Acto de vandalismo LGBTIfóbico no 1º Évora Pride
O ataque, que constitui um evidente acção de intimidação, está já a ser investigado pelas autoridades. A organização do Évora Pride e a Câmara Municipal de Évora condenam este acto «abominável» e afirmam a manutenção de todas as iniciativas previstas.
A exposição em causa foi inaugurada na última terça-feira e deveria ficar instalada na Igreja de São Vicente, de propriedade municipal, até ao final do mês. Com as obras exibidas pretendia-se mostrar «a dualidade que é comportar amor quando se recebe ódio em troca», aludindo, claro, à situação de opressão diária em que vivem as pessoas LGBTQIA+. O acto de hoje é disso a mais viva demonstração. A organização do Évora Pride publicou esta tarde um comunicado e algumas fotografias onde é visível a absoluta destruição das obras expostas:
«Se há coisa que esta ação demonstra é que este trabalho agora começado é necessário. A luta contra a [LGBTIfobia] e todas as formas de discurso de ócio é urgente, válida, e começa agora! O Évora Pride chegou para ficar nesta cidade, e contra todo o ódio estamos aqui para continuar a espalhar AMOR e LIBERDADE», lê-se no comunicado.
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A uma rádio local, Rolando Galhardas, da comissão organizadora, contou que durante a invasão os três homens fizeram refém o funcionário municipal que se encontrava no local, agredindo-o verbalmente, coagindo e ameaçando. O vice-presidente da autarquia Alexandre Varela descreveu este caso como «abominável», condenando veementemente as «tentativas de sobreposição, dominação e intolerância» que violam direitos fundamentais previstos na Constituição Portuguesa. A associação da autarquia com o Évora Pride insere-se no actual Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação.
A PSP esteve no local mas a investigação passará agora para a alçada da Polícia Judiciária, «tendo em conta a natureza dos ilícitos criminais», referiu ainda Alexandre Varela. As redes sociais do Évora Pride têm igualmente sido alvo de vários insultos LGBTIfóbicos e ameaças aos seus representantes, algo que também deverá ser tido em devida conta pelas autoridades. Alguns elementos do Partido Chega têm usado as suas contas no Twitter para partilhar discurso de ódio contra o evento e os seus participantes.
Também a Câmara Municipal de Évora condenou este acto de vandalismo e mostrou solidariedade para com a organização do Évora Pride:
Não obstante a manifestação de violência de hoje, os responsáveis informam que «todas as actividades do Évora Pride irão decorrer dentro da normalidade, conforme estão planeadas», como se lê em comunicado. O evento é organizado pelos colectivos Comissão Évora Pride, Sociedade Harmonia Eborense, Núcleo Feminista de Évora e Associação Évora Queer, em co-organização com a Câmara Municipal de Évora. A primeira Marcha do Orgulho LGBTQIA+ da cidade acontece amanhã às 18h, com início na Praça do Giraldo. Depois do ataque de hoje, o apelo partilhado há pouco ganha ainda mais urgência: «Aliem-se a nós! Vamos mostrar que existimos, estamos, somos humanos, pessoas, e continuaremos a lugar por uma sociedade mais justa para todes!».
Pedro Leitão