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MCDJ: "Temos de continuar a provar que somos "tão" boas ou "melhores" do que os homens"

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Mariana de Carvalho adoptou o nickname de MCDJ, tem 27 anos e é natural da Marinha Grande. É DJ e não foram os seus 1,66m de altura que a impediram de alcançar o pódio das melhores festas de música. É actualmente DJ nas festas Society e está nomeada para marcar presença num importante festival do grupo Matinée em Barcelona. É a única portuguesa a concurso para ir tocar à festa La Leche.

Nesta entrevista falamos pouco da sua vida pessoal como Mariana e demos destaque à sua vida profissional como MCDJ.

A título pessoal Mariana gosta de se vestir de preto dos pés à cabeça e é viciada no Instagram (onde as preferências recaem em comida e cães). Já ​MCDJ dá cartas em festas enquanto DJ, é a responsável pelas festas Intima Party, onde também é DJ residente. Conhece  um pouco mais sobre esta última faceta aqui:

 

dezanove: Como começaste a tua carreira de DJ?

Mariana de Carvalho (MCDJ): Comecei há dez anos, inscrevi-me num curso de DJ para ter ​conhecimentos ​técnicos e teóricos para   ​desenvolver as minhas capacidades para vinil, CD's e ​formatos ​digita​is​. ​

Comprei o material que necessitava​ e​ a partir daí​,​ comecei a passar música em bares e discotecas da zona de Leiria e Marinha Grande​. Passado algum tempo comecei a organizar as minhas próprias festas em Lisboa​, Porto e por toda a zona centro​.​ ​

 

Foi fácil vingar em Portugal?

Não é propriamente fácil. Aliás, todos os dias temos que lutar bastante para nos mantermos onde estamos e ainda mais para chegarmos aos nossos objectivos. Ando há dez anos a trabalhar para chegar onde estou e ainda não alcancei tudo o que desejava. Infelizmente o panorama musical em Portugal é muito complicado, há poucas oportunidades para tantos talentos. Está mais do que provado que é fácil alcançar visibilidade em Portugal. O mais difícil é nos mantermos em cima no nosso país. O "mercado" parece não se importar com a qualidade dos profissionais da música hoje em dia. Não se importam com os milhares de "pregos" bem dados nas pistas de dança, ou a selecção musical oferecida por parte dos responsáveis pela animação. Resumindo, não é fácil ser reconhecido e valorizado em Portugal. ​

 

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Existe preconceito em relação às carreiras femininas de DJ?

​As mulheres são um bónus na cabine por todos os motivos e mais alguns. O mais triste é terem de continuar a provar que são "tão" boas ou "melhores" do que os homens. Acredito que falta produção feminina que tenha tanto sucesso quanto as produções musicais feitas por homens. Aí sim, teremos tanta visibilidade e sucesso quanto eles. A visibilidade e o sucesso trazem respeito. 

 

És neste momento DJ habitual nas festas de mulheres Society organizadas pela discoteca Trumps. Como surgiu este convite?

O convite surgiu da parte da Zara Pinto, responsável pela Society, o qual ​aceitei de imediato. Admiro bastante todo o trabalho que a Zara tem vindo a desenvolver, acredita​ndo​ em mim, reconhece​ndo​ o meu trabalho​,​ talento e ​a ​d​ando-me ​a ​liberdade para ser eu​ mesma​. Existia uma grande lacuna nos eventos lésbicos e graças à Society estamos a marcar posição em Portugal e no estrangeiro. Desde que "reformei" o conceito Intima Party, ao fim de 13 edições em seis anos,  onde para além de produtora era a DJ residente, sentia que os restantes eventos lésbicos em Lisboa estavam viciados e algo cansados, portanto unir forças com a Society foi renovador e um excelente desafio para mim. ​

 

Esta visibilidade permitiu-te ser finalista do concurso DJ da Matinée que está a decorrer.  Queres deixar um apelo aos teus fãs?

É um dos meus objectivos enquanto DJ, chegar a um evento da Matinée e partilhar a cabine com alguns dos melhores DJs e produtores da house music. A minha experiência adquirida, principalmente nos últimos anos, permite-me estar muito melhor preparada para enfrentar este desafio, felizmente fui seleccionada para a final e gostaria imenso de poder representar Portugal lá fora, visto ser a única DJ portuguesa no concurso. ​O meu único apelo é: VOTEM! Juntos levamos a nossa bandeira mais longe! ​[Link para votar aqui]

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No teu entender existe apreço pela música electrónica em Portugal?

Sim, bastante! Até a música pimba é electrónica hoje em dia! (risos) Nos últimos tempos houve um "boom" nos estilos musicais electrónicos, principalmente EDM, comercial, house e techno, já existe música electrónica para todos os gostos e ainda bem. 

 

Se pudesses mudar algo neste âmbito, o que mudarias?

Tentava arranjar espaço para todos os DJs poderem tocar o que gostam e com o que realmente se identificam. Os DJs ainda não são devidamente respeitados e valorizados, todos juntos deveríamos mudar isso, devíamos nos fazer valer, ser pagos justamente e não estragar o mercado, infelizmente a culpa não é só dos responsáveis pelos bares, clubes e eventos.  Em relação às editoras, apostava mais nas produções nacionais, faz-se muito boa música electrónica em Portugal, mas os seus produtores não conseguem viver dela.  Acredito na regulamentação do sector, na organização para um melhor futuro para os profissionais da música de dança. Infelizmente os contratantes não se importam muito com a experiência de um DJ profissional, mas sim com o valor que pretendem gastar.​ 

 

Quem são as tuas inspirações? Com quem gostarias de vir a colaborar um dia e partilhar o DJ set? 

As minhas inspirações de quando comecei a tocar e​ram​ sem​ dúvida​, os suspeitos do costume,​ DJ Vibe, Chus & Ceballos e as nossas DJs mulheres portuguesas (Lady M, Miss Pink e Rita Zukt), com o fácil acesso a mais DJs e produtores internacionais, inspiro-me bastante no Offer Nissim, é um verdadeiro animal de palco, gostaria de partilhar a cabine com ele, mas principalmente gostaria de estar nas cabines dos grandes festivais de música electrónica pelo mundo.

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Dentro do teu estilo musical, o que gostavas de ver alterado em Portugal?

Apesar de se fazer muito boa house music as pessoas ainda estão muito reticentes e difíceis de educar. No que me diz respeito a mim, tento sempre dar a conhecer outras tendências, mostrar algo diferente, não é fácil mas não vou desistir. Sozinha não posso mudar o mundo, se os clubes e eventos investissem mais neste estilo musical sem dúvida que poderíamos chegar todos muito mais longe.

 

Ouve sets da MCDJ em:

https://hearthis.at/mcdj/ 

https://soundcloud.com/mcdjofficial

www.mcdj.pt

 

Entrevista de Paulo Monteiro

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