Miguel Mocho Alcaide preparava-se para ser padrinho de crisma este Sábado na Igreja da Praia de Mira (distrito de Coimbra), mas na véspera recebeu uma chamada telefónica a informá-lo que, por ser gay e estar casado com outro homem, não reunia as condições para tal.
Este caso demonstra que, apesar da recente abertura demonstrada pelo Papa Francisco às pessoas homossexuais e divorciadas, as barreiras para participar nos sacramentos da Igreja mantêm-se. No caso do crisma, qualquer pessoa casada pelo civil, seja membro de um casal do mesmo sexo ou de sexo diferente, não pode ser apadrinhar. Miguel Mocho Alcaide disse ao dezanove que a cerimónia conta com cerca 40 adolescentes que serão crismados pelo que “de certeza que vão lá estar pessoas [padrinhos] nessas condições [casadas pelo civil]”.
Miguel Mocho Alcaide tinha sido convidado por um adolescente da obra de Frei Gil para que fosse seu padrinho de crisma, pelo que entregou o único documento solicitado: o certificado que provava que tinha sido também crismado. Como não conhece pessoalmente o padre, sustenta que terá sido alguém “a denunciá-lo” de forma a que fosse impedido de ser padrinho.
“Recebi um telefonema de uma funcionária da obra do Frei Gil, muito triste e indignada e sem jeito sobre como devia dar-me a notícia de que o senhor padre não autorizava que eu fosse o padrinho porque sou gay e casado publicamente com outro homem”, relatou.
Apesar deste episódio Miguel Mocho Alcaide assegura que estará na “igreja para ser padrinho do jovem. Não serei padrinho de assinatura,mas serei padrinho de coração”. Miguel Mocho Alcaide, de 45 anos, está casado desde Junho de 2014.
Rui Oliveira Marques
11 Comentários
Anónimo
A hipocrisia da igreja cristã!Quantos estarão na mesma condição sem o tornarem publico?Pois…mas nesse caso está tudo bem.😏😏Lamentável.
Anónimo
Inaceitável isto.
A igreja cada vez mais retrógrada e sem conseguir acompanhar os novos tempos.
Anónimo
É por estas e por outras que cada vez me incomoda menos o facto de não estar “amarrado” a qualquer religião. Acredito profundamente que há uma força maior que nos cria, nos conduz e nos acolhe, seja qual for o nome que lhe queiram dar…
Maria
Tudo isso é lamentável… Esteja na igreja e afirme a sua posição.. A madrinha da minha filha mais nova, também não o pode ser porque vivia em pecado (união de facto) mas se for um filho da p… mas que seja casado ai já pode ser… Fiz questão que estivesse presente… não fiz convite a mais ninguém. A teresa é para todos os efeitos a madrinha da minha filha.
anonimo
os justos sao punidos como foi jesus cristo os impunes vao para a frente do altar para ficarem lindos na fotografia para bom entendedor meia palavra vasta
Aníbal Liberal Neves
Felizmente há muitos sacerdotes, bispos e cardeais para quem isto é um não-problema. A solução não está na saída da Igreja Católica, mas em permanecer dentro da mesma e lutar pela mudança. É o caso da comunidade “CaDiv-Caminhar na Diversidade”, do Porto , uma comunidade de católicos lgbt, que realiza as suas atividades na Paróquia de Nossa Senhora da Boavista e que nela está integrada. Outros exemplos existem em vários países europeus, a Ichthys Cristianxs lgtbh de Sevilla em Espanha, a Cammini di Speranza, em Itália, bem como nos USA com a New Ways Ministryy, a “Diversidade Pastoral de São Paulo”, no Brasil, ou a Pastoral de la Diversidad Sexual Padis+, no Chile. Todas estas comunidades trabalham dentro da Igreja para que, pouco a pouco, essas situações se vão alterando. Como diz o adágio: Roma e Pavia não se fizeram num dia. Há que ter esperança e dar tempo ao tempo!
António Veríssimo
As diferenças politicas, religiosas, sexuais e outras não podem servir para qualquer forma de discriminação. Contra a discriminação, marchar, marchar.
Anónimo
No entanto as bichas homofóbicas que por aqui comentam com frequência meteram-se do lado da Igreja Católica quando o BE fez um cartaz que apenas ofendia homofóbicos.
Anónimo
Cartaz esse que foi alvo de um pedido de desculpa aos Portugueses pelas dirigentes do BE…
Quando se ressuscita uma coisa e se faz figura d’urso…
Anónimo
Tinha que vir a bicha de direita com o ódio anti-BE. Os direitolos ladram e a caravana passa.
Anónimo
A igreja é que precisa de pedir desculpa pela homofobia. Figura de urso faz você.