dezanove.pt - Seu primeiro concerto em Lisboa já é nessa sexta (30), conta um pouco sobre como foi receber esse convite e quais são suas expectativas pra esse dia.

Davi - Foi tudo, porque depois desse período aí que a gente ficou parado, eu estava precisando mesmo levar o meu trabalho pra outros lugares, sabe? Estava sentindo essa necessidade de respirar um novo ar. Às vezes a gente fica muito preso numa coisa só e acaba não tendo a perspectiva de um outro lugar, de como funciona. Aqui em Portugal eu sinto realmente uma abertura pra algo que eu faço, não sei se é uma impressão minha, mas eu tenho percebido isso aqui. Ah, eu 'tô animado. Agora eu tenho novas músicas, 'né? Eu vou cantar algumas novas no show que não saíram ainda e eu tô tendo até dificuldade, porque eu tava montando um show hoje aqui e eu não sei o que cantar. Tô tentando fazer um monte de pot-pourri pra não deixar as músicas de fora, porque não vai dar tempo de cantar tudo.

O que você tá achando de Portugal até agora?

Eu não tive tanto tempo ainda de conhecer Portugal, mas eu tô gostando muito das pessoas que eu conheci aqui. As casas de show aqui são muito interessantes. Quando eu viajo eu reparo em muitas coisas. Eu gosto de viajar pra ver outras paisagens também, outros tipos de plantas. Mas é isso, tô poucos dias aqui ainda, não sei dizer muito bem assim, mas eu tô gostando daqui. Gosto de ir no mercado e comprar um grande pacote de bolacha da marca do mercado por 1 euro que vem 50 bolachas enormes [risos].

Você fez um show no Brasil com os meninos do Fado Bicha. De onde surgiu essa parceria?

Foi lá da Casa Natura mesmo, do Brasil, que queria fazer um show e aí eles acharam que combinava. Foi legal, eles foram lá em casa e a gente trocou figurinhas. Até deu mais vontade de vir pra Portugal. Foi bem assim: eles foram pra lá, a gente fez um show e eu pensei ‘uai, eles estão vindo pra cá, por que eu não vou pra lá também?’, aí logo depois surgiu o convite.

Além do Fado Bicha, tem algum artista de Portugal que você gostaria de colaborar?

Davi - Erika de Casier. Ela é meu sonho de feat aqui em Portugal. Vou mandar mensagem pra ela [risos].

O que você pode contar desse novo projeto que você vem trabalhando?

Vai ser uma mixtape. Eu chamo de mixtape porque ela não vai ser só um EP. Vai ser tudo conectado do início ao fim, então tem as faixas e tem as faixas entre as faixas, pra fazer uma história contadinha até o final. É um desejo meu de contar essa história, fazer uma ponte pro próximo trabalho e de fazer essas músicas mesmo. Essa mixtape ia ser de lo-fi, só que eu comecei a ficar muito agitado e falei ‘ih, não tô mais nessa vibe não, agora vou começar a fazer só coisa mais agitada, mais dançante, cada vez o bpm mais acelerado’. Eu tô nessa onda agora de colocar as coisas pra fora, sabe? Ritual (primeiro álbum de estúdio do Davi) é muito sentimento, muita sensação, muito de mim falando em relação ao outro. Os próximos trabalhos vão ser muito eu por mim, estou sempre falando sobre mim. Essa mixtape fala principalmente dessas questões minhas, da minha infância/adolescência fazendo um paralelo com a minha vida agora.

Pra finalizar, um conselho. Eu adoro essa parte de “Não Faz Diferença”: “fumei um pra te esquecer, mas só me fez lembrar você”. O que funciona para você quando você quer esquecer alguém?

Acho que quando a gente se valoriza de verdade mesmo e a gente gosta da gente, fica mais difícil a gente aceitar passar por situações que não são boas. Às vezes a pessoa tá presa, por exemplo, numa coisa que nem foi boa. Sofre por causa de uma pessoa e a coisa nem foi boa, ou seja, isso é falta de amor próprio, porque você fica caminhando em uma direção que não vale a pena. Eu já passei por isso. Hoje eu penso ‘eu gosto tanto de mim que eu não vou me sujeitar a passar por esse tipo de situação de novo, de sofrer tanto’. Quando você se valoriza mesmo, sempre a perda é do outro.

Detalhes sobre o Mil Lisboa, como a programação e a compra de bilhetes, podem ser encontrados no site oficial. 

Do Brasil, Luiz Garcia | @luizguilhermeng