praia 19

Cavaco Silva considera que discussão do casamento gay serviu para “iludir os cidadãos”

O prefácio do Presidente da República no livro de intervenções “Roteiros VI”, que reúne os discursos do último ano, está a gerar alguma controvérsia. No centro da discussão tem estado a passagem em que Cavaco Silva critica José Sócrates por não ter sido “previamente informado sobre o conteúdo ou sequer da existência do PEC IV”.

 

“Tratou-se de uma falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa democracia. O Presidente da República, nos termos constitucionais, deve ser informado acerca de assuntos respeitantes à condução da política interna e externa do País”, considera Cavaco Silva.

 

No entanto, o mesmo prefácio tem uma referência à discussão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O Presidente da República considera que alertou, por várias vezes, para a necessidade de corrigir as políticas do país, o que evitaria a situação em que as finanças públicas estão agora mergulhadas. “Ao invés, preferiu desviar-se as atenções dos Portugueses para polémicas e controvérsias, abrindo ‘questões fracturantes’ que tinham como propósito marcar a agenda política e mediática e, assim, iludir os cidadãos sobre as opções essenciais que o País devia ter tomado no tempo certo”. O Presidente diz que não se deixou “enredar nessa estratégia, mesmo sabendo que daí poderiam decorrer custos políticos, que assumi frontalmente em nome da ética da responsabilidade. Os que me acusam de calculismo e de eleitoralismo devem hoje, graças ao distanciamento temporal que já existe, fazer uma avaliação serena da minha atitude e reconhecer os erros cometidos”.

 

Recorde-se que após as eleições legislativas de 2009, uma das primeiras propostas que o então executivo de José Sócrates levou à Assembleia da República foi precisamente o alargamento do casamento civil a casais de pessoas do mesmo sexo.

 

 

4 Comentários

  • Sara

    Que raio de conversa… Aprovar o casamento gay não lhe desviaria a atenção da situação económica do país, se ele quisesse mesmo ter atenção nela. Rídiculo foi o discurso que fez durante a aprovação, e que pelos vistos se mantém ainda neste prefácio.

  • Ricardo Duarte

    Por esta e por outras não votei nele nem nunca votarei em criatura tão preconceitoosa e desatualizada.

  • Daniela

    Não li o prefácio, mas concordo em parte com as afirmações que aqui citam.

    Não me interpretem mal, fiquei muito contente com a aprovação do casamento e o discurso do PR entristeceu-me e irritou-me pela homofobia que carregava.

    Mas ele está a referir-se à manipulação mediática que caracterizou o governo do Sócrates, e aí dou-lhe razão. Acham mesmo que ele trouxe o casamento a discussão por ter um coração bondoso e para acabar com uma discriminação de longa data? Se as suas razões fossem puras já o tinha aprovado quando foi proposto pelo BE, em vez de obrigar o PS em peso a votar contra!

    Fiquei muito contente com a aprovação do casamento, mas que foi usado como arma política, foi.

  • Maria

    Não deixa de ser verdade… Mas o que é mesmo mau é que ao centrar o seu discurso novamente nesta questão, o PR faz a mesma manipulação política que Sócrates fez, só que de uma forma ainda pior… desta vez a manipulação não pode resultar na aquisição de direitos por parte de uma minoria – pelo contrário, resulta num discurso de ódio sobre as populações LGBT e na culpabilização deste segmento da população, que é tão culpado pela crise económica quanto a restante população. Há uns tempos houve um outro ser-vivo que a partir do seu ódio culpabilizou um segmento de população como forma de manipular as massas, e contribui para um dos maiores massacres da história da humanidade. Ainda bem que Cavaco Silva não tem tanto poder!