Este é um dos resultados da última revisão do manual DSM-5, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que já não considera o Trastorno de Identidade de Género, escreveu o El Pais. A publicação, considerada a nova “bíblia” psiquiátrica, vai ver a luz do dia no próximo mês de Maio, mas as categorias e critérios da mesma já se encontram aprovadas pelo Conselho que esteve a rever a obra.
O DSM é elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), que mantém a “disforia de género”, isto é, a angústia de que sofre uma pessoa que não se encontra identificada com o seu sexo masculino ou feminino.
Este é um processo semelhante ao da normalização da homossexualidade cuja menção enquanto doença mental foi retirada deste manual em 1973. Apenas se manteve até 1986 o termo “homossexualidade egodistónica”, que significa a angústia de que padece um gay ou uma lésbica pelo facto de o ser.

O DSM existe há 60 anos e esta é a sua quinta revisão. É há seis décadas a mais importante ferramenta de trabalho para psiquiatras, psicólogos e outros especialistas no assunto. A revisão durou seis anos e contou com o trabalho de 1500 especialistas oriundos de 39 países e milhares de contributos online por parte de interessados.
No entanto, perante a OMS (Organização Mundial de Saúde), menos utilizada pelos profissionais, é mantido transtorno. Regra geral, a OMS segue a posteriori as orientações da APA.
No âmbito da campanha STOP Patologização 2012, foram várias nos últimos anos as manifestações públicas para que a transexualidade fosse retirada dos manuais psiquiátricos. Uma das últimas acções decorreu em Outubro último em Lisboa. (vídeo da acção abaixo).
2 Comentários
Lipstick
os meus parabéns a associações como as Panteras Rosa, ou o Grupo Transexual Portugal, que contra uma Ordem dos médicos talhante, uma associação ILGA contra a autonomia mental das pessoas trans e muitas associações que se calaram em prol do interesse financeiro, nunca baixaram os braços por esta causa.
Parabéns a jornalistas como o Nuno Ropio que nunca deixou de dar vóz a estas pessoas, inclusivé durante os prémios arco íris…
Parabéns aos que não se conformaram com uma lei de identidade de género fabricada por um partido que controla o associativismo LGBT, e pela qual todas e todos tinhamos de nos calar só porque a lei era melhor que em Espanha.
Mary
Não sejam ingénuos… O facto do DSM-V mudar o nome da patologia, não significa que ela deixe de lá estar, ou que mude os termos nos quais ela está lá. Os critérios da “Gender Dysphoria” no DSM-V são basicamente os mesmos que constavam na “Gender Identity Disorder” no DSM-IV. Nada muda, além, claro está, do nome… Não nos iludamos, pois esta batalha está perdida (mesmo que alguns nos estejam a fazer acreditar no contrário), mas a luta continua!