. O Reino das Abelhas, o Reino das Bixas

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Se as abelhas desaparecessem da face da Terra, a humanidade teria apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora. Sem flora não há animais, sem animais não há vida. Sem vida, não há bixas. Sem bixas, não há festa, não há cultura, não há fervo (termo usado para descrever festa).

O trabalho de curadoria do DJ e produtor cultural Di Candido (DiDi) vai subir à Graça, mais uma vez, depois do tremendo sucesso da BATEKOO com Deize Tigrona no Damas, no final de 2019.

Para os desconhecidos, a Batekoo, que começou como uma festa despretensiosa no Brasil e acabou tornando-se um importante manifesto do movimento negro e LGBTQIA+ que procurava ir de encontro às propostas da geração Batekoo, composta por Di Candido e acolhida pelo Bar Damas que fica no Bairro da Graça, em Lisboa.

Ali têm-se acolhido festas, actividades culturais e artísticas, bem como debates em curso sobre os afrodescendentes e LGBTQIA+ (cultura queer e negritude) em Portugal. Clara Alice, uma das proprietárias do Damas, fez parte das lutas sociais contra o precariado, pela despenalização do aborto, pela visibilidade de colectivos formados por afrodescendentes, imigrantes, LGBTQIA+ em geral. “Para nós é fundamental ser uma casa de acolhimento de propostas dissidentes e que façam pensar a cidade” refere em conversa telefónica com o dezanove.

É deste diálogo que surge a residência artística bee., aqui um nome em inglês de vários sentidos. Di Cândido refere que o termo "bee.", além de ser associado às abelhas, em tradução livre, também pretende reestabelecer uma resignificação do termo "Bixa", que  no Brasil passou a ser uma coisa boa no sentido de pertença de resistência, no sentido do orgulho em se ser o que se é. 

O "Bee." É muito utilizado no Brasil para chegar à mana e falar “e aí bee, tudo bem? ‘Tá boa?” 

É o "bee." das abelhas rainhas. O "bee." de polinizar ideias, resignificar linguagens, abrir as portas para que novas linguagens se possam expressar.

A Bee. parte da ideia de colmeia, de um trabalho colectivo de alianças e propostas capazes de construir uma cidade mais horizontal, mais igual, mais inclusiva.

A Bee. vem conectar artistas queer e um elenco formado por bixas artistas, como o colectivo Pixa Bixa, que trabalha a partir de três eixos: Celebração, Confronto e Ocupação, na celebração "dos corpos, da sexualidade, da “viadagem”, confrontada constantemente de com o pudor conservador e heteronormativo as masculinidades arbitrárias. Ocupar as ruas, derrubar muros e paredes arrancar mais representatividade queer na arte de rua em Lisboa". Ver: https://www.instagram.com/pixabixa_lx/

Como a Performer, Mestra Áquilla Correia, multi-artista, afrotravesti brasileira, graduada em teatro pela Universidade Federal de Uberlândia no Brasil e mestre em teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Áquila tem traduzido as suas performances em diversas linguagens e actualmente pesquisa o corpo na diáspora. Ver:

https://instagram.com/aquilla_correia?igshid=zqg0jq55wp75

Do grupo de polinizadores faz também parte o produtor musical, cantor e designer Xu Lopes que tem trabalhado conceitos musicais diaspóricos a partir da ideia de circulação no campo musical. Entrelaçar sonoridades e devolvê-las ao público é o grande objetivo do seu trabalho. Ver: https://www.instagram.com/xulopes/

Afromary Mariama, Mariama Injai, também integra o colectivo de mostras. O processo de visibilização assenta na produção e partilha de conteúdos sobre temas maioritariamente afrocentrados, com foco “na celebração e empoderamento da negritude, onde outros jovens negros se possam ver representados”. Ver: https://www.instagram.com/afromaryy/

Ligar pessoas, pô-las em contacto a partir da ideia de circulações diversas é a proposta da Bee. , que vai aquecer a cena cultural de Lisboa em 2020. 

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Dia 25 de Janeiro, às 23h, no Damas, a Bee. promete dar visibilidade às diásporas, às abelhas que trazem o favo de mel, numa Lisboa que pode ser amarga para quem não aparece nos postais turísticos, imagens de uma cidade que precisa de ser repensada a partir de outras subjectividades e corpos dissidentes. 

bee. on the beat - A colmeia das bixas. 

All included!

All inclusive!

 

André Soares 

Imagens: Director de arte Pixa Bixa