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Nem na mata se encontram histórias assim

“Vivemos um vaivém de emoções, ora radiantes com as conquistas, ora incrédulas com a crueldade de quem insistiu em discriminar-nos”

Mariana Matias Marta Maria.jpg

O que nós gostamos de contar histórias de amor e com finais felizes, e, por isso, os nomes Marta, Mariana e o pequeno Matias já não são uma novidade aqui no dezanove.pt. Aliás, o pequeno Matias bate o nosso recorde do mais jovem de sempre a aparecer no dezanove.

E por duas vezes. Na verdade, ele não disse uma única palavra, mas por ele, o discurso das suas mães transparecia e multiplicava-se em afectos e reivindicações de igualdade. Hoje, três anos depois, temos mais um sorriso a acrescentar a esta história de amor incondicional: o da pequenina Maria Mar. Desde a passada terça-feira que as emoções desta família são vividas de forma diferente. Com mais segurança e protecção legal. Sabe mais sobre como esta família de M’s viveu os momentos deste processo de adopção.

 

Marta e Mariana têm 38 e 40 anos e são mães, mulheres e curiosamente ambas são professoras de surdos. O Matias e a Maria Mar têm 3 anos e um mês, respectivamente, e são crianças como todas as outras.

 

Como viveram os constantes reveses e adiamentos da lei finalmente publicada dia 1 de Março?

Marta e Mariana: Vivemos um vaivém de emoções, ora radiantes com as conquistas, ora incrédulas com a crueldade de quem insistiu em discriminar-nos. Mas nunca, nunca, perdemos a esperança. E a paciência.

 

Isso afectou a vossa família de que forma?

De modo nenhum. A vida continua. Os miúdos crescem rápido e o nosso dia-a-dia nunca foi fora do normal.

Em que momento surgiu a vossa decisão de terem filhos?

Desde sempre. Era algo que ambas queríamos e, quando começámos a construir a nossa vida em conjunto, tratámos apenas de concretizar esse desejo. 

 

Podem explicar sucintamente esse processo?

Começámos por tentar da forma mais acessível, junto de amigos e depois decidimos que seria melhor investir num projecto apenas a duas mães, sem terceiras pessoas. A partir daí, foi só escolher a cidade, que tinha de ser necessariamente fora do país e escolhemos Barcelona.

Fizemos três inseminações artificiais cada uma sem sucesso. Depois eu fiz uma fertilização in vitro e nasceu o Matias. A Marta fez mais três fertilizações in vitro e finalmente nasceu a Maria Mar. começámos a tentar em 2006, este tempo todo foi para ir poupando para os tratamentos...

 

Conseguem transmitir em palavras o que sentiram quando as votações foram positivas e perceberam que não havia volta atrás na igualdade?

Uma felicidade imensa, um grande alívio e muita pressa em mudar logo os cartões de cidadão dos nossos filhos.

Matias e Maria do Mar.jpg

Maria Mar e Matias

 

O que fizeram dia 1 de Março? 

Já tínhamos telefonado para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no dia 29 a pedir informações sobre o processo. De imediato enviaram-nos um mail com tudo o que era necessário. O dia 1 foi para reunir a documentação e o dia 2 para ir ao centro de saúde.

 

Como correu a ida à SCML? Como foram recebidas?

Só conseguimos ir à SCML no dia 3 para dar entrada do processo. Fomos muito bem recebidas, como qualquer outro casal.

 

O que ficou ainda pendente neste processo de candidatura à adopção do Matias e da Maria por parte de cada uma de vocês?

A Marta irá adoptar o Matias de três anos e eu a Maria Mar de um mês.

Daqui a uma ou duas semanas chamam-nos para uma entrevista de "avaliação".

 

Para quando está prevista a decisão?

Disseram-nos que este tipo de processo, a adopção do filho biológico do cônjuge, demora no máximo três meses.

 

Têm sido contactadas por mais famílias em situações semelhantes? 

Sim.

 

Que conselhos lhes têm dado?

Passamos a informação que já temos. À medida que vamos desbravando caminho, abrindo portas, vamos partilhando essa experiência.

 

Têm alguma ideia do número de pessoas que beneficiam deste avanço legislativo?

Não fazemos ideia, mas acreditamos que sejam muitas.

 

Conseguiram realizar um sonho...

Conseguimos ver reconhecido um direito. O sonho já o tínhamos realizado quando engravidámos.

 

E agora?

Agora gostávamos de adoptar uma criança em conjunto.

 

 

Entrevista de Paulo Monteiro