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Dina põe fim à carreira mas antes disso há concertos para festejar (com vídeo)

Aos 59 anos, Dina decidiu pôr fim à carreira musical. No entanto, haverá em Lisboa (22 de Março no São Luiz) e no Porto (24 de Março no Rivoli) concertos de celebração da obra da cantora, que é considerada a primeira compositora feminina portuguesa e que marcou a canção portuguesa desde o final dos anos 70.

Desde o início da carreira que Dina se afirmou como um ícone lésbico. Deu vários concertos no Memorial (em Lisboa) nos anos 80 e 90, então uma discoteca muito popular entre o público feminino. A afirmação pública da sua homossexualidade ocorreu já na década passada. Dina sofre há dez anos de fibrose pulmonar, que lhe reduz a respiração em 70 por cento e não lhe permite continuar a dar concertos.

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Os espectáculos do Porto e Lisboa revisitam na íntegra o primeiro álbum de Dina, intitulado “Dinamite” de 1982, com oito canções. As músicas serão interpretadas por Ana Bacalhau (Deolinda), B Fachada, Best Youth, D’alva, Da Chick, Márcia, Mitó (A Naifa), Samuel Úria e Tochapestana. Serão interpretadas mais 12 canções, lançadas entre 1980 e 2000 e escolhidas ao gosto dos artistas convidados.

Ondina Veloso nasceu em Carregal do Sal. Mudou-se para Lisboa e aos 23 anos estreia-se no Festival da Canção com “Guardado em Mim”. Em 1983 lança a música “Pérola, Rosa, Verde, Limão e Marfim” para a novela Vila Faia. Em 1992 volta ao festival da canção de onde sai com o primeiro lugar com o tema “Amor de Água Fresca”. Em 2001 é a vez de outro êxito: “Que é de ti” para a novela Filha do Mar, com letra de Ana Zanatti.

3 Comentários

  • Filipe

    Nunca teve carreira que se destacasse em Portugal. Foi quase uma «one hit wonder». O mercado é pequeno, apenas 10 milhões de almas, voltado para dentro e muito permeável ao que vem de fora (ao contrário do vizinho mercado espanhol, que valoriza muito mais a música espanhola que a importada). Cedo foi «abandonada» pela TV e pelas rádios. Merecia melhor sorte, era uma boa artista. Sem um mercado discográfico da língua portuguesa, a vida continuará difícil para os nossos artistas. Os brasileiros vêm cá vender milhares e milhares de discos, e a encher concertos. Os angolanos também. Mas os nossos artistas não têm qualquer expressão no Brasil e isso é imperdoável. Boa sorte para a Dina… e para todos os artistas portugueses. Com o talento que têm, teriam outra sorte se houvessem nascido para lá da fronteira do Caia.

  • João

    Os brasileiros e os angolanos vendem porque têm um estilo próprio. É o samba, o swingueira, o axé, o kizomba, o kuduro. Os artistas portugueses e a música nacional não têm alma nem o seu próprio estilo. Copiam os outros. Hoje, copiam os cantores e os estilos latinos ou anglo-saxónicos. Soa a falso, a piroso. Somos um povo muito aborrecido, sem “salero”, sem alma. Até o fado teve de acrescentar uma sonoridade andaluza com a Amália. Basta ir ao Museu do Fado para perceber que havia um fado pré- e pós-Amália, e que o que hoje chamamos de fado é música “Amália”, muito mais mouro/andaluzo na forma de cantar. Foi a forma de vender o fado aos franceses e pelo mundo. Acrescentou-se alma e um pouco de exotismo. O fado era uma musiquinha tosca, de um povo rude e provinciano. De música ou de interesse, tinha muito pouco. Passou a exótico, a romântico e a poético com uma Amália mais andaluza. Só assim conseguiu atravessar fronteiras, e ainda hoje é a única música portuguesa que vende lá fora. Porque nem é portuguesa, é um produto estrangeiro através da construção de Amália. E ainda hoje vê-se artistas do “novo fado” como Marisa ou Ana Moura a acrescentarem sons africanos e latinos para que o fado seja mais atractivo e cool. É o album “Terra”, o “Mundo” ou o “Moura”. Quanto mais mestiço e menos português, mais vende. Os artistas portugueses não têm expressão no Brasil porque não levam nada de novo ou de diferente. Portugal e a cultura portuguesa não tem qualquer interesse. A triste verdade é essa.

  • Filipe

    Infelizmente muito do que diz é verdade. Contudo temos excelentes excepções a esse quadro. Os Amor Electro, Rodrigo Leão, Heróis do Mar, Sétima Legião, Madredeus, Zeca Afonso…

    O Fado, parece-me, foi imposto como estilo musical nacional pelo Estado Novo, que também tentou dinamizar os ranchos folclóricos. Contudo ficaram esquecidos instrumentos e estilos locais como os adufes, flauta ou gaitas-de-foles que foram depois recuperados pelos Sétima Legião ou pelo Fausto. O fado é na realidade um estilo urbano saído de Lisboa e com uma ramificação nos estudantes de Coimbra.

    O nosso maior artista pop do século XX, o Marco Paulo, fez vida a cantar versões de músicas de outros artistas, muitas delas mal produzidas e com uma sonoridade já fora de época.

    O mesmo sucede nas telenovelas portuguesas. Adaptam com frequência textos de telenovelas da América Latina em vez de criarem produtos originais.

    Para concluir, o nosso mercado é muito pequeno para todos aqueles que querem ser artistas. Se não tiverem acesso ao mercado da língua portuguesa e ao mercado europeu, tudo continuará como tem estado até agora.