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Dupla cria projeto fotográfico que aborda nudez e sexualidade masculina

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Rodrigo Ladeira e Fábio Lamounier são videomakers e amigos há 15 anos. Ambos criaram em 2015 o projeto fotográfico Chicos. A proposta da dupla é o foco no homem gay sob o olhar de outro gay, com ênfase nas suas histórias, experiências relacionadas com a sexualidade e construção de identidade, como também a relação deles com o próprio corpo, não importando a sua forma física. A ideia principal do Chicos é abranger diferentes relatos, corpos, lugares, contextos, através dos participantes que aderiram ao projeto. Falámos com ambos há cinco anos. Voltamos agora para saber mais sobre o Chicos.

 

dezanove: O que mudou e evoluiu desde a última vez que falamos? Ou seja de há cinco anos para cá?

Rodrigo e Fábio: O que mais mudou no projeto em cinco anos, acredito que foi nós dois. Em todos os sentidos, mudamos nossa visão sobre o outro e sobre nós mesmos. Mudamos também o que queremos com o projeto, estamos em uma fase de testar novos formatos. Ficamos por três anos fotografando meninos por todas as cidades, fizemos um livro e depois uma zine. Hoje estudamos novas ideias como documentário, vídeos explicativos e outros conteúdos. Ainda não temos nada fixo ou decidido.

 

Podem recordar como surgiu o projeto Chicos?
Acho que o projeto Chicos surgiu com uma inquietação de nós dois. Desde que nos percebemos como gays, com os nossos dezesseis anos, conversamos e discutimos o tema. Buscamos por um respeito e reconhecimento. Com os anos, fomos aprofundando nosso trabalho de vídeo e fotografia com nosso constante interesse em registrar a vida e a intimidade alheia, o Chicos surgiu para mesclar esses dois detalhes. Cada pessoa que se abre para nós, divide seu universo gay, sua intimidade. A pessoa se despe não apenas das suas roupas, mas de suas várias camadas sociais para contar suas histórias.

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Vocês vão até eles (modelos) ou eles vão até vocês?
Isso pode variar, fizemos mais de 150 ensaios nos mais diversos lugares e oportunidades. Mas a maior parte dos ensaios que realizamos os modelos nos procuraram com o desejo de se abrir e posar para as fotografias. Outros acontecem em meio de uma conversa, em um bar, festa ou na rua.

Além das fotos, há também os relatos, qual deles mais te marcou? (para ambos) e por quê?
Os relatos que mais nos marcaram são aqueles que fogem da nossa realidade e nos fazem parar e pensar no outro, no cotidiano da outra pessoa. Depoimento de pessoas que moram longe dos grandes centros urbanos, quando entrevistamos os modelos trans que contaram as suas histórias, o chico que viu o surgimento do vitiligo em sua pele no auge da adolescência. Depoimentos como esses e tantos outros que escutamos, nos fazem entender a pluralidade de vivências e como é importante conhecer e respeitar o outro.

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Há fotos de homens de todos os tipos físicos, a ideia sempre foi mostrar uma pluralidade de corpos?
Buscamos retratar vivências e corpos que sejam plurais. Sabemos e entendemos que estamos em uma bolha e que temos que sempre tentar caminhar para furar e chegar um pouco mais longe. Existe uma diversidade no projeto, mas acreditamos que ela deveria ser ainda maior e que precisamos continuar em busca disso sempre.

 

Como tem sido o feedback dos seguidores do site?
Temos um bom número de seguidores e que sempre estão interagindo com a gente via DM ou em outras plataformas. Ficamos felizes que as pessoas se sentem confortáveis em se abrirem com a gente e dividem suas histórias, para nós essa confiança é o mais importante.

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Quais são os próximos projetos?
Ainda não temos nada planejado, no último ano focamos mais em outros projetos profissionais ligados a nossa produtora de vídeo e menos no Chicos. Mas ainda queremos realizar muitas atividades com ele, conversamos muito sobre um segundo livro ou um documentário.

E uma exposição? Têm planos?
Nosso projeto é muito ligado ao universo digital, por termos realizado registro em tantas diferentes cidades. Acreditamos que uma exposição seria incrível, mas ainda não está nos nossos planos atuais.

Algum feedback internacional, digo de internautas ou mesmo mídia de outros países?
Recebemos esse feedback internacional principalmente quando fizemos a campanha de financiamento coletivo do nosso livro, tivemos apoio de pessoas em quase 20 países. Além disso, nosso projeto já foi público em uma revista alemã e em diversos blogs/sites, principalmente na Europa, inclusive no dezanove.

Já recebemos alguns emails de seguidores portugueses e seria um prazer visitar Portugal para conhecer novos chicos e outras vivências. Esperamos ir o quanto antes para ouvir e realizar esses registros.

 

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Como estão a viver estes tempos de pandemia? Como é que isso está afetando o vosso quotidiano e o vosso trabalho?

Nossos trabalhos e projetos foram todos adiados ou cancelados por conta do distanciamento social. Então, nós dois resolvemos lidar com a situação de forma bem diferente, o Fábio resolveu produzir. Criou uma nota fase do projeto autoral dele, Mira, e está gravando, editando, conversando com muitas pessoas para desenvolver um novo material. Eu segui a linha oposto, resolvi usar esse tempo como um privilégio para a pausa, tirei esse quase já um mês em quarentena para ler, ver alguns filmes que gostaria e curtir o tempo. Não sabemos como serão os próximos meses, estamos vivendo um dia após o outro.

 

André Araújo, jornalista e consultor de turismo. Colaborador do dezanove.pt a partir do Brasil

 

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