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Nem na mata se encontram histórias assim

Duas pessoas assassinadas num bar LGBTI de Bratislava num ataque neonazi

eslováquia

O suposto autor dos factos foi encontrado morto horas depois. Anteriormente, publicou um manifesto nas redes sociais onde justificava a acção e ameaçava judeus, migrantes e pessoas LGBTI.

Um homem armado terá assassinado a tiro duas pessoas que se encontravam num bar LGBTI de Bratislava, na Eslováquia, e terá deixado feridas outras pessoas. Os factos ocorreram esta quarta-feira, por volta das 19 horas. Juraj K., um estudante de 19 anos, tinha publicado momentos antes um manifesto nas suas redes sociais denominado “Um apelo às armas”, em que justificava o ataque e atacava as pessoas migrantes, judias e LGBTI:

“Todos sabemos quem são as principais pessoas responsáveis, cujas cabeças (e narizes) devem estar no limite, a quem culpar de toda esta confusão. A quem culpar pelo aumento descontrolado da imigração de pessoas não brancas na Europa e nos Estados Unidos. A quem culpar pelo aumento da degeneração, dos maricas, dos transexuais, o desvio em todas as formas. A quem culpar pela lavagem cerebral em massa do público, através dos media, jornais e agora também das redes sociais. A quem culpar por sermos escravos financeiramente. E, mais recentemente, a quem culpar por impulsionar uma forma de controlo social completo, para darmos a ideia de “passe de bom rapaz” e de que somos um bom gado obediente”.

O manifesto é composto por 65 páginas e é alegadamente similar ao que tornaram público terroristas neonazis como o norueguês Anders Breivik, autor do assassinato de 77 pessoas em 2011, o neozelandês Brenton Tarrant (citado no texto), que executou 51 pessoas numa mesquita de Christchurch em 2019. Na sua página inicial, o escrito do eslovaco contém o símbolo nazi do sol negro, ligado ao ocultismo nazi e usado habitualmente por neonazis de todo o mundo. O manifesto de Tarrant também tem uma primeira página similar e o neonazi que tentou assassinar a ex-presidente argentina Cristina Kirschner levava o símbolo tatuado. Este símbolo também fazia parte do logo do batalhão neonazi Azov que combate na Ucrânia.

O texto, abundante em declarações racistas, LGBTIfóbicas e a promover a violência, adverte para o suposto perigo que a raça branca está a correr e assinala um complô judio mundial que favorece as migrações e as misturas raciais. Esta conspiração é conhecida como a Teoria da Grande Substituição, utilizada nas suas múltiplas versões por políticos de extrema-direita. “Desde as Instituições multilaterais ou Governos como o espanhol, continua-se a promover a imigração massiva e desordenada com a desculpa de resolver o problema demográfico, apoiando uma verdadeira substituição geracional e populacional na Europa”, disse o eurodeputado do Vox, Jorge Buxadé, numa Conferência da Rede Europeia de Políticas Migratórias e Controlo das Fronteiras, integrada nas acções da extrema-direita europeia.

O suposto autor dos actos foi encontrado morto horas depois do atentado, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Segundo informação da BBC, foi identificado nos media eslovacos como filho de um ex-candidato de um partido de extrema-direita. A presidente Eslovaca, Zuzana Caputová, expressou a sua condenação ao atentado e apelou ao combate à discriminação e aos discursos de ódio contra a comunidade LGBTI: “Os meus pensamentos estão com as vítimas inocentes do tiroteio de ontem em Bratislava e com aqueles que não se sentem mais seguros depois disto”, afirmou.

 

Paula Monteiro