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Demi Lovato assume-se pansexual e como parte da “máfia do alfabeto e com orgulho”

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Em entrevista ao podcast do comediante Joe Rogan, Demi Lovato respondeu a algumas questões sobre a sua sexualidade, assumindo-se como pansexual e acrescentando, num tom jocoso, que faz parte “da máfia do alfabeto [LGBTQI+] e com orgulho”.

Além de expressar como vive a sexualidade e como vê o seu futuro neste aspecto, a artista de 28 anos conta, igualmente, como e quando descobriu a sua orientação.

O termo pansexual popularizou-se após figuras públicas como Miley Cyrus, Kristen Stewart, Sia, Kesha e Janelle Monáe terem assumido publicamente a sua pansexualidade. Contudo, esta orientação sexual carece, ainda, de maior clarificação na sociedade em geral, ao mesmo tempo que permanece bastante ignorada dentro do movimento LGBTQI+. Apesar de persistir alguma confusão com a bissexualidade, a pansexualidade traduz-se na atracção sexual, física, emocional e/ou romântica por pessoas de todos os géneros e independentemente do género. Ser pansexual significa ser “cego ao género”, podendo incluir a atracção por homens e mulheres cisgénero e trans, pessoas não-binárias e queers.

Durante a conversa, Lovato confessou que a sua sexualidade “é muito fluida agora e uma parte da razão (...) é porque estive demasiado tempo no armário”.

Na sequência destas revelações, a artista abordou vários temas sensíveis, entre os quais uma infância complicada sob a religião cristã e no estado conservador do Texas, contando que “qualquer atracção por uma rapariga que eu pudesse ter, escondia-a antes de processar sequer o que estava a sentir”, sentimentos estes que lhe provocavam vergonha.

Em conversa com a revista Entertainment Weekly, e no seguimento do fim do noivado com Max Ehrich, Demi revela “sou demasiado gay para casar com um homem agora”, rematando com “sempre soube que era super queer, mas aceitei isso totalmente”.

Recentemente, a cantora sentiu-se pronta para partilhar as suas experiências de vida mais dramáticas e já lançou três partes do documentário “Dancing With The Devil” no YouTube, onde se debruça sobre os seus problemas com o abuso de substâncias e a subsequente overdose que a deixou entre a vida e a morte em 2018. A cantora confidencia, ainda, sobre os traumas sexuais vividos, sobretudo a agressão sexual da qual foi vítima horas antes da overdose. Aqui, Demi ocupa o seu lugar de fala e mostra-se empoderada ao narrar a sua verdade, numa nova fase da sua vida. O quarto e último episódio irá estrear dia 6 de Abril.

É de recordar que a cantora esteve em Portugal, pela primeira vez, em Junho de 2018. A artista cantou hits da sua carreira e emocionou o público com o tema "Sober" - tema que fala sobre os problemas da cantora com drogas, no qual pede desculpa à família, amigos e fãs pela sua recaída após seis anos de sobriedade -, depois do qual abandonou o palco sem se despedir dos fãs. Até ao presente não é conhecida nova data para uma próxima visita.

Segundo Rafaela Cardoso, responsável pela página de fãs “Demi Lovato Portugal”, no Facebook, esta revelação “é uma forma de outras pessoas se abrirem e não terem medo do que possam sentir ao revelarem a sua sexualidade'', acrescenta que “é uma forma de como a Demi ajuda os outros através da sua história e isso sempre foi o que eu mais admirei nela (...) vejo-a como uma inspiração, uma lutadora, é muito importante na minha vida de facto”.

A 2 de Abril estreou o videoclipe “Dancing with the Devil” (onde a cantora recria a noite em que sofreu a overdose em 2018), single do novo álbum “Dancing with the Devil…The Art of Starting Over”, lançado no mesmo dia. Segundo o responsável pela página do Twitter dedicada à cantora “Demi Lovato Portugal”, neste novo álbum "teremos outras músicas que demonstrarão este lado mais fluido da cantora, que continua a inspirar milhões de pessoas com a sua honestidade, não só neste tema, como em tantos outros.”

É de acrescentar que o disco serve como uma espécie de banda sonora não oficial do documentário, sendo que é acompanhado por parcerias com grandes nomes da música, como Ariana Grande e Noah Cyrus.

O acto por parte de figuras públicas de assumirem-se como pansexuais, uma identidade extremamente invisibilizada e, portanto, marginalizada, tem o potencial de produzir efeitos retumbantes na comunidade, permitindo uma maior visibilidade no espaço público, ocupando-o, e possibilitando que mais pessoas explorem a sua identidade e sexualidade e se sintam representadas. Porque do que não se fala, não existe e porque se tu podes vê-lo, podes sê-lo, a projecção das identidades LGBTQI+ no espaço mediático e por figuras admiradas e de renome dá voz e espelho a pessoas historicamente silenciadas que demandam respeito, legitimidade e uma imagem positiva da plenitude da sua identidade.

 

Mariana Vilhena Henriques com a colaboração de Guilherme Abreu