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Abusos sexuais: vítimas estão em crise

Quebrar o Silêncio violência sexual

As notícias relacionadas com os abusos sexuais na igreja estão a deixar vítimas em crise. A associação Quebrar o Silêncio registou, a semana passada, um aumento dos pedidos de apoio relacionados com os casos de abuso sexual no contexto da igreja.

“São homens que foram vítimas de violência sexual na infância e que não conseguem ter um momento de paz, pois são constantemente confrontados com notícias de abuso sexual. Para estas vítimas é um constante reviver das suas próprias histórias”, refere  Ângelo Fernandes, fundador da associação.

Os homens que, no passado, já haviam procurado o apoio psicológico da Quebrar o Silêncio partilham o mesmo sentimento. “Os homens referem que estes são momentos muito difíceis de gerir devido à enorme exposição mediática. Observamos a intensificação das consequências geradas pelo trauma do abuso sexual, como o aumento de pensamentos e memórias indesejadas do abuso, flashbacks, aumento da ansiedade, angústia e tristeza, entre outras”, indica o presidente da Quebrar o Silêncio. “Mesmo quando as vítimas decidem não ver mais notícias, o tema está tão presente no contexto do seu trabalho ou mesmo nas suas próprias casas, que não há como fugir ou ter um momento de paz.”


Reforçar o apoio disponível para as vítimas
Para combater esta situação e para que nenhuma vítima fique sem apoio, a Quebrar o Silêncio apela a que se sejam colocados os contactos das organizações de apoio especializado às vítimas de violência sexual nas notícias sobre abusos sexuais. “A maioria das vítimas não partilha a sua história de abuso por vergonha, por medo da reação das outras pessoas, entre muitos outros motivos, e nestes momentos mediáticos acabam por gerir tudo isto em segredo. Do nosso ponto de vista, é importante que as notícias incluam, em nota de rodapé, os contactos das associações de apoio especializado para vítimas de violência sexual. A inclusão destes contactos, como se faz com temas como o suicídio, é fundamental para que as vítimas, que desconhecem estas respostas, tenham oportunidade de dar o primeiro passo para procurarem ajuda, quando se sentirem preparadas.” avança  Ângelo Fernandes.


Aumento da prescrição dos crimes sexuais
Em 2021 a Quebrar o Silêncio e a Associação de Mulheres Contra a Violência colaboraram na redação de uma proposta para aumentar o prazo de prescrição dos crimes sexuais contra crianças. As organizações pretendiam alargar o prazo da prescrição para 15 anos após a vítima atingir os 35 anos de idade, ou seja, até aos 50 anos de idade da vítima. A proposta foi aprovada na Assembleia da República em outubro de 2021, mas o processo legislativo acabou por ele próprio prescrever com a queda do anterior Governo.
“Com a desocultação do cenário dantesco exposto pela Comissão Independente, a Quebrar o Silêncio acredita que esta é uma nova oportunidade para fazer progredir a lei portuguesa em conformidade com vários países que têm avançado nestas matérias. O Reino Unido, Islândia, Canadá, Nova Zelândia e Austrália não têm limite para a denúncia de crimes sexuais contra menores. Mesmo nos países onde os há, os prazos são bastante mais alargados do que acontece em Portugal. É o caso da Alemanha, em que o prazo é de 20 anos quando a vítima atinge os 30 anos de idade — ou seja, pode denunciar até aos 50 anos de idade. Em Portugal, o prazo é de apenas 5 anos após a vítima menor atingir a maioridade, ou seja, até aos 23 anos de idade. Se considerarmos que a maioria das pessoas abusadas sexualmente na infância demora mais de 20 ou 30 anos a partilhar a sua história de abuso, este prazo não é suficiente e não respeita o tempo das vítimas.”

 

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:
Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
Linha de apoio: 910 846 589
Email: apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
Linha de apoio: 213 802 165
Email: ca@amcv.org.pt
Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
Linha de apoio: 914 736 078
Email: eir.centro@gmail.com