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Portugal é visto como um exemplo de progresso quando falamos de direitos LGBTQIA+. Apesar das leis que garantem igualdade, a realidade no terreno pinta um quadro diferente, especialmente quando o tema é saúde. Não basta aprovar legislação. É preciso que ela funcione para as pessoas. 

 

A verdade é que muitas pessoas LGBTQIA+ evitam procurar cuidados médicos. Não por falta de necessidade, mas por receio de serem discriminadas ou mal compreendidas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, esta é a comunidade que menos frequenta os sistemas de saúde. Em Portugal, o cenário é agravado pelos problemas crónicos do SNS: tempos de espera intermináveis, falta de recursos e uma preocupante ausência de formação sobre as especificidades desta população. O resultado? Cuidados ineficazes, desigualdades perpetuadas e, muitas vezes, um abandono completo do sistema de saúde.

Temos de fazer melhor. A saúde preventiva é um luxo; é uma necessidade, um direito. Para prevenir doenças, melhorar vidas e poupar custos a longo prazo, o investimento nesta área é crucial. Associações como o GAT (Grupo de Ativistas em Tratamentos) têm feito um trabalho notável para preencher as lacunas do sistema público, oferecendo apoio especializado à comunidade LGBTQIA+ e imigrante. Mas estas associações não podem continuar a depender exclusivamente da boa vontade de partidos ou de donativos. Elas merecem ser parte integral de uma estratégia nacional.

Uma parceria estratégica entre o SNS e estas associações poderia aliviar a pressão sobre o sistema público, optimizar recursos e garantir cuidados mais personalizados e eficazes. O impacto de um canal de encaminhamento directo entre os centros de saúde e estas associações seria um verdadeiro avanço para um sistema que tantas vezes falha onde mais importa. Não obstante, recorrer às associações especializadas para ajudar na solução não retira a necessidade de garantirmos uma formação de profissionais de saúde mais inclusiva e também direccionada para as comunidades minoritárias. 

Portugal tem a oportunidade de liderar. Não apenas nas leis que aprova, mas nas vidas que transforma. Promover cuidados de saúde que respeitem e incluam a comunidade LGBTQIA+ não é apenas uma questão de justiça – é uma questão de humanidade.

Não basta querer ajudar, é preciso saber como. Portugal tem a oportunidade de liderar. Não apenas nas leis que aprova, mas nas vidas que transforma. Promover cuidados de saúde que respeitem e incluam a comunidade LGBTQIA+ não é apenas uma questão de justiça – é uma questão de humanidade. Já fizemos progressos importantes, mas está na hora de fazer mais. Porque, no fim, a saúde deve ser para todos, sem excepção.

 

João Miguel Miranda