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Mortes Trans Brasil

Os dados do relatório anual de 2022 efetuado pela ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) revela-nos que o Brasil é, pelo 14º ano consecutivo, o país com maior número de homicídio de pessoas transgénero.

 

Isabella Yanka é apenas uma das vidas ceifadas por este crime de ódio - no dia 30 de Julho de 2022, foi morta, em Ceilândia, no Distrito Federal. Tinha saído duma festa e o seu homicida, provavelmente, aproveitou-se do seu estado de embriaguez. Foram precisos quatro dias para que a polícia civil prendesse um homem de 27 anos, que se declarou culpado. A sua identidade, porém, foi protegida pelos investigadores e assim permanece.

Segundo o relatório da ANTRA, 131 pessoas trans foram mortas o ano passado e a maioria das pessoas tinha entre 18 e 29 anos. A esperança média de vida para a comunidade trans, no Brasil, é de 35 anos. Apesar destas tristes revelações, a taxa é 6% menor do que em 2021.

Pernambuco foi o estado onde se verificam mais homicídios de pessoas trans e São Paulo ficou em segundo lugar, porém, não podemos esquecer que é o estado que historicamente conta com mais vítimas trans até hoje. O Nordeste é a região brasileira que conta com mais assassinatos.

O relatório revela-nos ainda mais um detalhe terrível, mas não desconhecido para quem é trans: a maioria dos crimes ocorrem à noite e têm como alvo pessoas que se prostituem. 

Os dados foram divulgados na passada Quinta-feira, com o documento a ser entregue ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. O Dia da Visibilidade Trans foi celebrado este Domingo (no Brasil), dia 29 de Janeiro. 

Sem esquecer ainda que, a seguir ao Brasil, o México e os Estados Unidos são os países responsáveis pela maior quantidade de homicídios de pessoas trans. Segundo o projecto Trans Murder Monitoring, o Brasil foi o país que acumulou 37,5% das mortes mundiais, entre Janeiro de 2008 e Setembro de 2022. No mesmo período de tempo, os EUA acumularam 14% e o México 8%. A análise mostra ainda que, em 2022, 95% dos assassinatos foram a mulheres trans e 65% das vitimas eram pessoas não brancas.

No início deste mês, foi criada uma secretaria especial LGBTQ+, pelo governo de Lula da Silva. A titular da pasta é Symmy Larrat, ex-presidente da ABLGT. Articulam, junto ao Ministério da Justiça, projectos de protecção e inclusão da população trans.

Por Isabella e por todas as vidas trans que se perderam e perdem diariamente, não devemos esquecer que ainda há muito a fazer.

 

Maria Raposo