Despido por uma questão de... Pride!
Países Baixos. 25 de Julho. Mais de 40 graus. Este fica registado como o dia mais quente na história dos Países Baixos. E isto a apenas uns dias do início da semana do Pride Amsterdam, o maior evento gay dos Países Baixos e um dos maiores do mundo.
O mundialmente famoso “Canal Parade”, que ocorre anualmente ao longo dos canais de Amesterdão, e que conta com 80 barcos e mais de meio milhão de espectadores, é o ponto alto da semana do Pride de Amesterdão, que, este ano, decorrerá entre 27 de Julho e 4 de Agosto. O tema escolhido para este ano foi “Remember the past, create the future” (Relembra o passado, cria o futuro), uma óbvia referência às demonstrações de Stonewall, que ocorreram há precisamente 50 anos e que marcam um ponto decisivo na história do movimento LGBTQ+.
Ao longo da semana, terão lugar diversos eventos, como é o caso da Pride Walk, das olimpíadas drag, exposições, filmes, concertos, sessões de esclarecimento, testes de DST e muitas, muitas festas por toda a cidade. Além dos eventos oficiais organizados pelos responsáveis pelo Pride Amsterdam, muitas empresas são solidárias com esta causa e lutam a nosso lado. Um bom exemplo disso é a Polette, uma conhecida marca de óculos, com a qual aceitei colaborar este ano. A marca decidiu convidar 6 indivíduos, eu incluído, a partilhar as suas experiências enquanto membros da comunidade LGBTQ+. Eu e os restantes 5 indivíduos aceitámos assim despir-nos emocionalmente para podermos partilhar as nossas experiências, mas também literalmente. Os 6 juntos, sem qualquer tipo de pudor, iremos despir-nos, ser completamente pintados com cores diferentes e formar uma bandeira arco-íris humana. Esta bandeira arco-íris humana caminhará, no dia 2 de Agosto, com início às 18h, da estação central de Amesterdão até à emblemática praça Dam, no centro histórico de Amesterdão. Fica já o convite para se juntarem a nós, na eventualidade de estarem a planear uma visita a Amesterdão nestas datas. Se não for o caso, poderão assistir ao documentário que está a ser preparado e que terei muito gosto em partilhar posteriormente.
Resta a questão: as celebrações do Gay Pride continuam a ser necessárias? De acordo com o mais recente relatório anual da ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais), 70 estados em todo o mundo continuam a criminalizar relações consensuais do mesmo sexo. Membros da comunidade LGBTQ+ continuam a ser demitidos pelo simples facto de serem diferentes, continuam a ter de pensar duas vezes antes de andar de mão dada com os seus parceiros em público, continuam a ter de planear as suas férias tomando em consideração que países devem ser evitados por razões de segurança, continuam a ter de passar pela desagradável experiência de ter de "sair do armário" para as suas famílias e amigos. Com base nestes factos, a resposta, pelo menos para mim, é óbvia: sim, continua a ser necessário!
Artigo da autoria de Miguel Martins, quarto qualificado no concurso Mister Senior Netherlands e vencedor nas categorias Favorito do Público e Melhor Talento