Deputada Sandra Cunha admite ser homossexual
É a primeira deputada mulher em Portugal a admitir abertamente a sua homossexualidade. Depois de Miguel Vale de Almeida e Alexandre Quintanilha, Sandra Cunha, eleita pelo Bloco de Esquerda, torna-se na primeira deputada lésbica que fala publicamente sobre a sua orientação sexual.
Num artigo do jornal Público dedicado às minorias no Parlamento português, a deputada justifica: “Não ando com um cartaz. As pessoas heterossexuais também não andam”. “A orientação sexual não é visível – como o género, a etnia ou algum tipo de deficiência ou handicap –, embora muita gente não a esconda”, diz também a socióloga eleita pelo círculo de Setúbal.
“Há mais gente no Parlamento que também não esconde a sua homossexualidade”, afiança Sandra Cunha ao mesmo jornal. "Fazem a sua vida. Alguns até partilham parte dela nas redes sociais, o que quebra a separação entre a esfera pública e a privada. Só não falam nisso com jornais, rádios ou televisões. [...] Podem, simplesmente, não querer falar na sua vida privada. Podem nunca ter sido questionados. “É deslocado estar a falar nisso, a não ser que haja uma entrevista em que isso é perguntado”, salienta. Fazê-lo, pelo menos para já, ainda implica sujeitar-se a ser alvo de notícia. E isso comporta riscos. "Há algumas reticências, porque a vida privada das figuras públicas é escrutinada e a revelação da sua vida privada não as implica só a elas, implica também as pessoas que a rodeiam, que fazem parte dos seus círculos de amizade ou das suas relações familiares” pode ler-se no mesmo artigo assinado por Ana Cristina Pereira.
Em 2016 a deputada bloquista justificava assim o cartaz em que Jesus aparecia para comemorar aprovação da lei da adopção: "não pretende ofender nem a Igreja nem a religião, mas é uma forma de “mostrar às pessoas” que “sempre existiram famílias diferentes” e que essa não é uma realidade “nova nem recente”.
Nos últimos anos a deputada tem sido presença frequente em inúmeros eventos pelos direitos das pessoas LGBT, integrando actualmente a Comissão dos Direitos, Liberdades e Garantias e a sub-Comissão para Igualdade e Não Discriminação.
Créditos da foto: Esquerda.net