Esta quarta-feira, 3 de Dezembro, António Variações completaria 70 anos. Natural do concelho de Amares (distrito de Braga), Variações foi uma figura marcante da cena musical da década de 80. Bastaram-lhe duas edições discográficas (“Anjo da Guarda” e “Dar e Receber”) para se afirmar como o primeiro ícone pop moderno que Portugal viu nascer. Como o próprio dizia, as suas influências musicais estavam “entre Braga e Nova Iorque”.
Para assinalar a data, a Rádio Universitária do Minho preparou para esta quarta-feira uma emissão especial entre as 7h e as 21h dedicada a António Variações. Haverá depoimentos ao longo do dia, para além de uma conversa em directo e aberta ao público no cabeleireiro e espaço cultural Pedro Remy (Braga) com Lurdes Ribeiro (irmã de António Variações), Manuela Gonzaga (autora da biografia “António Variações: Entre Braga e Nova Iorque”), Albertino José Ribeiro Gonçalves (director do departamento de Sociologia da Universidade do Minho) e António Costa (dos Ermo). Sérgio Xavier irá moderar este encontro. Os depoimentos estão a cargo de Júlio Isidro, Vítor Rua, Adolfo Luxúria, Manuela Azevedo, Hélder Fonseca, Ana Bacalhau, Henrique Amaro, David Ferreira, Lena D’Água, Vitor Belanciano, Nuno Galopim, entre outros.
A 19 de Dezembro, na BlackBox do edifício GNRation, também em Braga, será a vez de ser apresentado o espectáculo de homenagem “Quero é Viver”, que resulta de uma parceria com o serviço educativo da Fundação Casa da Música. O espectáculo será protagonizado por alunos da CERCI Braga e da Escola de Música Sondart. Os bilhetes custam 9 euros.
2 Comentários
David
O António Variações trabalhava o ano todo para se poder ausentar todos os meses de Agosto.
O seu destino preferido era Nova Iorque, era lá que se divirtia e vivia o que não podia em Lisboa e também onde se inspirava.
Teve o azar de ser precisamente nessa altura que Nova Iorque era a meca dos gays nos finais dos anos 70 e príncipio dos anos 80, era uma época de muita liberdade sexual, alcançada com muito esforço pela comunidade LGBT.
Havia inúmeros locais de engate, os principais situavam-se em todo o Central Park e perto do rio Hudson na zona conhecida por Meat Market ” um mercado de carne que à noite se transformava num ponto de encontro da comunidade gay e também os famosos cais abandonados Pier 51″; para além disto haviam as tradicionais saunas, discotecas e as drogas associadas.
Este foi um dos maiores centros epidémicos de HIV na América para além de São Francisco e Los Angeles.
Em Nova Iorque a população que frequentou estes locais e levou um estilo de vida de muitas saídas à noite acompanhadas de drogas, sítios de engate, e as famosas saunas, praticamente ninguém está vivo hoje para contar como eram realmente as coisas; (graças a deus ainda há sobreviventes desta altura com relatos feitos públicos).
É importante situarmo-nos na época, em finais de 70 e meados de 80 não se falava em sexo seguro, tudo se curava com uma injecção, e na população gay 99% não usava preservativo, o sexo ao natural e livre foi conquistado com muito afinço e pôr uma borracha no assunto era completamente inadmissível.
Foi esta Nova Iorque com que António Variações se apaixonou, tenho a certeza que se estivesse vivo ainda hoje faria as suas viagen a NY.
Paulo
Muito Obrigado pelo acrescimo de informacao.Apesar de nao sabermos a resposta do Variacoes,acredito que essa liberdade foi muito marcante para ele, ate pq dizia que se nao pratica.se o acto sexual,ficava neurotico.