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Bissexualidade em debate no “Você na TV” (com vídeo)

Na última quarta-feira, o tema de uma rubrica do programa “Você na TV” (TVI) foi dedicado à bissexualidade. Em estúdio estavam o psicólogo Quintino Aires e a escritora Luísa Castel-Branco.

O ponto de partida do programa foi a análise de um estudo que refere que 80 por cento da população é bissexual.  O programa contou com um vox pop em que se perguntava a pessoas na rua o que era ser bissexual. Quintino Aires esclareceu que a bissexualidade não era uma modernidade como foi afirmado por uma transeunte e explicou que não se podia afirmar que “não se é aquilo que se desconhece”.

Noutro vox pop a questão efectuada foi: “Namoraria com um bissexual?” A maioria dos entrevistados respondeu que não. Várias respostas passaram por desinformados “ciúmes” e receios da “ambiguidade”.  Mais uma vez, Quintino Aires esclareceu que ser bissexual não significa ir para a cama com os dois sexos ao mesmo tempo. O mesmo especialista referiu que a sexualidade não é definida pelo código genético.

Por último, Luísa Castel-Branco trouxe ainda a debate a ideia, muitas vezes veiculada publicamente, que lobo frontal dos homossexuais seria diferente. Quintino Aires indicou que essa teoria não tem justificação científica.

O vídeo do programa pode ser visto aqui.

8 Comentários

  • André Oliveira

    Independentemente da opinião desse colega psicólogo, cada vez mais os estudos científicos recentes têm vindo a inclinar-se para uma explicação biológica e genética da orientação sexual. Os principais focos que apoiam estas teorias é a existência de diferentes orientações sexuais no reino animal e a concordância estatística da orientação sexual de gémeos monozigóticos (gémeos verdadeiros) numa proporção muito maior do que as dos dizigóticos (falsos). E sim, a parte do lobo frontal também consta em muitos artigos embora como ele tenha referido não há ainda uma conclusão cientifica unânime.

  • Médico

    Conheço muitos desses estudos pois na faculdade tive oportunidade de ler alguns mas fica sempre a pergunta: como se explica a homossexualidade e a bissexualidade de percentagens elevadas da população masculina em tribos e povos estudados pela Antropologia no século XIX e na primeira metade do século XX? Penso por exemplo nas tribos da Papua Nova-Guiné ou do deserto do Egipto. Como se explica a vivência da homossexualidade e da bissexualidade entre os Celtas, na Grécia Antiga, em Roma ou nas tribos do Novo Mundo?

    A sexualidade humana é demasiado complexa para ser explicada apenas por «meia dúzia» de estudos científicos. É preciso olhar para a História, Antropologia ou Sociologia. Para além disso muitos desses estudos estão desactualizados face a novos conceitos que surgiram na Génetica Médica nos últimos dois a três anos. Afinal, os genes que transportamos podem não ser determinantes, mas o que de facto faz toda a diferença é o «ambiente» que interage com esses genes: clima, alimentação, ambiente bioquímico intra-uterino, emoções, estilos de vida, hábitos de sono, microbioma…

  • Ben Nevins

    Mas nenhum dos envolvidos referiu os últimos dados no campo da Investigação Ciêntifica, aTeoria Epigenética da Homosexualidade.
    Neste caso, tem que ver como in utero o feto está sujeito aos diversos andrógenos, ou seja às hormonads sexuais, durante o período de gestação.
    Embora sejam os andrógenos a determinar o desenvolvimento das caracteristicas fisicas referentes ao género, a exposição ao andrógenos é também determinantes na orientação sexual.
    Isto está cientificamente provado, e em constante desenvolvimento, através de investigação feita ao longo de décadas, não é pura expeculação, ao contrário do que foi feito no programa.
    Desde a homosexualidade, passando pela bisexualidade, até à heterosexualidade e transexualidade, esta investigação trata.
    Do lado da genética pura, ficou provado que estes processos in utero , ocorrem ente elementos da mesma família genética.
    Ou seja, na mesma família, este processo ocorre com o passar dos genes à prole. Por isso é que na mesma família, exisrem tios, primos e até irmãos que são homossexuais. O mesmo acontecendo com a heterosexualidade.
    Mas aqui, à mesma, a Ciência diz que os casos de homosexulidade, são uma minoria. E o mesmo, também, com a bisexualidade e a transexualidade.
    Algo, que de alguma forma, descredibiliza tal estudo, especialmente se se basear em simples questionário. A população em questão é determinante. E uma experiêcia sexual, qualquer que seja, não determina a orientação sexual.
    Talvez, se possa, sim, estudar nesse estudo, as Mentalidades.
    Pois, algumas pessoas, poderão, de alguma forma, num certo ponto da sua vida, estar abertos à perpectiva de a sua sexualidade ser mais fluída. Mas isso não determina necessáriamente a sua sexualidade por sí.
    O programa, pelo contrário, só permitiu que a pop , pela sua vox , manifestasse o seu preconceito e intolerância à diferênça.
    Outra vez, não serviu mais, que à expeculação livre e não fundamentada de dados sem a devida interpretação cientifica necessária.

  • André Oliveira

    Estes estudos são recentes tendo eu utilizado-os para a minha tese de mestrado. Não refiro que o ambiente não tenha importância mas se esta fosse primordial não se verificava a discrepância entre gémeos monozigóticos e gémeos dizigóticos que viveram exatamente no mesmo ambiente. Além disso os animais não são influênciados pelas mesmas questões ambientais que nós como a cultura e a influência social e mesmo assim podem ser homossexuais.

  • André Oliveira

    Além do mais, a homossexualidade, a bissexualidade e a heterossexualidade são orientações sexuais presentes em todas as épocas históricas e encontradas em todas as culturas atualmente. Se este fenómeno estivesse profundamente ligado a quaisquer condicionantes ambientais e, dada a extrema variedade de ambientes onde os seres humanos vivem, encontraríamos sem dúvida focos populacionais ou histórico onde alguma destas orientações seria inexistente. Mais uma vez, não removo na totalidade a importância ambiental mas o desejo, a atracão e a sexualidade é algo de tal forma instintivo e em comum com os restantes animais (principalmente mamíferos) que não tem como não ser biologicamente determinado. Além disso as explicações ambientais abrem portas para alegar que determinadas formas de “educar” ou a exposição a determinando ambientes podem ditar a orientação sexual da criança. Por fim dentro de um grupo, digamos os/as homossexuais, existem tantas variedade de educações e exposições a diferentes tipos de clima, alimentação, emoções, estilos de vida, hábitos de sono e etc que não se torna possível encontrar correlações entre os sujeitos. Acredito que o ambiente molde a forma como expressamos a orientação sexual mas não a determinação da mesma.

  • Amigo

    A memória fetal me parece ser o fator mais determinante na sexualidade: numa época em que o Ultrassom para saber o gênero da criança nem era cogitado, minha mãe sempre quis gerar filhas. Um dos meus irmãos tem essa memória fetal bem latente, em que adora fazer limpeza da residência desde adolescente e aquela atração forte por homem (em ser penetrado)! Já eu quando “manuseava” meu pênis, desde criança, em que muitos psicólogos se referem como descobrindo a genitália, era uma espécie de masturbação, isto porque, realizava como contrariedade por tê-lo! Contemplo a beleza dos corpos, Independente do gênero, mas minha primeira ejaculação (adolescência de fato) se deu pela atração que as pernas de colega de escola me despertaram! Aos 20 anos tive minha primeira relação com homem e, o que ele comentou depois da relação foi que nunca havia penetrado um cara com corpo tão viril: pelos, voz grossa, trabalhador de carregar resmas de papel impressas das máquinas off-set e encardernar: trabalho pesado! Depois de dia de trabalho, desse “nivel”, estava “recebendo” ele!