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Direcção-Geral da Saúde inclui todos os homens que tiveram sexo com homens na população com maior risco de VIH

A Direcção-Geral da Saúde pretende que o rastreio ao VIH seja realizado “de forma mais selectiva” seguindo uma lista de vários grupos populacionais e não de acordo com “comportamentos de risco”, como tem vindo a ser aconselhado pela Organização Mundial de Saúde. A intenção está presente na norma Prescrição Laboratorial do Teste Anticorpos Anti-Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), a que o dezanove.pt teve acesso, que a Direcção-Geral de Saúde colocou em discussão até 30 de Abril.

 

A lista de grupos populacionais a quem é proposto o rastreio é extensa e inclui homens que tiveram sexo com outros homens, mulheres parceiras de homens que tiveram sexo com outros homens, pessoas com história de utilização de drogas, reclusos, populações nómadas, sem abrigo e os utentes dos CAD (centros de aconselhamento e detecção do VIH). Este tipo de rastreio continua a ser voluntário. Segundo um profissional de saúde ouvido pelo dezanove.pt, “em todos estes casos onde se diz ‘tiveram sexo’ deveria dizer-se ‘tiveram comportamentos de risco’. Ou seja, o reforço nos ‘grupos de risco’ reforça a discriminação das populações vulneráveis, sobretudo se forem minorias, e reforça uma falsa segurança para quem não faz parte dos “grupos de risco”. Mais à frente no mesmo documento, é reforçada a questão dos grupos de risco, “entende-se como população de maior risco para a infecção por VIH os trabalhadores do sexo e seus parceiros, utilizadores de drogas, homens que têm sexo com homens, reclusos, populações móveis, migrantes e refugiados”, refere o documento.

 

Este é um dos tipos de rastreio propostos. No mesmo documento pode ler-se que o teste VIH deve ser efectuado, por rotina, por dadores de sangue, doentes em diálise, dadores e receptores de órgãos transplantados e doentes oncológicos. Além disso, é proposto o teste periódico, em várias situações, como pessoas com teste VIH indeterminado, pessoas com parceiro VIH positivo, homens que têm sexo com homens (se apresentarem quadro clínico compatível com infecção primária ou se mantiverem risco elevado de exposição ao VIH), utilizadores de drogas, trabalhadores do sexo ou pessoas sujeitas a violência sexual ou violação.

 

A norma em causa foi elaborada pelo Departamento da Qualidade na Saúde da Direcção-Geral da Saúde e pelo Conselho para Auditoria e Qualidade da Ordem dos Médicos.

 

Miguel Oliveira

 

12 Comentários

  • Anónimo

    Compreendo a alteração. A comunidade gay sofreu o suficiente com o politicamente correcto… os gays mais jovens precisam de compreender que são um grupo de risco e que o facto de serem gays com uma vida sexual activa coloca-os num risco substancialmente superior, comparado com um homem exclusivamente heterossexual e com um número de parceiras semelhante. É uma infelicidade mas é a realidade: o contágio no sexo anal é muito mais provável que no sexo vaginal.

    Só assim é que o tema do uso do preservativo voltará a estar presente na mente dos homossexuais, pois nos últimos anos o uso de protecção desceu. E há também que promover outras formas de viver a sexualidade para além do sexo anal penetrativo, pelo menos enquanto as relações não forem sólidas e duradouras.

    A melhor maneira de lutar contra o HIV/SIDA continua a ser a prevenção e para isso é necessário conhecer a população, os riscos relativos dos vários grupos e adaptar o discurso aos vários grupos conforme os riscos e comportamentos dos mesmos.

  • Fábio Soares

    Parece-me que estamos novamente a retroceder no tempo e a adoptar antigas expressões como é o caso dos “grupos de risco”, as quais já deveriam estar ultrapassadas e, acima de tudo, consolidadas na mente da população. Continuo a achar que NÃO existem “grupos de risco”, mas sim “comportamentos de risco”. Estamos, portanto, a entrar novamente no campo da discriminação e só falta com isto dizer que os homossexuais são os mais afectados pelo vírus HIV, o que não é verdade e para isso basta ver as recentes estatísticas, as quais apontam os heterossexuais como os mais afectados por esta doença catastrófica. É certo e sabido que a solução para combater o VIH está na prevenção e também é certo e sabido que esta continua a não ser muito usada, e porquê? Ora bem, fala-se de um discurso que não chega ao público-alvo e portanto que é preciso melhorá-lo e blá blá blá… Isso não é verdade de todo! O que há mais, hoje em dia, é informação sobre o VIH e há distribuição gratuita de preservativos nos Centros de Saúde e em vários eventos que se realizam ao longo do ano, por exemplo, concertos. Como é que a informação é insuficiente? Não é! As pessoas é que ainda não mudaram a sua mentalidade, continuam a achar que “só acontece aos outros” e que elas estão imunes, isso sim! É um pouco frio dizer isto, mas é preciso apanhar-se um susto para se aperceberem do risco que correm! É triste ver que estamos a retroceder e colocar homossexuais, tóxico-dependentes e prostitutas(os) todos no mesmo saco… Sim, façam isso e depois não se espantem com o aumento das percentagens nas próximas estatísticas!

  • Anónimo

    Nao existem “grupos de risco”, existem “comportamentos de risco”. O conceito dos “grupos de risco” so serve para discriminar e semear o preconceito, neste caso, homofobico.

  • Anónimo

    Anonimo das 24:04: Comentario bastante homofobico. 1) Homens que tem sexo com homens so serao “grupo de risco” se fizerem sexo desprotegido. Nao o sao simplesmente porque o seu parceiro e’ do mesmo sexo. 2) Sexo anal nao e’ um exclusivo de relacoes entre 2 homens. As mulheres tambem tem anus, que eu saiba. 3) “nos últimos anos o uso de protecção desceu”. Hello? Nao sei em que meio o Sr. Anonimo vive, deve ser no mundo da internet, onde, de facto, os atores porno nao usam preservativo. No mundo real nao e’ assim, porque 99% dos adultos sao conscientes e nao querem ser infectados com doencas, ou infectar outros, se as tem. 4) A solucao para o problema da transmissao do HIV por via sexual e’ a educacao sexual, nao a delimitacao de “grupos de risco”, que tem o efeito de diminuir o cuidado de quem nao se julgue incluido nesses “grupos”.

  • Anónimo

    Normal, infelizmente os homossexuais são na larga maioria seres promiscuos e sem sentimentos, que se deixam levar muito facilmente por actos futeis de sexo por sexo.

    Mas isso é lá com eles.

    O que acho triste, é cada vez mais se notar é em casais, em que um, gosta de ser infieis (virou moda a poligamia) e não se protegerem, contaminando o seu parceiro que realmente gostava dele.

    É triste mas é a verdade. E depois vêm dizer que não somos um grupo de risco, o que existe são comportamentos de risco… Tretas…

    Aprendam a ter sentimentos (coisa rara na comunidade gay a não ser sentimentos sexuais) que a coisa muda.

    Ah e tal, não tarda cai aqui a censura toda em cima de mim, temos pena, quem diz a verdade não merece castigo.

  • Fábio Soares

    O problema é que não estás a dizer a verdade, estás unicamente a basear-te em vivências diárias, quiçá em experiências pessoais ou estarei errado?! Isso tudo parece-me frustração, devido a um amor não correspondido…

    Epá se me viessem com argumentos plausíveis, baseados em dados científicos, estatísticas, tudo bem, agora argumentos como este dispensa-se… Cais no cliché de que os homossexuais são todos promíscuos, que só fazem sexo por fazer, blá blá blá… Tretas! Então e os heteros? São uns santinhos? Irrita-me mais a homofobia de um indivíduo gay para com outros com a mesma orientação, do que este artigo inútil!

  • Anónimo

    O problema mesmo é que estou a dizer a verdade. Se te sentes picado, bem, não entendo porquê! Quem não deve não teme.

    Queres mais estudos que o facto de a comunidade homossexual ter cada vez mais infectados com HIV?

    E para quê se desculpar as coisas com a sexualidade dos heterossexuais? Como disse, quem não deve não teme, e no que toca ao hiv nos heteros, estes realmente estão muito abaixo das homossexuais. Ai meu Deus porque será que as verdades doem tanto?

  • Anónimo

    Não sou homofóbico e vivo numa relação gay duradoura. Há que deixar de ser revoltado e politicamente correcto: os gays têm de agarrar o HIV/SIDA pelos cornos e assumirem que estão em maior risco de contágio que os pares heterossexuais. Há razões biológicas para que assim seja. Sim, é verdade que os hetero também têm sexo anal, mas não tanto como os gays.

    Estatísticas relevantes:
    http://www.sciencedaily.com/releases/2007/09/070913132930.htm
    In 2005, over half of new HIV infections diagnosed in the US were among gay men, and up to one in five gay men living in cities is thought to be HIV positive.
    Yet two large population surveys showed that most gay men had similar numbers of unprotected sexual partners per year as straight men and women.

    Apesar de toda a informação e da devastação na comunidade gay nos anos 80 e 90, continuamos a ser desproporcionadamente afectados nos novos casos de contágio. Isto tem não só razões sociológicas como também biológicas (em particular o sexo anal não protegido). Há que assimilar, assumir e controlar isto! No dia em que a desproporção desça substancialmente acredito que possamos novamente voltar a ser politicamente correctos. Agora não é esse momento, não vale a pena termos a cabeça na areia.

    Apesar dos homens que têm sexo com homens serem menos de 5% da população (de acordo com as estatísticas mais liberais – outras colocam-nos a cerca de 1-2% da população), estes perfazem cerca de 25% dos novos casos e com tendência a subir nos últimos anos.

    Aqui fica mais um estudo, não limitado ao HIV, que mostra que o risco relativo de HIV e sífilis nos homossexuais em Nova Iorque é 140 vezes superior que os heterossexuais na mesma cidade. É claro que são estatísticas estrangeiras, mas a realidade não deverá ser extremamente diferente cá. E não se esqueçam que são estatísticas/médias populacionais.

    http://www.thebody.com/content/64967/men-who-have-sex-with-men-have-a-140-fold-higher-r.html

    E para quem ainda tem dúvidas, aqui fica um estudo bastante extenso acerca da probabilidade relativa por acto sexual de infecção por HIV em função do tipo de acto e do (des)conhecimento do estado do parceiro.

    http://journals.lww.com/stdjournal/Fulltext/2002/01000/Estimates_of_the_Incidence_and_Prevalence_of.7.aspx

    Pode-se ver que o risco de infecção médio (mais uma vez, a nível populacional) nos gays é superior. Comparem por exemplo o gráfico do risco relativo no sexo oral receptivo (vulgo “fazer mamada”) em casais heterossexuais e homossexuais. nota: o sexo oral é bastante mais seguro que sexo anal. Há especialistas que atribuem o risco de sexo oral à existência outras DSTs em acumulação com problemas de saúde oral e alguns afirmam que, fora destes casos, o sexo oral é uma prática segura.

    Mais um só para dar seca:
    http://www.webmd.com/hiv-aids/news/20100923/1-in-5-gay-bi-men-have-hiv-nearly-half-dont-know

    O meu objectivo não é descriminar nem ser homofóbico (sou gay e com orgulho!). O meu objectivo é alertar apenas! Mas com base em informação científica e não no politicamente correcto. Milhares de pessoas são infectadas porque as campanhas não são suficientemente direccionadas para a sua realidade e para os seus hábitos.

    Em suma: sexo penetrativo, sempre com preservativo… excepções só em caso de confiança absoluta e só se estiverem numa relação sólida e duradoura. Vivam a vida com sexo e sejam felizes, mas tenham consciência dos riscos e de como podem minimizá-los. E façam o teste regularmente!!!

  • Anónimo

    Eu nao percebo isso….

    I-Norma
    …..

    “4) O teste VIH deverá ser realizado, com periodicidade definida (ver Tabelas 5 e 6, em Anexo) nas/nos:

    a) pessoas com teste VIH negativo, mas com exposição ocorrida durante o período de janela imunológica;
    b) pessoas com teste VIH indeterminado;
    c) pessoas com parceiro VIH positivo;
    d) homens que têm sexo com homens (anualmente ou mais frequentemente se apresentar quadro clínico compatível com infecção primária ou se mantiverem risco elevado de exposição ao VIH);
    e) utilizadores de drogas
    …..”

    Eu o que entendo é que a “norma” é pedir anualmente o teste sendo mais frequente se mantiverem risco elevado de exposição

    Mas, um utente com prática habitual de recorrer a prostituição, se as prostitutas fossem portuguesas e não sul-africanas -Suazilandia ou botsuana -(independentemente de utilizar ou não protecçao; coloco sul africa por alta incidencia -aprox25%-) não é “população de risco”

  • Joao

    Também concordo que o politicamente correcto está a provocar danos na saúde sexual dos LGBT.

    Temos de encontrar um ponto de equilíbrio entre os extremos “os homens homossexuais são todos promíscuos e fazem todos sexo anal, por isso são um grupo de risco devido à sua orientação” e “homossexuais e heterossexuais, bissexuais e assexuais, homens, mulheres, têm todos a mesma probabilidade de contrair HIV, somos todos iguais”.

    Ambos não correspondem à realidade.