Consumir drogas ou álcool, de uma forma recreativa, acontece com muita frequência, pois desinibe muitos indivíduos, mesmo nas relações sexuais, mas o chemsex é usado especificamente para as relações sexuais.  Muitos indivíduos são tímidos, têm falta de confiança em si mesmos e nos outros indivíduos, têm dúvidas, insegurança psicológica, sentimentos de culpa, e no caso de alguns homossexuais, homofobia internalizada. Embora o chemsex seja utilizado especificamente para as relações sexuais, para alguns indivíduos o chemsex dá-lhes também a oportunidade de conhecerem outras pessoas, tirando-lhes ou diminuindo-lhes a timidez não apenas sexual mas também social, pois o chemsex é também utilizado em grupo, como por exemplo em festas. 

No caso das relações sexuais propriamente ditas, o chemsex aumenta a líbido, e o resultado é uma experiência sexual muito mais intensa, aumenta a energia sexual e produz uma sensação de grande euforia. O efeito do chemsex não ocorre apenas durante o momento das relações sexuais, pois a energia e a euforia pode durar um ou dois dias inteiros, e em consequência disso alguns indivíduos, principalmente os jovens, envolvem-se em longas maratonas sexuais, disputando entre si as suas capacidades de alto desempenho sexual.

O chemsex não é a mesma coisa que os medicamentos para aumentar a potência sexual (Viagra, Cialis, Levitra, Spedra), nas pessoas mais velhas, pois estes são medicamentos devidamente testados e aprovados científicamente. Também não é a mesma coisa que os chamados Poppers, que é um químico mais leve, inalado, que poderá ter alguns efeitos negativos se for usado em excesso, e que também tem um efeito desinibidor e estimulante sexualmente. 

O Chemsex tem efeitos muito maiores, e que são muito perigosos para a saúde: a dependência de drogas; os distúrbios do sono, a indisposição, a depresão, e em certos casos pode levar os seus utilizadores a overdose, a um enfarte, e a estados de coma. O excesso de relaxamento da consciência e de desinibição, diminui a preocupação e os cuidados na protecção com o sexo, aumentando também o risco de se contrair infecções sexualmente transmissíveis. Os indivíduos que participam em festas sexuais correm mais esse risco, pois além do efeito químico do chemsex, a influência do grupo e a euforia provocada pela prória festa desinibe muitos indivíduos, o que também contribui para que se envolvam sexualmente com mais facilidade,  mas também se protejam menos das doenças sexualmente transmisiveis, pois muitos estão pouco ou nada conscientes do que estão a fazer, à semelhaça de uma pessoa alcoolizada.

O uso do chemsex é um grande risco para a saúde, sobretudo se for um uso continuado. Dado que o uso de drogas geralmente é viciante, muitos indivíduos acabam por se viciar no chemsex e prejudicar gravemente a sua saúde. Existe uma grande falta de informação sobre a prática do chemsex, que se está a alastrar muito nos tempos de hoje, sobretudo entre os jovens. Para os que não deixam de praticar o chemsex, aconselha-se o uso de preservativo, ou de tratamentos médicos preventivos, tais como o PREP, mas muitas vezes o efeito da droga do chemsex é demasiado intenso, o que faz com que muitos indivíduos se despreocupem em tomar os devidos cuidados. Estas observações não têm a ver com juízos de valor morais, mas sim com a necessidade de preservar a saúde, e não não apenas a saúde sexual, mas a saúde de todo o corpo humano.

Victor Correia (investigador, ensaísta e professor)