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Carluz Belo: "Pretendo acima de tudo prestar tributo às vítimas de homofobia, bullying e crimes de ódio"

Foto do Clipe PASSOS NO ESCURO 2.jpg

Carluz Belo apresenta o vídeo oficial do tema "Passos No Escuro". Esta "Oração da Memória LGBTI+" é dedicada a todas as vítimas de homofobia, cujas histórias de amor não chegaram a ser vividas. Tal como os músicos avançam com "Passos No Escuro", sem saber onde o seu caminho os poderá levar, também a Comunidade LGBT avança corajosamente para fora do armário, mesmo sem saber se haverá a cada dia, uma aceitação plena da sua identidade por parte da sociedade.

 

 

dezanove: Este novo single Passos No Escuro do álbum Menino da Praia, fala-nos de um contexto muito próprio e até mesmo pessoal. Podes explicar-nos melhor?

Carluz Belo: Este tema é a minha Oração da Memória LGBTI+, um Hino Ao Amor e contra a homofobia. A ideia de “Passos No Escuro” tem a ver com caminharmos sem rede, seguirmos os nossos instintos, paixões e desejos, mesmo sem sabermos como será o dia de amanhã ou qual a reação dos outros. É preciso coragem para ser-se músico, viver-se da arte. Da mesma forma, é preciso coragem, sempre que dois rapazes dão a mão ou se beijam nas ruas da sua vila ou cidade. Quero acima de tudo homenagear gerações LGBTI+ anteriores, que vivenciaram experiências de maior sofrimento a nível social. Apesar da evolução dos tempos, ainda hoje há muitas vítimas de homofobia, em Portugal e sobretudo no resto do mundo.

 

"É preciso coragem, sempre que dois rapazes dão a mão ou se beijam nas ruas da sua vila ou cidade. Quero acima de tudo homenagear gerações LGBTI+ anteriores, que vivenciaram experiências de maior sofrimento a nível social. Apesar da evolução dos tempos, ainda hoje há muitas vítimas de homofobia, em Portugal"

 

As vítimas de homofobia são, infelizmente, casos de todos os dias. Apesar de a nossa sociedade já ter evoluído no sentido correcto, há ainda muito para fazer. Concordas? O que achas que pode ser feito? Não apenas de uma forma individual, mas mesmo colectiva/governamental.

Portugal e a maior parte dos países da União Europeia estão no caminho certo. Há que continuar a celebrar o que já foi conquistado, mas devemos manter um olhar atento aos possíveis retrocessos civilizacionais, que teimam em ficar a espreita, mesmo cá na Europa. No resto do mundo existem ainda muitas leis punitivas para gays, lésbicas e transexuais. É preciso fazer pressão internacional para erradicar essas leis em países extremistas e sobretudo fomentar a mudança de mentalidades em todo o lado. Podemos sempre melhorar um bocadinho o que se passa a nossa rua, dando a nossa opinião, não nos abstendo em situações de preconceito e discriminação... Não só quando se trata de homofobia, mas também de racismo, machismo e todas as formas de violência física e emocional.

 

Defines este tema como uma “Oração da Memória LGBTI+”. O que queres dizer com isso? Com essa definição?

Para mim esta canção é uma prece. A primeira faixa do disco chama-se “Aproxima-Te” e tem samples retirados da filmagem de um cântico de igreja, no dia da minha primeira comunhão. E o disco fecha com “Passos No Escuro”, esta oração criada por mim de raiz. Com ela pretendo acima de tudo prestar tributo às vítimas de homofobia, bullying e crimes de ódio. Quantas vidas terão sido interrompidas devido a este tipo de violência? Quantas histórias de amor terão ficado por viver? É preciso cuidar destas feridas no nosso imaginário colectivo enquanto comunidade. Produzir este vídeo com a realizadora Mariana Vasconcelos foi a melhor forma de dar corpo e visibilidade a uma dessas possíveis histórias, retratando o surgimento do afeto romântico entre dois rapazes, na natureza.

 

Sentes que na sociedade portuguesa ainda existe muito preconceito para com a comunidade LGBTI+?

Na última década houve avanços políticos significativos, não só com a extensão da lei do casamento aos casais do mesmo sexo, mas também com o reconhecimento de um maior número de possibilidades de exercer a parentalidade. Acho que a salvaguarda destes direitos vem também potenciar a abertura de mentalidade, a aceitação da diferença e uma verdadeira inclusão, digna e respeitadora. Ainda assim, a homofobia continua a assumir velhas formas, como por exemplo o bullying nas escolas. Penso que a educação continua a ser a chave para erradicarmos de vez o preconceito nas gerações vindouras. Há várias associações no terreno que têm exercido um papel crucial com jovens, famílias e escolas: a rede ex aequo, a AMPLOS, a Casa Qui e, de uma forma mais lata, a ILGA Portugal, entre outras.

Foto do Clipe PASSOS NO ESCURO 1.jpg

 

Este Passos No Escuro é o último single a sair de Menino da Praia. Já estás a pensar em novos temas, novo álbum?

Como Menino da Praia foi trabalhado durante tantos anos, acabei por ir compondo muitas outras coisas, que têm todo o potencial para fazer parte de um segundo álbum. Tenho imenso material em bruto, para começar a ser depurado aos poucos, tanto na letra, como na música. Essa é de facto uma das fases mais divertidas e libertadoras neste ofício da música. Mas para já, o meu foco é a preparação dos espetáculos ao vivo para continuar a celebrar este Menino da Praia.  

 

Para quando a apresentação em concerto do disco Menino da Praia?

Devido ao surgimento da pandemia que ainda estamos a atravessar, houve um grande atraso na marcação de concertos e suspensão de espectáculos que já tinham sido agendados. Apesar disso, muito em breve surgirá a divulgação das primeiras datas, já para o primeiro semestre de 2022. Estou muito ansioso por experienciar a partilha deste álbum com o público e trazer uma nova vida a cada canção, com o contributo dos músicos que me vão acompanhar ao vivo. Fiquem atentos!