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Eduardo Pitta, o “Rapaz a Arder” deixa-nos aos 73 anos

eduardo pitta

Eduardo Pitta, poeta, romancista, ensaísta, crítico literário, o poeta que fez da escrita “homossexual” uma ferramenta de luta pela igualdade, faleceu na passada manhã desta terça-feira vítima de complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC).
Nascido em Lourenço Marques a 9 de Agosto de 1949, Eduardo Pitta estreia-se como poeta em 1974 tendo desde então publicado mais de dez livros de poesia, um romance, duas coletâneas de contos, quatro volumes de ensaio e crítica, duas recolhas de crónicas, dois diários de viagem e o livro de memórias "Um Rapaz a Arder" (2013). 
O autor de "Cidade Proibida", no seu ensaio "Fractura" (2003), considerado por Mark Sabine «the first history of Portuguese literary homosexuality», mostrava como a homossexualidade na literatura portuguesa contemporânea era desvalorizada e quase inexistente aquando comparada com os meios literários britânico e americano.
Tendo deixado poemas, contos e ensaios dispersos por revistas literárias de Portugal, Reino Unido, Brasil, Colômbia, Espanha, França e Estados Unidos, participado em congressos, seminários e festivais de poesia pela Europa e América Latina, o escritor deixa um legado significativo para a cultura literária portuguesa.
De forma a homenagear a sua vida e obra, prestando condolências ao marido de Pitta, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa evocou o autor através do site da Presidência da República:
 
“A sua própria poesia, culta, concisa, exata, por vezes agreste, tem como «marcas de água» (título de uma antologia de 1999) o fim do Império, o confessionalismo cifrado, as leis da atracção e a condição homossexual, à qual dedicou também um ensaio pioneiro, «Fractura» (2003), e uma convicta militância sócio-política. Ao seu marido apresento as minhas condolências.”
 
Eduardo Pitta casou-se em 2010 com Jorge Neves, seu companheiro desde 1972.
As cerimónias fúnebres de Eduardo Pitta decorrerão entre quinta e sexta-feira no Palácio Foz, na Praça dos Restauradores, em Lisboa:
 
Quinta-feira: 
17h30 às 23h – Velório no Palácio Foz, Praça dos Restauradores
 
Sexta-feira:
11h00 - Cerimónia no Palácio Foz
11h45 - Funeral
13h00 - Cremação no Cemitério dos Olivais
 
“Agora que temos um país
Agora que temos uma faca
Agora que temos uma flor.
Agora que tínhamos tempo
Agora que tínhamos espaço
Agora que tínhamos alento
Agora que tínhamos a certeza
Logo agora havias de partir.”
 
Eduardo Pitta (1949-2023)
 
 
Daniel Santos Morais é mestre em Sociologia pela Universidade de Coimbra. Feminista, LGBTQIA+, activista pelos Direitos Humanos. Partilha a sua vida entre Coimbra e Viseu. É administrador do site Leituras Queer.