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Como foi o primeiro Arraial Pride

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28 de Junho de 1997. Ao final da tarde começou a chover torrencialmente em Lisboa e temeu-se que o primeiro Arraial Pride de Lisboa pudesse redundar num fiasco. Era a primeira vez que se realizava uma festa do Orgulho LGBT ao ar livre e a expectativa era muita. A chuva acabou por passar e a noite não podia ter corrido melhor.

arraial 1.pngO local escolhido foi a praça do Príncipe Real. “Não tivemos grande escolha: foi o local acordado pela ILGA e pela Câmara Municipal de Lisboa. Queríamos um lugar onde as pessoas se sentissem seguras e fosse dentro do território que habitualmente orbitavam. Houve também a preocupação de ter um lugar que não parecesse vazio se não aparecesse muita gente. Felizmente isso não aconteceu”, recorda ao dezanove Gonçalo Diniz, o primeiro presidente da ILGA Portugal e impulsionador da iniciativa.

foto 3.jpgHavia mesas de plástico, máquinas de cerveja, balões e luzes. Num pequeno palco decorreram números de animação, entre drag queens e uma actuação de Wanda Stuart, proporcionados pelos bares que participaram do evento. Trumps, 106, Água no Bico, Tattoo, Finalmente, Bric, Primas e Sétimo Céu foram alguns dos espaços nocturnos presentes.

4.png“Antes não havia arraiais gay, não havia nada, não havia festas exteriores, não havia nada, mesmo nada”, resume José Soares, responsável pelo bar 106 e que esteve presente no Arraial de 1997. “A  maior parte do público era gay. E havia também as pessoas da zona que queriam bisbilhotar, ver como é que era. Nesse dia tinham sido afixados papéis em posts com mensagens homofóbicas. Já não me lembro bem, mas acho não tinha o nome de ninguém. Entretanto, havia polícia à paisana e fardada, mas não se notava muito”, recorda José Soares. O propósito do Arraial era bastante simples: “A necessidade de criar um sentido comunitário e de as pessoas perderem a vergonha de identificar-se como uma pessoa LGBT”, prossegue Gonçalo Diniz.  E acrescenta: “O primeiro Arraial foi um sucesso. Apareceu muito mais gente do que esperávamos. Foi muito emocionante. Lembro-me da equipa de pessoas que se encarregou de decorar o jardim nas cores do arco-íris com bandeiras, balões e stands bastante básicos. O ambiente era de euforia e alguma trepidação”, resume o então presidente da ILGA.

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A comunicação social seguiu o evento de perto. O jornal Público fazia um resumo dos números de Lisboa face a outras cidades em que o Orgulho Gay tinha já tradição: “Dois mil em Lisboa, 300 mil em Paris e 500 mil em Nova Iorque”. Era o início de um encontro ao ar livre que vai repetir-se este Sábado, desta vez no Terreiro do Paço.

 

Imagens dos jornais A Capital, DN, Público e O Independente